Dissecção da artéria vertebral: o que é a condição da ex-Masterchef?
Após sentir dores no ombro e pescoço, a ex-Masterchef Profissionais Angelica Vitali buscou ajuda para investigar a causa. Contudo, o que parecia ser um desconforto inofensivo tornou-se motivo para internação na UTI. Angelica recebeu o diagnóstico de dissecção da artéria vertebral direita, condição que pode provocar um AVC e outras complicações igualmente sérias.
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O que é dissecção da artéria vertebral?
Ao todo, nosso corpo possui duas artérias vertebrais, a direita e a esquerda. Elas ficam atrás do pescoço, perto das vértebras e são responsáveis por distribuir sangue rico em oxigênio para o cérebro e a coluna. A dissecção é uma lesão no tecido de uma dessas artéria vertebrais, que compromete o fluxo de sangue. Além disso, podem se formar coágulos, pois o sangue fica preso em um ou mais tecidos afetados da artéria, que possui três camadas. Entretanto, em casos graves, cuja lesão é mais profunda e impacta todos os tecidos da artéria, a pessoa pode ter um AVC hemorrágico ou, ainda, um AVC isquêmico, se o coágulo presente na via for grande.
Causas da dissecção da artéria vertebral
A princípio, não existem motivos específicos para esse tipo de complicação, que é mais predominante em pessoas com menos de 45 anos. No entanto, alguns fatores de risco, como doenças preexistentes, podem contribuir para o quadro. Por exemplo:
- Tabagismo e hipertensão.
- Síndrome de Marfan.
- Síndrome de Ehlers-Danlos.
- Displasia fibromuscular.
- Vasculite e doença renal policística.
Situações que podem causar a dissecção da artéria vertebral
Não são apenas as enfermidades que determinam o risco da dissecção. Hábitos e acidentes podem ter uma parcela de “culpa” no diagnóstico do quadro. Contudo, é importante mencionar que tais eventos são raros, mas exigem atenção.
- Esportes de contato e alto esforço: como lutas e levantamento de peso.
- Acidentes de carro e procedimentos de reanimação.
- Assoar o nariz com muita força ou “segurar” o espirro.
Sintomas
Se a lesão do tecido for superficial, o indivíduo não manifesta sintomas. Todavia, se a dissecção for profunda e possuir coágulos na via arterial, a pessoa sente tontura, dores no pescoço e de cabeça, perda de audição temporária e dificuldades para se equilibrar (caminhar em linha reta, por exemplo). São sinais que precisam de atendimento médico imediato, pois podem suceder um AVC. Foi o caso de Angelica Vitali, que procurou assistência, mas suspeitando que tinha uma hérnia de disco devido às dores no pescoço e ombros.
Diagnóstico
A angiografia por ressonância magnética é o exame padrão ouro para identificar a dissecção na artéria vertebral. O método permite que os profissionais de saúde descubram a condição de forma ágil, assim como a gravidade. Embora seja altamente eficaz, trata-se de um teste pouco acessível. Assim, o médico pode diagnosticar uma dissecção por meio de tomografia computadorizada (TC) ou angiografia por TC ou convencional.
Tratamento da dissecção da artéria vertebral
Dependendo da gravidade, os cuidados podem exigir de medicamentos anticoagulantes (heparina e varfarina) a cirurgia para retirar os coágulos. Existem técnicas cirúrgicas variadas, como a angioplastia e a colocação de stent intracraniano para conter uma possível hemorragia do órgão. Em geral, os tratamentos disponíveis restabelecem a saúde do indivíduo, especialmente se a condição for detectada a tempo.
Depois da cirurgia ou do tratamento, é fundamental receber acompanhamento médico para avaliar a reincidência de novas dissecções. O monitoramento pode exigir exames a cada três ou seis meses, e a pessoa deve evitar esportes de contato, exercícios de isometria com os braços (como a prancha), e atividades que demandam muito alongamento do pescoço.
Referências: Cleveland Clinic; National Library of Medicine; e American Heart Association.