Doença celíaca: sintomas, alimentação, diagnóstico e tratamento

Saúde
08 de Junho, 2022
Doença celíaca: sintomas, alimentação, diagnóstico e tratamento

Muitas pessoas sofrem com a doença celíaca, mas, infelizmente, não sabem por os sintomas serem muitos semelhantes às outras desordens gástricas e intestinais.

A doença celíaca é uma doença autoimune multifatorial e sistêmica. Segundo a  Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 1% da população mundial é atingida pela doença. 

Segundo o Dr. Daniel Machado Baptista, Coordenador da Retaguarda em Gastroenterologia na Clínica do Hospital 9 de Julho, essa doença é causada pela reação do organismo à ingestão do glúten, um composto de proteínas de armazenamento presente no trigo, cevada e centeio. 

“A aveia, muitas vezes, possui contaminação do glúten e também deve ser evitada por causar uma inflamação, principalmente da região do intestino delgado — levando a uma enterite autoimune. Esta inflamação também aumenta o risco de linfoma intestinal caso não seja controlada”, alerta o gastroenterologista.

Tipos da doença celíaca

A doença celíaca pode ser dividida em 3 tipos, sendo eles: 

  • Clássica: classificada desde a infância;
  • Assintomática: não há manifestação aparente;
  • Não clássica: apresentar poucos sintomas e, quando gastrintestinais, são sinais discretos. 

O Dr. Daniel Machado Baptista acrescenta que a doença celíaca pode ser dividida conforme os resultados de exames, com o acometimento intestinal e com a resposta à dieta isenta de glúten. 

O médico ainda inclui que, segundo os exames, é possível ter pessoas com atrofia e sem sorologia ou com sorologia e sem atrofia. “De acordo com o acometimento intestinal podemos ter doença que causa atrofia apenas no início do intestino delgado (duodeno), apenas no final do intestino delgado (jejuno ou íleo) ou em ambas as partes”, esclarece.

Além disso, o gastroenterologista completa ser possível ter pacientes que respondem ao tratamento e aqueles que não, chamados ‘refratários’.

Quando a doença celíaca pode surgir? 

De acordo com o especialista, existe uma predisposição genética para seu surgimento e, geralmente, os pacientes possuem anticorpos marcadores da doença no sangue antes do aparecimento das alterações no intestino delgado. 

“A doença pode ser diagnosticada ainda na infância. Mas não são incomuns diagnósticos tardios, mesmo na terceira idade, já que os sintomas podem ser leves e pouco limitantes”, diz o Coordenador da Retaguarda em Gastroenterologia na Clínica do Hospital 9 de Julho.

O médico complementa que a positividade do haplótipo HLA-DQ2 e DQ8 (exame genético) é o principal marcador descoberto pelos estudos científicos até então. 

Leia também: Ciência pode estar perto de curar doença celíaca e intolerância a glúten

Causas 

A doença celíaca é desencadeada pela exposição alimentar ao glúten num indivíduo geneticamente predisposto, segundo o Dr. Daniel Machado Baptista. 

Assim, os pesquisadores da área da saúde concluíram que cerca de 10% a 20% dos parentes próximos de pessoas que sofrem com a doença celíaca também são afetados. 

Sintomas 

A maioria das pessoas são assintomáticas ou possuem poucos sintomas, que podem ser tanto intestinais como extra intestinais. Portanto, confira quais são eles:

Porém, as manifestações extra intestinais podem ser marcadas pelos seguintes sintomas: 

  • atraso de crescimento em crianças;
  • fadiga prolongada;
  • osteoporose;
  • infertilidade;
  • abortos recorrentes;
  • alteração nos exames hepáticos;
  • alteração no esmalte dentário;
  • sintomas neurológicos;
  • dermatite herpetiforme, uma alteração comum na pele que causa lesões avermelhadas e descamativas em regiões como cotovelos, umbigo e atrás das orelhas, que também está associada à doença. 

A alimentação de quem sofre da doença celíaca

Quem sofre com o problema deve manter os devidos cuidados em relação à alimentação. 

“A alimentação deve ser restrita em glúten, ou seja, tudo que contenha trigo, cevada ou centeio. A aveia pode ser contaminada no seu processo produtivo e muitas vezes deve ser evitada”, indica o médico.

Além disso, o Dr. Daniel solicita que os pacientes devem estar atentos às embalagens dos alimentos, já que é obrigatório a discriminação nos rótulos da presença ou não do glúten. 

“A contaminação pode acontecer por meio de buffets com talheres compartilhados e o preparo dos alimentos deve ser criterioso, pois este é um momento em que também pode haver contaminação. É importante notar que a resposta da dieta pode demorar até um ano ou mais para se refletir nos exames”, alerta o especialista.

Nesse caso, um nutricionista pode orientar sobre o que comer, como substituir os alimentos e manter uma dieta equilibrada sem o glúten! Marque uma consulta aqui!

Diagnóstico da doença celíaca

O diagnóstico é feito pela associação de alterações nas biópsias do intestino delgado à presença de anticorpos marcadores da doença no sangue. 

Desse modo, os principais diagnósticos são os anticorpos anti-endomísio e o anti-transglutaminase. “Os anti-gliadina e o anti-gliadina deaminada também podem ser dosados em casos selecionados”, afirma o gastroenterologista. 

Além disso, é necessário verificar se o paciente possui falta de anticorpos, as chamadas imunoglobulinas, por meio da dosagem no sangue, principalmente da IgA. 

Pacientes com deficiência de uma ou mais imunoglobulinas podem ter quadros semelhantes de atrofia ou aumento de linfócitos intra-epiteliais no duodeno:  “os principais marcadores histológicos da doença em biópsias realizadas por endoscopia digestiva alta.”

O especialista informa que existe um exame genético que detecta a presença do haplótipo HLA-DQ2 ou DQ8, que tem a função de descartar o diagnóstico caso negativo: “é importante dizer que é muito difícil realizar o diagnóstico da doença em uma pessoa que exclui o glúten da dieta sem uma investigação anterior, já que isso pode tornar todos os exames negativos”, comenta.

Tratamentos para a doença celíaca 

A doença celíaca não tem cura, mas, sim, controle. Sendo assim, o único tratamento existente para esta doença é a restrição completa do glúten na dieta. 

“Quando a mesma se torna refratária, ou seja, a inflamação do intestino delgado se mantém apesar da dieta adequada, pode ser necessário o uso de imunossupressores e medicamentos que atuam na imunidade”, informa o gastroenterologista.

Segundo o especialista consultado, atualmente, estão em estudo alguns medicamentos que bloqueiam o anticorpo marcador da doença no sangue. Porém, ainda sem resultados e sem aplicação na prática clínica.

“Não há probióticos que permitam o consumo de glúten nos pacientes com doença celíaca”, assegura o Dr. Daniel Machado Baptista. 

Fonte: Dr. Daniel Machado Baptista, Coordenador da Retaguarda em Gastroenterologia na Clínica do Hospital 9 de Julho.

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