Exames de imagem para câncer de pâncreas não bastam para diagnóstico
Como todo tipo de câncer, o diagnóstico precoce de tumores malignos é fundamental para o sucesso do tratamento e chances de cura. Mas um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Birmingham, no Reino Unido, aponta que exames de imagem para câncer de pâncreas não são suficientes para detectar a doença. A pesquisa apontou 36% dos casos não foram identificados por ressonância magnética e tomografia, essenciais na investigação.
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Por que os exames de imagem para câncer de pâncreas podem não ser o bastante?
De acordo com o cirurgião especialista em pâncreas Eduardo Ramos, os exames de imagem como estes são operador-dependente. Ou seja, a qualidade das informações é diretamente proporcional à experiência do médico que faz o exame, assim como a qualidade do equipamento utilizado.
“Nos exames de imagem, algumas vezes, o radiologista pode não reconhecer os sinais de um câncer de pâncreas. Por ser uma víscera que fica atrás do abdômen, o pâncreas não é tão acessível por ecografia, por exemplo. Em relação à tomografia e ressonância, existem alguns sinais sutis que serão evidentes nesses exames. Portanto, o radiologista precisa ter preparo para reconhecê-los”, comenta Ramos.
A pesquisa inglesa analisou 600 pacientes diagnosticados com câncer de pâncreas entre 2016 e 2021. Desses, 46 (7,7%) não tiveram a doença descoberta no primeiro exame, mas receberam um resultado positivo entre 3 e 18 meses depois.
Já na segunda fase do estudo, os pesquisadores apresentaram as imagens de tomografia computadorizada e ressonância magnética para radiologistas independentes. Como resultado, metade dos exames avaliados apresentavam sinais de câncer que não foram vistos pelos especialistas.
“Outro fator importante na tomografia e ressonância é o uso de contraste intravenoso que permite uma melhor visualização. Muitas vezes, não se aplica contraste por falta de autorização do paciente ou porque não há solicitação do médico. O uso do contraste aumenta a chance de um diagnóstico mais preciso”, explica o especialista.
Incidência do câncer de pâncreas no Brasil e sintomas
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de pâncreas possui alta taxa de mortalidade devido ao diagnóstico tardio. No Brasil, é responsável por cerca de 2% de todos os tipos de câncer e por 4% do total de mortes causadas pela doença.
Raro antes dos 30 anos, é mais comum a partir dos 60. Contudo, a doença é silenciosa e os sintomas costumam surgir apenas quando o câncer está em estado avançado.
Entre os principais sinais estão, por exemplo:
- Fraqueza.
- Perda de peso e falta de apetite.
- Dor abdominal, nas costas e náuseas.
- Urina escura, olhos e pele de cor amarela.
Tratamento
“Quando a gente trabalha com câncer, precisa pensar em aumentar a quantidade e a qualidade de vida — até mesmo a chance de cura. É claro que com o diagnóstico precoce e o tratamento ideal existe uma possibilidade de ficar sem doença”, diz o especialista.
“Só cirurgia ou apenas quimioterapia geralmente não conseguem aumentar a sobrevida e cura. Então, a associação dos dois pode aumentar a sobrevida em cinco anos, que chega até 20% dos casos” finaliza Ramos.
Fonte: Eduardo Ramos, cirurgião especialista em pâncreas do Centro de Cirurgia, Gastroenterologia e Hepatologia (CIGHEP) e Chefe do Serviço de Transplante Hepático do HNSG de Curitiba.