Febre maculosa: conheça os riscos da doença que matou casal em SP
O casal Mariana Giordano, de 36 anos, e Douglas Costa, de 42, morreu por febre maculosa. Eles visitaram duas áreas rurais de Campinas, no interior do estado, além de Monte Verde, em Minas Gerais.
O Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, confirmou a causa das mortes. Primeiramente, Mariana informou que notou marcas de picada de inseto no corpo após voltar de Campinas. Depois, já em Monte Verde, distrito de Camanducaia, no Sul de Minas Gerais, os sintomas começaram a aparecer. Os dois foram internados no dia 7 de junho e morreram no dia seguinte, com diferença de poucas horas.
De acordo com a prefeitura de Camanducaia, próximo a cidade mineira, o casal não contraiu a febre maculosa no município, já que a doença fica incubada por até 14 dias. A Vigilância Epidemiológica de Jundiaí, onde o casal morava, notificou a prefeitura de Campinas sobre as mortes. Então, a cidade fez uma varredura em locais onde, provavelmente, o casal esteve durante a viagem para a cidade.
Leia mais: Picadas de insetos: como evitar as reações alérgicas mais comuns?
O que é a febre maculosa?
A febre maculosa é uma doença infecciosa causada por uma bactéria do gênero Rickettsia, transmitida pela picada do carrapato-estrela. No entanto, de acordo com Natalia Reis Fraga, infectologista, a bactéria causadora da doença pode albergar (abrigar) qualquer tipo de carrapato, inclusive o do cachorro.
Os primeiros casos de febre maculosa surgiram ainda na década de 1980, no interior do estado de São Paulo, nas regiões de Campinas, Piracicaba, Assis, em áreas mais periféricas da região metropolitana de São Paulo e no litoral, mas em uma versão mais branda. Os municípios de Campinas e Piracicaba são, hoje, os dois que apresentam o maior número de casos da doença.
Em 2023, o Brasil registrou 9 casos de febre maculosa e 3 óbitos. Ambas as versões são potencialmente letais e demandam atendimento rápido para o recebimento de antibiótico específico.
Quais são os sintomas da febre maculosa?
A doença, que provoca um quadro febril agudo, pode se apresentar de forma assintomática até em casos mais graves, com grandes chances de morte. Além disso, seus sintomas podem se confundir com outras doenças que causam febre alta.
“A doença causa febre, dor de cabeça, náuseas e vômitos, diarreia e dor abdominal, dor muscular intensa, manchas vermelhas pelo corpo e, em casos mais graves, paralisia dos membros, iniciando nas pernas até pulmão, provocando uma parada respiratória”, alerta a infectologista.
Febre maculosa: onde o casal contraiu a doença?
Ainda de acordo com as autoridades, o espaço com mais possibilidade de o casal ter contraído a doença é uma área privada no distrito de Joaquim Egídio, região onde há presença do carrapato estrela.
Assim, os responsáveis pelo espaço receberam uma notificação sobre a importância de informar os riscos de febre maculosa. Por isso, nos próximos dias, os técnicos do Departamento de Vigilância em Saúde vão fazer uma pesquisa para verificar como está a infestação de carrapatos na área.
Tratamento e prevenção
De acordo com Natalia, a febre maculosa é uma doença grave e pode matar, como aconteceu com o casal. Por isso, é fundamental fazer o diagnóstico precoce nos primeiros dias da doença. Assim, o risco de mortalidade diminui. O tratamento é com antibiótico. Em alguns casos, a pessoa poderá ser internada.
A melhor forma de prevenir a febre maculosa é evitar áreas infestadas por carrapatos, principalmente durante o período de maio a outubro.
Outras medidas de prevenção incluem a atenção redobrada durante atividades em áreas arborizadas, com alta vegetação e gramados, como trilhas, parques e fazendas. Por isso, a especialista recomenda o uso de repelentes, bem como roupas claras pode facilitar a visualização dos carrapatos. Além disso, sapatos fechados, camisas de manga longa e calças podem ajudar na prevenção.
Após as atividades que podem oferecer riscos, é fundamental verificar todo o corpo e remover os carrapatos que possam estar aderidos. A remoção deve ser feita com o uso de uma pinça, sem apertar ou esmagar. Então, deve-se lavar a região com água e sabão ou álcool. Além disso, utilizar água fervente para lavar as roupas. Em caso de surgimento de sintomas, os especialistas recomendam a procura por atendimento médico. “Quanto mais cedo o carrapato for encontrado e retirado, menor risco de contrair a doença”, completa a infectologista.
Fonte: Natalia Reis Fraga, infectologista, com especialização em Infectologia Hospitalar. É Coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar na Santa Casa de São José dos Campos.