Dia do psicólogo: guia para a primeira consulta com o especialista

Bem-estar Equilíbrio
26 de Agosto, 2022
Dia do psicólogo: guia para a primeira consulta com o especialista

No dia 27 de agosto é comemorado o dia do psicólogo. A data foi criada para celebrar o profissional responsável por cuidar da saúde mental e estudar o comportamento humano. 

Apesar de ser difícil, admitir que precisa de ajuda psicológica é o primeiro passo a ser dado. Mas surgem muitas dúvidas durante esse caminho. Por isso, separamos um guia com dicas para a primeira consulta com um psicólogo. 

Dia do psicólogo: quando buscar a psicoterapia?

A ideia principal da psicoterapia é que o paciente possa se conhecer, entender o próprio “modus operandi” e quais recursos ele tem para lidar com determinadas situações. 

Mas, de acordo com Amanda Rodrigues Santos, psicóloga clínica especialista em neurociências pela UNIFESP Baixada, a terapia também é um lugar para acolher e dar conta de demandas específicas. Como por exemplo, dificuldades do dia a dia, traumas específicos ou comportamentos que não são saudáveis ou que não trazem qualidade de vida. Geralmente, as questões estão relacionadas a terceiros, incluindo família, amigos, relacionamentos amorosos e trabalho.

“A ideia da psicoterapia é entender para acolher e pensar em outras soluções ou possibilidades de lidar com aquilo”, explica Amanda. 

Para Rejane Sbrissa, psicóloga cognitiva e especialista em transtornos alimentares, você deve buscar um psicólogo quando não conseguir lidar com seus sentimentos e perceber que precisa se conhecer melhor para ter mais autonomia e tomar decisões a seu favor. 

Dia do psicólogo: o que perguntar na primeira sessão? 

De fato, a primeira sessão pode gerar grande ansiedade nos pacientes. É uma oportunidade de conhecer o psicoterapeuta pessoalmente – ou virtualmente – e determinar se ele é alguém com quem você se sentirá confortável em trabalhar. 

Primeiro, é importante entender qual a abordagem do psicólogo, pois cada uma tem uma forma específica de lidar e direcionar os atendimentos. “É bacana a pessoa que está procurando a terapia entender de qual forma aquele profissional vai direcionar os atendimentos. Isso ajuda um pouco a diminuir a ansiedade. Afinal, a terapia é um processo de muita troca, é um processo em conjunto”, ressalta Amanda. 

Rejane diz que o ideal é perguntar como irá funcionar a psicoterapia e quais são os métodos utilizados na abordagem escolhida. “Fale sobre suas necessidades e expectativas em relação ao tratamento e o que o levou a procurar um psicólogo.”

Além disso, existe o sigilo terapêutico, uma forma de manter as informações do paciente guardadas a “sete chaves” e trazer mais segurança. Assim, o paciente entende que ali é um espaço sem julgamento. “Quando a gente está conversando com responsáveis, deixamos claro que o que aquela criança e adolescente ou criança contar não vai ser exposto pros pais – a não ser em situações de necessidade de urgência”, lembra a psicóloga Amanda. 

Dia do psicólogo: online ou presencial

Os atendimentos médicos online têm ganhado mais adeptos, principalmente depois da pandemia. Com os psicólogos não é diferente. Muitos oferecem terapia online onde terapeuta e cliente se encontram em um bate-papo por vídeo.

Assim, a terapia online pode ser uma ótima opção para otimizar o tempo e tornar a sessão mais conveniente. Afinal, não é necessário se deslocar em horários de trânsito, por exemplo.

Organização com as sessões

Segundo Amanda, durante as primeiras sessões, o psicólogo precisa fazer o contrato terapêutico. É uma forma de organizar as sessões. “Às vezes, esse contrato é literalmente um papel com todos os combinados feitos na primeira sessão. Ou seja, remarcações, faltas, atrasos, formas de pagamento, combinado da conduta, se são atendimentos online, etc. É de extrema importância que o paciente esteja a par desses combinados”, ressalta a psicóloga.

Se você ficou com alguma dúvida no final da sessão, pergunte. Isso porque a relação entre o terapeuta e o paciente é muito importante. 

Tipos de abordagens da psicologia

Existem diversos tipos de abordagens na psicoterapia que se concentram em áreas específicas. Confira como funcionam as principais: 

Terapia Cognitivo Comportamental (TCC)

Foi desenvolvida por Aaron Beck, no início dos anos 60 e é uma abordagem terapêutica mais estruturada, é mais voltada para questões do presente. Mas Amanda lembra que isso não significa que a TCC  vai negligenciar situações da infância.

Dessa maneira, ela tem um direcionamento para solução de problemas, mudança de pensamento, identificações de comportamento que são funcionais. 

“A partir da conceitualização cognitiva, o psicoterapeuta em conjunto com o paciente vai fazendo apontamentos, hipóteses e direcionamento sobre o funcionamento psíquico daquela pessoa. O objetivo é trabalhar mudanças que sejam possíveis, tanto de crença, quanto de comportamentos e pensamentos”, ressalta a psicóloga.

Ainda de acordo com Rejane Sbrissa, o objetivo desta abordagem é restabelecer o controle da consciência sobre si e seus atos através de técnicas terapêuticas, em um tempo relativamente curto.

Terapia psicodinâmica

A psicodinâmica é uma das abordagens que foca nos conflitos que estão no nosso inconsciente, aqueles mais difíceis de entender no dia a dia. “A gente fala bastante sobre a infância e os acontecimentos que marcaram esse período da nossa vida. Não falamos só disso, mas tem um enfoque maior nesse tema. A partir disso nós começamos a pensar na possibilidade de interpretar o que a pessoa está vivendo no contexto presente daquele paciente”, diz Amanda.

Psicanálise 

Sabe aquelas cenas típicas de filme, em que a pessoa se deita em um divã e começa a desabafar com o psicólogo? A psicanálise tem essa principal característica. Criada por Sigmund Freud, o paciente fica de costas para o analista e fala tudo o que estiver sentindo e passando em sua vida. 

O papel principal do psicanalista é ajudar o paciente a entender o que acontece e como pode melhorar a situação. Ou seja, ouvir a si próprio em voz alta, tendo o apoio de um profissional como mediador, pode ser uma forma de se conhecer e modificar sua realidade.

Leia também: Diferença entre psicólogo e psiquiatra: Saiba mais

Como escolher a abordagem que mais combina comigo?

Com tantas abordagens, torna-se difícil escolher uma que você se identifique de primeira. Por isso, para Amanda, o ideal é ir experimentando.

“A partir do momento que você sente a necessidade ou a curiosidade de iniciar um processo terapêutico, você pode pesquisar o que que é psicologia, como que funciona um acompanhamento psicoterapêutico e quais as abordagens que existem. Tem pessoas que funcionam muito com a abordagem X e que não conseguem ver tanto aprofundamento na abordagem Y. E para isso é necessário ter contato com aquilo, né?”, salienta. 

Além disso, busque conhecer profissionais, tanto por indicações quanto pelas redes sociais. Mas se você não se identificar com a abordagem ou com o profissional, deixe isso claro. “Fale: poxa, estou me sentindo um pouco incomodado com isso, tal conduta não tem muito a ver comigo. A relação terapêutica, apesar de ser uma relação que pode ser amigável, é uma relação profissional”, ressalta Amanda Rodrigues.

Cada abordagem possui métodos específicos para apoiar a saúde mental e ajudar a lidar com as emoções. “Não existem abordagens certas ou erradas. Portanto, se iniciar um tratamento e não se identificar com a abordagem,não tenha medo de mudar, não deixe de se cuidar, roque a abordagem até encontrar a que tem maior afinidade”, pontua Rejane.

Apesar de ter muitas abordagens, Amanda lembra que o psicólogo não deve trabalhar com várias abordagens ao mesmo tempo. “O terapeuta tem total possibilidade de entender outras abordagens e usar ferramentas que estão relacionadas, mas isso não é bacana, eticamente falando.”

Caso o psicólogo queira conhecer outras áreas, a mudança deve ser consciente, objetiva e estruturada. “É importante que a gente tenha uma abordagem base para a nossa conduta profissional”, finaliza a profissional.

Fonte: Rejane Sbrissa, psicóloga cognitiva e especialista em transtornos alimentares, CRP 40001-8; Amanda Rodrigues Santos, psicóloga clínica especialista em neurociências pela UNIFESP Baixada, CRP: 06/153467.

Sobre o autor

Julia Moraes
Jornalista e repórter da Vitat. Especialista em fitness, saúde mental e emocional.

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