Escova desembaraçante pode causar um novo tipo de queda de cabelo
Anemia, estresse excessivo e falta de vitaminas e nutrientes são os principais causadores da queda capilar. Contudo, de acordo com um estudo publicado recentemente no periódico Jama Dermatology, além desses fatores, a escova desembaraçante de cabelos também pode ter uma parcela de culpa na perda dos fios. Confira a seguir.
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O que diz o estudo
A pesquisa avaliou três mulheres jovens que sofreram perda capilar significativa, após o uso de escovas desembaraçadoras por, no mínimo, três meses. Em cada uma das participantes, foi identificada uma alopécia difusa, ou seja uma queda de cabelo espalhada, com fios danificados e distorcidos. O exame tricoscópico também identificou a presença de fios em “saca-rolhas”. “Chamamos de pelos em saca-rolhas quando o fio é puxado, quebra na base e ele enrola perto do couro cabeludo”, explica a Dra. Lilian Brasileiro, médica dermatologista.
No caso 1, a primeira paciente era uma mulher de 20 anos que apresentava calvície irregular envolvendo todo o couro cabeludo. Ela observou ter usado uma escova de cabelo desembaraçante por cerca de 6 meses. “Os pesquisadores, por meio do exame tricoscópico e de biópsia, revelaram perda de cabelo sem evidência de cicatriz (ou seja, alopecia cicatricial), com 35% dos folículos pilosos com tricomalácia”, diz a médica. “A equipe aconselhou a paciente a parar de usar a escova desembaraçante e ela obedeceu. No entanto, os folículos pilosos distorcidos e cabelos saca-rolhas ainda eram vistos 12 meses depois, mostrando um dano duradouro”, diz a dermatologista.
Já no caso 2, a segunda paciente também era uma mulher na casa dos 20 anos que apresentava perda de cabelo difusa e afinamento que havia começado cerca de 1 ano antes. A tricoscopia mostrou numerosos fios de cabelo quebrados intercalados com vários fios de cabelo saca-rolhas. A biópsia do couro cabeludo do paciente também mostrou alopecia não cicatricial.
Por fim, o caso 3 é de uma mulher com mais de 30 anos que também apresentava calvície difusa; ela relatou que, há mais de um ano, usava uma escova desembaraçadora. Os achados do exame tricoscópico e da biópsia foram semelhantes aos dos pacientes anteriores.
Escova desembaraçante e alopécia: Conclusões do estudo
Ao final do estudo, os pesquisadores identificaram um novo tipo de alopecia que chamaram de tricomalácia difusa adquirida, sugerindo que a tração do uso regular de uma escova de cabelo desembaraçadora pode causar tensões de tração únicas nas hastes e folículos capilares, resultando em transmissão desigual de forças mecânicas através das hastes capilares, distorção do folículo piloso matriz, interferência com a deposição de queratina e tricomalácia.
Além disso, os cientistas também alertaram que os defeitos da haste do cabelo e os achados tricoscópicos persistiram nesses três pacientes em 2 a 12 meses de acompanhamento, apesar da interrupção da escova de cabelo. “Isso sugere que a tricomalácia difusa adquirida só pode se resolver após a passagem de um ciclo capilar completo”, finaliza a médica.
De acordo com a dermatologista, os achados servem de alerta por revelaram o aparecimento de alopecia difusa com tricomalácia adquirida.
Além dos exames de rotina
Se você já notou a queda de cabelo, mas nenhuma alteração foi detectada em exames de rotina (como o de sangue), é hora de aprofundar essa investigação e buscar um médico tricologista. Essa especialidade possui recursos para detectar os problemas que levam à perda de cabelo. Na consulta, o médico provavelmente indicará exames como o tricograma, o trichoscan ou a biópsia do couro cabeludo.
Fonte: Dra. Lilian Brasileiro, médica especialista em Dermatologia, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.