Doces para crianças: saiba os riscos para a saúde bucal

Alimentação Bem-estar Saúde
07 de Abril, 2022
Doces para crianças: saiba os riscos para a saúde bucal

Assim como andar de bicicleta, fazer meditação ou ler um livro, comer doce é um hábito. Algumas pessoas sentem mais vontade de ingerir açúcar do que outras. Em alguns casos, o desejo é tão grande que serve como alerta para algum outro problema. Mas como surge esse ímpeto por itens açucarados? Na verdade, o gosto pelo sabor é construído, principalmente, na infância. Por isso, é importante evitar oferecer alimentos doces para crianças pequenas, uma vez que eles podem afetar a saúde bucal dos pequenos e trazer outros problemas.

Durante a pandemia da Covid-19, 38% das crianças consumiram mais doces. Esses dados foram coletados pela Play Pesquisa em um estudo encomendado pela Tetra Pak. A empresa ouviu, primeiramente, 720 crianças de 2 a 3 anos, e 1200 adultos de São Paulo, Recife, Fortaleza, Goiânia e Porto Alegre. Os pesquisadores conversaram com os participantes entre o segundo semestre de 2020 e o primeiro trimestre de 2021.

Permanecer mais tempo dentro de casa teve um impacto na forma com a qual as crianças se relacionam com os alimentos. Apesar de alguns pais terem admitido que os pequenos estavam consumindo alimentos saudáveis, os doces não ficaram de fora do cardápio — pelo contrário, ganharam ainda mais espaço.

Doces para crianças: riscos

A Associação Americana do Coração lançou, em 2016, uma recomendação afirmando que pessoas de 2 a 18 anos devem consumir no máximo 25 gramas de açúcar adicionado por dia — isto é, 6 colheres de chá. No caso das crianças menores de dois anos, nenhum açúcar adicionado deve ser consumido. 

De acordo com a odontopediatra Helenice Biancalana, mestre em saúde da criança e do adolescente, os hábitos alimentares dos pais servem como inspiração para os pequenos. “Se os pais tiverem uma dieta rica em açúcar, carboidratos, sódio (sal) e lipídios (gordura), por exemplo, muito provavelmente os filhos também terão. O problema é que o açúcar, quando consumido em excesso, é considerado um dos vilões para o desequilíbrio da saúde bucal. Isso sem contar os riscos de obesidade e doenças crônicas como as cardiovasculares, diabetes e hipertensão”, diz.

Além disso, ao introduzir esse costume logo na infância, as chances de a criança crescer com um desejo maior e mais frequente por doces se elevam. Por isso, é preciso buscar prolongar ao máximo a introdução de doces na vida da criança e encontrar alternativas saudáveis para não se tornar um vício com complicações sérias.

Doces para as crianças e saúde bucal

Além do risco de desenvolver obesidade e doenças crônicas graves, a criança pode ter a saúde bucal afetada quando ingere uma quantidade grande de açúcar. A especialista explica que os primeiros mil dias de vida do bebê exigem um cuidado enfático. Dessa forma, é extremamente importante que não haja o consumo de doces ou industrializados.

A preocupação, no entanto, não pode começar apenas após o nascimento do bebê. Na verdade, a alimentação da mulher durante a gestação também influencia na forma com a qual o paladar da criança se formará. “Durante a amamentação no seio materno, a criança também entra em contato com essas referências em seus hábitos alimentares, além de receber nutrientes”, pontua.

Doces para crianças: quais evitar para cuidar da saúde bucal?

Em busca de uma alimentação saudável e nutricionalmente equilibrada, alguns itens devem ser evitados nas refeições das crianças. Veja alguns exemplos:

  • Frutas e bebidas com açúcar;
  • Bolos;
  • Biscoitos;
  • Geleias;
  • Achocolatados;
  • Cereais matinais;
  • Gelatina em pó com sabor;
  • Mingaus instantâneos preparados com farinhas;
  • Guloseimas (balas, chicletes, pirulitos e chocolates).

O consumo desses alimentos “pode levar ao ganho de peso excessivo, ao surgimento de placa bacteriana e à cárie, além de outras doenças associadas”, reforça Helenice.

Leia também: Alimentos hiperpalatáveis: o que são e por que evitar dar ao bebê

Dicas para a saúde bucal 

  • Acima de tudo, o bebê deve ter os seus dentinhos escovados pelos pais (desde o primeiro dente que erupciona): com escova infantil (indicada para a idade), e creme dental com flúor (no mínimo com 1100 ppm), com quantidade equivalente a um grão de arroz;
  • O bebê alimentado exclusivamente no seio materno (sem nenhum outro líquido) até os seis meses de idade não tem a necessidade de higienizar a boca com gaze umedecida em água filtrada, mao ideal é que a boca faça parte dos cuidados diários, com um olhar para língua, bochechas e mucosas, identificando a normalidade (rósea), e se necessário, passar a gaze umedecida em água filtrada;
  • A partir de 3 anos, identificando que a criança consegue cuspir o excesso de creme dental que fica na boca, a quantidade de creme dental pode aumentar para o equivalente a um grão de ervilha. Sempre lembrando que não é a escova lotada de creme dental que garante a eficiência da escovação, e sim os movimentos que a escova faz para a remoção dos restos de alimentos sobre os dentes;
  • O hábito de usar o fio dental deve ser incorporado à higiene bucal do bebê desde cedo, complementando a escovação;
  • O enxaguante é importante para complementar a higienização bucal, principalmente à noite. Mas a recomendação é que somente a partir dos 12 anos ele seja utilizado pelas crianças;
  • A visita ao dentista deve começar durante a gestação, a futura mamãe deve também fazer o pré-natal odontológico, cuidando da sua saúde bucal e recebendo todas as orientações sobre os cuidados necessários com o bebê que irá nascer.

Fonte: Helenice Biancalana, mestre em saúde da criança e do adolescente e e vice-presidente da Associação Paulista de Odontopediatria APO/ABOPED

Sobre o autor

Amanda Figueiredo
Amanda Figueiredo é nutricionista clínica pela USP (Universidade de São Paulo), pós-graduada em Saúde da Mulher e Reprodução Humana pela PUC (Pontifícia Universidade Católica) e especialista em emagrecimento e nutrição estética CRN-3 77456 Também é jornalista e editora-chefe da Vitat.

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