Disartria: Entenda o que é, tipos e tratamento
A disartria pertence ao grupo de transtornos neurológicos e motores da fala. Assim, a condição é caracterizada por déficits neuromusculares que incluem fraqueza muscular, paralisia, incoordenação, movimentos involuntários ou alterações de tônus muscular.
De acordo com a fonoaudióloga Elisabete Giusti, a adequada produção da fala depende de uma série de fatores. Dentre eles, o controle motor dos movimentos é essencial. Dessa maneira, os movimentos necessários à fala são classificados como os mais refinados e complexos do corpo humano.
“Usamos muitos músculos para a movimentação dos articuladores. Isso inclui os músculos da face, dos lábios, língua, laringe e também músculos que coordenam todo o sistema respiratório. Na disartria, o adequado funcionamento desses músculos está alterado e isso impacta diretamente na clareza e inteligibilidade de fala”, explica.
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Desse modo, a disartria tem níveis de gravidade, podendo ser leve a grave, o que pode impossibilitar a produção da fala.
Sintomas da disartria
Os sintomas do transtorno podem variar. Mas os mais comuns incluem:
- Ter uma fala “arrastada”, lenta, imprecisa e que afeta a inteligibilidade;
- Falar muito devagar ou muito rápido;
- Intensidade vocal reduzida, isto é, fala fraca ou voz baixa);
- Movimentos imprecisos da mandíbula, lábios e língua;
- Fala com uma ressonância diferente;
- Respiração curta e ofegante;
- Presença de distorções dos sons da fala, com limitada movimentação dos articuladores;
- Voz monótona;
- Dificuldade na obtenção do volume vocal e com qualidade comprometida.
Quais as causas?
As causas da disartria estão relacionadas a danos cerebrais, que podem acontecer no nascimento ou após uma doença ou lesão. Como por exemplo:
- Condições congênitas, que acometem as crianças: paralisia cerebral, malformação de Chiari, síndromes genéticas.
- Doenças degenerativas: esclerose lateral amiotrófica, doença de Parkinson, degeneração cerebelar, doença de Huntington, ataxias, atrofia de múltiplos sistemas.
- Doenças desmielinizantes e inflamatórias: esclerose múltipla, encefalite, Guillain-Barré, meningite.
- Problemas infecciosos: síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS), herpes zoster, encefalopatia infecciosa, poliomielite.
- Doenças neoplásicas: tumores do sistema nervoso central, tumores cerebelares ou do tronco cerebral, degeneração cerebelar etc.
- Outras condições neurológicas: hidrocefalia, epilepsia, síndrome de Tourette, coréia.
- Trauma: lesão cerebral traumática, trauma neurocirúrgico/pós-operatório, fratura de crânio.
- Doenças tóxicas e metabólicas: botulismo, envenenamento, hipotireoidismo, toxidade de lítio etc.
- Doenças vasculares: acidente vascular cerebral, doença de Moyamoya, encefalopatia anóxica ou hipóxica, malformações arterionenosas.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico da disartria deve ser feito por um fonoaudiólogo e é baseado em um método perceptivo de classificação (Darley, Aronson e Brown, 1969). Esse método se baseia nos caraterísticas de perpepção auditiva da fala que indicam a fisiopatalogia subjacente. Sendo assim, os principais tipos de disartria identificados por atributos perceptivos e fisiopatologia são os seguintes: Disartria flácida, espástica, Atáxica, hipocinética, hipercinético, do neurônio motor superior unilateral e misto. Portanto, cada tipo de disartria afeta de forma diferente os diferentes subsistemas da fala.
Após o diagnóstico, o tratamento deve ser individualizado e conduzido por um fonoaudiólogo. Assim, a intervenção deve ser baseada nos princípios de aprendizagem motora, com uso de técnicas direcionadas ao comprometimento dos diferentes subsistemas de fala. Isso porque a doença trata-se de um transtorno motor. Além disso, a importância de classificar o tipo de disartria ajuda a especificar as metas de intervenção para cada tipo.
Dependendo da gravidade do quadro, também é importante considerar o uso da comunicação alternativa para oferecer aos pacientes o adequado suporte para que possam se comunicar.
Fonte: Elisabete Giusti, graduada em Fonoaudiologia pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) e especializada em Desenvolvimento da Linguagem e suas Alterações pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).