Distração ou TDAH? Saiba diferenciar
Principalmente no home office, é comum se distrair várias vezes ao dia. Trabalhar com várias guias abertas, começar uma tarefa e não finalizar. Mas se isso ocorre com frequência, pode surgir a dúvida: será que a dificuldade em manter o foco é apenas uma distração ou pode ser um sinal de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)?
As pessoas podem acreditar que uma simples distração está relacionada ao TDAH, mas não é bem assim. Isso porque a condição vai muito além da dificuldade em se concentrar.
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Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)
Primeiramente, é importante entender que o TDAH é uma condição neurobiológica que pode afetar qualquer área da vida. “É ocasionado por uma disfunção neurológica que afeta o córtex pré frontal. Essa área do cérebro é responsável pela atenção, organização, controle de impulsos, capacidade de expressar sentimentos e foco”, explica Rejane Sbrissa, psicóloga cognitivo comportamental.
Assim, o transtorno surge na infância e afeta de 3% a 5% das crianças em idade escolar, com maior prevalência entre os meninos. Frequentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida, mas diversos casos são diagnosticados apenas na fase adulta.
Além disso, os sintomas não se baseiam apenas na distração. Confira quais são eles:
- Dificuldade em manter o foco nas atividades diárias;
- Não finalizar trabalhos e deixá-los incompletos;
- Dificuldade em planejar suas atividades;
- Esquecimentos frequentes;
- Sentir-se sobrecarregado;
- Não conseguir definir prioridades;
- Alterações de humor;
- Instabilidade emocional;
- Baixa autoestima;
- Pouca tolerância à frustração.
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Distração
Por outro lado, a distração é uma ocorrência natural que todos experimentamos em algum momento da vida. O barulho da televisão, os afazeres domésticos ou até mesmo a tentação de navegar pelas redes sociais podem facilmente nos desviar do trabalho.
Rejane ressalta que, normalmente, a distração ocorre em alguma área da vida que não é do interesse daquela pessoa, ou apenas por cansaço. Mas a grande diferença é que uma pessoa distraída consegue focar quando precisa e quer, diferente do TDAH.
“Sempre que falamos de transtorno na psiquiatria, temos que ter em mente que ele precisa ser grave e duradouro o suficiente para gerar disfuncionalidade. As pessoas não têm a mesma capacidade de atenção, foco ou o mesmo comportamento no dia a dia. O que difere uma pessoa ansiosa ou desfocada de uma pessoa com TDAH é a intensidade e prejuízo que os sintomas trazem”, afirma Dr. Ariel Lipman, médico psiquiatra e diretor da SIG Residência Terapêutica, em entrevista anterior à Vitat.
Quando buscar ajuda?
Para a psicóloga, se os sintomas estão atrapalhando suas relações interpessoais e a vida profissional e pessoal, talvez seja hora de buscar ajuda de um especialista.
No contexto do home office, é essencial observar a persistência e a intensidade dos sintomas ao longo do tempo. Se as dificuldades de atenção e concentração surgem em diferentes ambientes e situações, além de apresentar histórico de sintomas desde a infância, é importante considerar a possibilidade do TDAH.
“Um psiquiatra, neurologista e neuropediatra são os que podem fazer o diagnóstico, pois este é totalmente clínico. Ele é feito com base nos sintomas, ou seja, não há exames capazes de diagnosticar”, finaliza Rejane.
Fonte: Rejane Sbrissa, psicóloga cognitivo comportamental.