Endometriose e saúde mental: como cuidar de si mesma?
A endometriose é uma condição médica que não impõe apenas desafios físicos: muitas mulheres também enfrentam impactos significativos em sua saúde mental. A doença, caracterizada pelo crescimento do endométrio (tecido que reveste o interior do útero) em órgãos anexos, como ovários, trompas e outros da cavidade abdominal, pode causar dores intensas e até mesmo levar à infertilidade. Mas, além disso, também dificulta quadros de ansiedade, depressão e estresse. No mês de março, a Campanha Nacional “Março Amarelo” tem como finalidade conscientizar a sociedade sobre os sinais, sintomas, prevenção, diagnóstico e tratamento da endometriose. Por isso, veja agora como amenizar os sintomas que interferem na saúde mental feminina.
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Endometriose e saúde mental: afinal, qual é a relação?
Uma vez que o endométrio é expelido durante a menstruação, algo semelhante ocorre nos focos de endometriose fora do útero. Eles sangram e inflamam conforme o ciclo, provocando reações inflamatórias e lesões que podem sensibilizar o funcionamento desses órgãos.
“Mulheres diagnosticadas frequentemente sentem dores intensas e desconforto crônico que podem desencadear uma série de desafios emocionais. Em muitos casos, sofrem perdas significativas em seu círculo social devido à dor ou às limitações decorrentes da doença, impactando até seu rendimento no trabalho. Essas perdas a curto e médio prazo podem se tornar irreversíveis. Por isso, o acompanhamento psicológico é tão importante quanto o acompanhamento ginecológico,” explica Dr. Patrick Bellelis, ginecologista especialista em endometriose.
Endometriose e saúde mental: como amenizar os sintomas
O médico elencou alguns cuidados que podem ser tomados não apenas pela saúde do corpo, mas também pelo bem-estar e pela qualidade de vida durante a convivência com a endometriose. Confira:
Pratique exercícios físicos
Ao praticar exercícios físicos, o corpo produz substâncias capazes de inibir a dor, trazendo benefícios para o bem-estar; além disso, a prática recorrente contribui para corrigir anormalidades posturais, que podem estar associadas às dores pélvicas. Escolha atividades de baixo impacto, como caminhadas, natação ou ioga, que ajudam a fortalecer os músculos e aliviar a tensão. Evite atividades intensas que possam aumentar o desconforto.
Tenha uma boa noite de sono
O descanso adequado é essencial para a saúde mental e o bem-estar geral, e pode contribuir para a gestão da dor associada à endometriose. Mantenha uma rotina de sono consistente, crie um ambiente propício para o descanso e considere técnicas de relaxamento antes de dormir.
Faça uma atividade relaxante
Inserir atividades relaxantes na rotina pode ajudar a reduzir o estresse, que muitas vezes está associado ao agravamento dos sintomas da endometriose. Técnicas de respiração profunda, meditação ou mindfulness podem ser excelentes para promover a tranquilidade mental durante o dia.
Alimentação balanceada
Recomenda-se às mulheres diagnosticadas manter uma alimentação balanceada e sem glúten, com ingestão de alimentos ricos em antioxidantes, propriedades anti-inflamatórias e com efeitos positivos no metabolismo de estrogênios e hormônios. É indicado também evitar o álcool, a carne vermelha e as gorduras trans, pois podem ter um efeito amplificador, tanto no inchaço pélvico quanto na dor crônica acarretados pela endometriose.
Acompanhamento psicológico
Enfrentar a endometriose não é apenas físico, mas também emocional. Buscar apoio psicológico pode ajudar a lidar com o impacto mental da condição. Terapia, aconselhamento ou grupos de apoio podem oferecer um espaço seguro para compartilhar experiências e estratégias para enfrentar os desafios.
“Abordar o assunto com dicas como estas traz uma nova perspectiva sobre o assunto, mas não substitui a importância do profissional médico de confiança. É indispensável manter uma comunicação aberta com seu ginecologista, pois só assim será possível obter um tratamento de acordo com as suas necessidades individuais para uma melhor qualidade de vida e bem-estar emocional”, esclarece o Dr. Patrick.
Fonte: Dr. Patrick Bellelis, ginecologista e Doutor em Ciências Médicas pela Universidade de São Paulo (USP); graduado em medicina pela Faculdade de Medicina do ABC; especialista em Ginecologia e Obstetrícia, Laparoscopia e Histeroscopia pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).