Excesso de telas pode causar problemas oculares mais cedo em crianças
Comemorado no dia 10 de julho, o Dia da Saúde Ocular visa alertar a população sobre a importância da prevenção e do diagnóstico de doenças oculares que, se não tratadas de maneira correta, podem levar à perda da visão a longo prazo. No entanto, os cuidados já devem começar na infância, já que o excesso de telas pode ser capaz de antecipar os problemas oculares nos pequenos.
Segundo um estudo publicado pela Academia Americana de Oftalmologia, metade da população mundial será míope em 2050. Desse total, 1 a cada 10 serão de alto grau, e, portanto, predispostas a complicações oculares bem como pelo risco de perda progressiva e irreversível da visão. Nos últimos dois anos, estudos na população de crianças asiáticas mostraram cerca de 40 % de crescimento de miopia. Esse fator foi atribuído ao excesso de uso de telas e falta de atividades ao ar livre durante a pandemia de Covid-19.
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Excesso de telas pode antecipar problemas oculares
De acordo com a Dra. Patrícia Ferraz Mendes, oftalmologista e chefe da equipe de Oftalmologia do Sabará Hospital Infantil, além do surgimento da miopia, essa exposição às telas em excesso de atividades pode trazer outros danos. “Crianças que ficam muito tempo em celulares, tablets ou atividades indoor estão em constante exposição ao fator de risco para o desenvolvimento da miopia patológica. Além do fato do uso de telas sem descanso também desencadear sintomas como fadiga e sinais de olho seco severo pela falta do piscar”, explica a médica.
“Estima-se que as taxas de desenvolvimento de miopia diminuam cerca de 2% cada hora adicional em atividades ao ar livre por semana em crianças que ainda não sejam míopes. Além disso, recomenda-se que, a cada 40 minutos de uso de tela, haja uma pausa de 10 minutos” , complementa Dra. Patrícia.
Embora o uso de TVs, computadores ou celulares façam parte da rotina, os pais não devem fornecer telas às crianças com idade inferior a 2 anos. Segundo a Academia Americana de Pediatria, entre 2 e 5 anos, o uso de dispositivos deve ser de 1 hora por dia. O motivo é que desenhos e jogos causam irritabilidade, agitação e outros prejuízos no desenvolvimento cognitivo e da linguagem.
Quando levar o meu filho em uma consulta com oftalmologista?
A especialista explica que o ideal é a criança ser levada ao oftalmologista ainda no primeiro ano de vida. Com isso, caso seja identificada alguma alteração ocular, o tratamento é realizado de forma precoce. Vale lembrar que os primeiros 7 anos de vida são os mais importantes no desenvolvimento visual.
O primeiro teste ocular é feito ainda na maternidade. Chamado de “teste do olhinho”, esse exame mostra se há alguma dificuldade para que a luz passe pela retina e chegue ao cérebro. No entanto, todas as fases da vida devem ter acompanhamento clínico:
- Entre 3 e 6 meses: para identificar possíveis dificuldades no desenvolvimento da visão e do olho ou problemas de má-formação;
- 1 ano de idade: essa consulta servirá para avaliar todo o primeiro ano de desenvolvimento da visão do bebê;
- Entre 2 e 3 anos de idade: também para identificar problemas de formação e desenvolvimento como estrabismo (conhecido como olho torto ou “vesguice”) e anisometropia (foco desigual entre os olhos);
- Entre 5 e 7 anos de idade: nesse período, o oftalmologista avaliará a existência dos problemas mais comuns como miopia, astigmatismo, hipermetropia, que podem ser uma barreira no desempenho escolar e na alfabetização;
- Entre 12 e 15 anos de idade: nessa idade é comum que a miopia comece a dar sinais.
Principais doenças oculares em crianças e adolescentes
As doenças oftalmológicas mais comuns na infância são os erros refracionais, (como miopia, astigmatismo, hipermetropia); ambliopia (olho preguiçoso); estrabismos (desvio ocular) e alergias oculares. Porém, o exame é importante também para exclusão de doenças mais raras como retinoblastoma e outros tumores, glaucomas e cataratas congênitos e da infância.
Por fim, os sinais que devem servir de alerta aos pais para abreviarem a ida à consulta oftalmológica. São eles: olhos vermelhos, coceira exagerada, desvios oculares (estrabismo), sensibilidade a luz, lacrimejamento excessivo, dificuldade para enxergar ou queixas de dores de cabeça.
Referência: Departamento de Oftalmologia do Sabará Hospital Infantil