Dramin dá sono? Especialista explica riscos da automedicação
O Dramin é um medicamento indicado para prevenir e tratar incômodos relacionados ao enjoo. Um de seus possíveis efeitos colaterais é a sonolência, e é por isso que a história de que Dramin dá sono é bastante conhecida. A seguir, a médica e neurologista Dra Dalva Poyares, especialista do sono pela Sociedade Americana de Medicina do Sono (AASM) e pela Associação Brasileira de Sono (ABS), explica a relação e esclarece por que esse fator não deve ser motivo para o uso irresponsável do remédio:
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Afinal, por que Dramin dá sono?
O medicamento faz parte da classe dos antieméticos, ou seja, tende a melhorar sintomas como tontura, vertigem, náusea e enjoo.
No entanto, a especialista afirma que um de seus possíveis efeitos colaterais é a ação no sistema histaminérgico, inibindo a chamada histamina – um neurotransmissor com papel importante no nosso sistema imunológico e que, quando suprimido, pode provocar sono.
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Riscos da automedicação sem indicação
Justamente por esse motivo, a Dra Dalva Poyares conta que algumas pessoas usam o remédio sem ter nenhum sintoma de tontura e/ou náuseas – apenas para pegar no sono.
Segundo ela, não devemos fazer isso. “Não existem estudos que comprovem que ele pode ser usado a longo prazo. Especialmente para tratar a insônia”, alerta.
A especialista cita até uma pesquisa do Canadá, feita com uma amostra da população geral, que apontou que remédios como antialérgicos, anti-histamínicos e até melatonina e outros fitoterápicos são usados de maneira inadequada por pessoas que sofrem de insônia ou apresentam sintomas típicos da condição.
“Elas vão tomando esses medicamentos de venda livre (que não precisam de receita), e alternam entre eles de uma forma inapropriada. O resultado do estudo é que a prática pode causar um atraso na obtenção de um tratamento eficaz para a insônia”, complementa a profissional.
Ou seja, aos primeiros sinais da condição, não é correto recorrer a remédios por conta própria. E muito menos apostar em receitas que você vê na internet ou ouve falar de algum conhecido (mesmo que sejam naturais). O ideal é consultar-se com um especialista, que irá ajudá-lo a identificar as causas do problema e indicar as ações mais adequadas para o correto manejo do seu quadro.
Fonte: Dra Dalva Poyares, médica neurologista, pesquisadora e professora na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). É especialista em sono pela Sociedade Americana de Medicina do Sono (AASM) e pela Associação Brasileira de Sono (ABS).