Exame BERA: o que é, para que serve e como é feito
No Brasil, o exame BERA (Brainstem Evoked Response Audiometry) é mais conhecido como PEATE (Potencial Evocado Auditivo do Tronco Encefálico). É um procedimento muito importante para a triagem auditiva neonatal, que consegue avaliar o nível de audição do bebê, se ele tem a integridade das vias auditivas centrais, ou seja, é um exame que oferece uma boa probabilidade de diagnóstico precoce de perda auditiva, especialmente em recém-nascidos.
“Utiliza-se o exame BERA também para diagnóstico de outras doenças em adultos, crianças e adolescentes quando há alguma suspeita de doença que interfira no nervo vestíbulo coclear, nas vias auditivas centrais ou doenças neurais encefálicas que podem causar perdas auditivas. Ele deveria ser realizado em 100% das crianças que nascem, porém ainda é uma realidade distante no Brasil”, afirma Edson Ibrahim Mitre, médico otorrinolaringologista e membro da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF).
Quem deve fazer o exame BERA?
O exame BERA costuma ser feito em crianças, especialmente em bebês, e serve para fazer a triagem auditiva neonatal, capaz de identificar a perda de audição ou surdez congênita. Médicos também realizam em crianças pequenas quando há suspeita de deficiência auditiva ou diminuição de audição. Isso porque neste público há uma dificuldade maior de resposta do paciente e não é possível fazer o exame convencional de crianças maiores e adolescentes.
Como é feito?
Segundo o médico, o exame BERA é indolor e tranquilo, mas é necessário acalmar o paciente, pois ele precisa ficar imóvel e sem falar ou chorar por alguns minutos.
“Basicamente utiliza-se um estímulo sonoro. Ele pode ser por cliques ou frequências específicas na orelha, ou seja, no conduto auditivo externo. Assim, isso gera potenciais elétricos no nervo vestíbulo coclear e no trajeto das vias auditivas centrais até o córtex auditivo. Esses potenciais elétricos são captados por eletrodos de superfície, semelhantes aos do eletrocardiograma, por exemplo. Por fim, um equipamento processa e mostra as ondas características dessas sinapses. Em crianças maiores que compreendem que precisam ficar imóveis e sem falar por um tempo, o exame é ainda mais tranquilo. No caso de bebês ou crianças que têm algum distúrbio de comportamento e que não conseguem ficar paradas alguns minutos é um procedimento que pode ser feito com sedação leve”, esclarece o otorrinolaringologista.
O profissional explica também que, em alguns casos, é preciso fazer uma programação com os pais. Isso acontece para que a criança chegue com bastante sono. “Os pais podem estimular os filhos pequenos com brincadeiras, deixá-los cansados e, ao chegarem no consultório, geralmente logo adormecem. Recomendamos, também, que levem o bebê no horário habitual do sono. Portanto, é possível fazer o exame durante a hora do sono natural da criança ou, se necessário, intervir com sedação”, declara o especialista.
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Quais doenças ele detecta?
O mais importante é identificar bebês que já nascem com alguma perda auditiva, seja uma perda total da audição ou deficiência auditiva. Mas o exame BERA também permite o diagnóstico de outras doenças como a schwannoma vestibular, também conhecida como neuroma acústico, que é um tumor benigno do nervo vestíbulo coclear – eventualmente alguma alteração da condução nervosa, distúrbios da condução nervosa pelo nervo vestíbulo coclear e de sincronismo das informações, imaturidade das vias auditivas centrais e algumas doenças degenerativas neurológicas que também podem apresentar alterações muito precoces por meio do BERA.
“Vale ressaltar que o exame BERA não apontará, sozinho, um diagnóstico etiológico, ou seja, da causa da doença. Trata-se de um procedimento, principalmente, para identificar se existe uma perda auditiva. Muitas vezes, ele ainda serve para ajudar a reconhecer o grau da perda auditiva naqueles pacientes que não conseguimos fazer a audiometria. E, a partir de então, o especialista investigará e identificará a possível causa”, finaliza o profissional.
Fonte: Edson Ibrahim Mitre, médico otorrinolaringologista membro da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF)