Escoliose em crianças e adolescentes: como prevenir?
Se engana quem acredita que a escoliose afeta apenas adultos, já que diversas crianças e adolescentes são diagnosticados com este desvio da coluna vertebral todos os anos. A condição causa graves riscos de problemas de saúde caso o diagnóstico não ocorra precocemente, assim como o tratamento. Apesar de muito frequente, a escoliose em crianças e adolescentes ainda é um problema pouco conhecido e discutido. Por isso, conheça agora as causas e como tratar.
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Principais tipos de escoliose em crianças e adolescentes
Dentre todas as tipologias de escoliose conhecidas, a idiopática é, certamente, a mais frequente diagnosticada em crianças e adolescentes. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), esse tipo acomete mais de 50 milhões de pacientes nessa faixa etária ao redor do mundo. Suas características e níveis de evolução costumam apresentar ampla variedade. Porém, apesar de não existir um conhecimento concreto na medicina sobre suas causas, é possível observar alguns pontos em comum sobre seus sintomas.
Geralmente, as escolioses idiopáticas diagnosticadas antes dos oito ou dez anos costumam evoluir para casos mais graves. Isso porque o potencial de crescimento da curvatura da coluna é maior. Já aquelas identificadas após essa idade, no período conhecido como o esporão de desenvolvimento do adolescente, tendem a desenvolver para um desvio do tronco para lateral ao longo do crescimento do paciente. Ambos podem acarretar diversos problemas de saúde quando não tratados corretamente. Por isso, sua descoberta precoce é um fator crucial para evitar estes cenários.
Tratamento
Para crianças menores, a recomendação mais comum é o uso do gesso corretivo para o desvio. Trata-se de uma opção extremamente benéfica para a correção do problema. Mas, naquelas mais velhas e com uma curvatura superior a 35 graus, o colete é a medida mais vantajosa para evitar sua progressão. Além disso, em 70% dos casos, pode até mesmo impedir a necessidade de cirurgia para os pequenos que se encontram na fase mais importante de desenvolvimento infantil, que geralmente ocorre dos 10 aos 17 anos.
Apesar deste ser um problema tão frequente em jovens do mundo inteiro, pouco ainda se sabe sobre o volume de diagnósticos e as consequências da falta de tratamento em tempo hábil. Fora os perigos à própria saúde das crianças e dos adolescentes, não é incomum observar casos de depressão e bullying. Isso ocorre devido a mudança física inevitável ocasionada por esta curvatura. Isso ocorre, principalmente, no público feminino, que são as que mais sofrem com a escoliose idiopática na adolescência.
Em um levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por exemplo, cerca de 40% dos estudantes no país já foram vítimas de bullying na escola por conta da aparência física. Além disso, a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar – PeNSE identificou que as meninas são as que mais são discriminadas por esse aspecto, totalizando 26,5% em relação aos meninos, que representam 19,5%.
A importância do diagnóstico precoce
Uma realidade preocupante, mas que parece já estar demonstrando sinais de entendimento para sua mudança. Uma proposta recente divulgada pela Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados defende, justamente, o desenvolvimento de uma política nacional de diagnóstico e tratamento da escoliose em crianças e adolescentes. A medida visa a efetivação de ações voltadas para a detecção precoce deste problema envolvendo a participação da família e da escola; e seu encaminhamento imediato para avaliação de médicos especialistas.
Na prática, esse diagnóstico em ambiente escolar ocorre por meio do Teste de Adams, uma técnica reconhecida internacionalmente. Assim, ao se curvar para frente, com os pés e mãos unidos e, sem dobrar os joelhos, se torna mais fácil notar a curvatura da escoliose e a necessidade ou não de ser investigada. Uma manobra simples e prática, que contribui muito para essa análise.
Quando não tratada, a escoliose certamente tenderá a se desenvolver constantemente ao longo da vida, podendo aumentar sua curvatura de um a dois graus por ano após a entrada na fase adulta. Este é um tema delicado. No entanto, ao mesmo tempo, é essencial difundi-lo cada vez mais em todo o mundo, contribuindo para um diagnóstico o mais breve possível. Assim, conduz para o melhor direcionamento em prol da melhor qualidade de vida às crianças e adolescentes.
Fonte:Dr. Carlos Eduardo Barsotti, cirurgião ortopedista especialista em cirurgias de coluna.