Controlar estresse melhora qualidade de vida em pacientes com insuficiência cardíaca
Técnicas para controlar o estresse, como a meditação, melhoram a qualidade de vida e a capacidade funcional em pacientes com insuficiência cardíaca, mostra um novo estudo feito na Universidade Federal Fluminense (UFF), no Rio de Janeiro. Saiba mais a seguir.
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Insuficiência cardíaca e estresse
A insuficiência cardíaca ocorre quando o coração perde a capacidade de bombear o sangue ou se encher adequadamente. Assim, isso pode acontecer em decorrência de um infarto ou problemas como a hipertensão arterial crônica, entre várias outras causas.
Portanto, por ser uma doença progressiva e limitante, os pacientes sofrem com a alta carga de estresse, afetando a qualidade vida. Juntos, esses fatores se associam à piora das taxas de morbidade e mortalidade da doença.
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Controlar estresse: benefícios para a saúde cardiovascular
Para avaliar o efeito da redução do estresse nesses casos, os autores acompanharam 38 voluntários durante oito semanas, divididos em dois grupos. Um deles continuou com o tratamento multidisciplinar convencional. Os demais seguiram um programa que incluiu também ferramentas de enfrentamento, sentido de vida e práticas de atenção plena (mindfulness). Assim, eles tinham encontros semanais, com palestras sobre o tema e orientações, além de receber apostilas e áudios para a prática diária.
Antes e depois da intervenção, todos os voluntários passaram por uma avaliação com questionários para medir níveis de estresse, ansiedade, depressão, atenção plena, qualidade de vida e do sono (que é muito afetado pela doença), além de um teste de caminhada para avaliar a capacidade funcional. Exames detectaram a dosagem de cortisol, o hormônio relacionado ao estresse.
Resultados do estudo sobre controlar o estresse
Os pacientes que seguiram o programa tiveram o controle de estresse reduzido a 38%. Além disso, notaram uma melhora na qualidade de vida e de sono de 40 e 36%, respectivamente. Assim, a capacidade de realizar exercícios melhorou em 22%. Dessa forma, houve um menor aumento do cortisol em relação aos demais participantes.
Portanto, isso ocorre porque o estresse leva à ativação do Sistema Nervoso Simpático, responsável por preparar as reações do organismo para uma situação de luta ou fuga – como a elevação da frequência cardíaca e, em casos crônicos, de substâncias inflamatórias.
“A insuficiência cardíaca é caracterizada por um estado inflamatório crônico e abordar o estresse ajuda a reduzir um dos fatores que pioram o quadro”, explica a cardiologista líder do estudo Vaisnava Nogueira Cavalcante, da UFF e membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Saúde mental e doenças cardiovasculares
“As questões de saúde mental, como estresse, ansiedade e depressão, vêm sendo associadas a maior incidência e pior prognóstico em doenças cardiovasculares”, diz o cardiologista Marcelo Katz, do Hospital Israelita Albert Einstein. Dessa forma, atualmente essas doenças representam um fator de risco tão importante quanto os fatores tradicionais.
“Portanto, essas questões devem ser identificadas e tratadas, e estratégias não farmacológicas, como a atividade física e a meditação, são consagradas nesses casos”, explica Katz. Assim, segundo o especialista, uma das formas de mensurar o impacto do estresse na vida da pessoa é perguntar ao paciente sobre sua qualidade do sono, que é diretamente impactado pela tensão.
“Precisamos tratar o paciente sob todos os aspectos, com uma visão integrativa. Esse tipo de abordagem não substitui o tratamento convencional. Porém, melhora a percepção da própria doença e da qualidade de vida. Assim, tudo isso se reflete em melhor adesão ao tratamento e melhora na autoestima e no autocuidado”, completa Cavalcante.
Por fim, o cardiologista do Einstein observa que os pacientes que sentem uma melhora em relação à sua saúde mental podem ser mais propensos a se engajar no tratamento. Dessa forma, o comportamento pode indicar que eles seguirão a medicação corretamente e seguindo as recomendações médicas.
Fonte: Agência Einstein.