Como superar um trauma de roubo? Psiquiatra aponta formas de lidar
Só quem já foi vítima de um assalto sabe que a situação pode ser bastante difícil de lidar. Por isso, é preciso olhar para a saúde mental daqueles que já passaram por um evento traumático. Cerca de 15% a 20% das pessoas que experienciam algum caso de violência, incluindo assalto, desenvolvem o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT). A médica psiquiatra Caterine Ferreira Careta aponta como superar trauma de roubo e lidar com o medo.
Além do TEPT, há casos nos quais a vítima desenvolve um Transtorno do Estresse Agudo. Ambos possuem sintomas semelhantes, por isso, a duração dos efeitos é o que define e diferencia as condições. “No Transtorno de Estresse Agudo, eles duram de três dias a um mês após a exposição ao evento traumático. Já no Transtorno de Estresse Pós-Traumático, os sintomas duram mais de um mês”, explica.
Sintomas do transtorno
Depois de viver um evento traumático, alguns indivíduos podem sofrer com muita ansiedade e medo. “A condição pode causar sofrimento intenso e prejuízos a várias áreas da vida, como trabalho e relacionamentos, por exemplo”, cita a médica.
Existem alguns indicativos que sinalizam um possível quadro de Transtorno de Estresse Pós-Traumático. A profissional cita as lembranças persistentes, que fazem com que a vítima tenha a sensação de reviver involuntariamente o trauma. “Acontece por meio de memórias angustiantes e repetitivas, pesadelos ou sensação de que o evento traumático está acontecendo de novo.”
Além disso, em alguns casos, é possível ter reações físicas, como sudorese, náusea e tremores. O comportamento de esquiva também é comum entre aqueles que passaram por um roubo. “A pessoa passa a evitar lugares, pessoas e atividades que trazem recordações dolorosas. Além disso, ela também pode ser incapaz de lembrar ou falar sobre o ocorrido”, conta.
Manter uma excitação exagerada, isto é, permanecer em estado de alerta constante, ou cultivar crenças e emoções negativas também são alguns sintomas do quadro.
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Como superar trauma de roubo
Caterine comenta que na maioria dos casos, as pessoas expostas a um assalto, por exemplo, conseguem superar o trauma dentro de um mês. Entretanto, quando o medo passa a ser frequente, intenso e duradouro, a melhor saída é buscar ajuda profissional.
“É importante aprender a desafiar e questionar os pensamentos negativos, que estão distorcidos, e realizar enfrentamentos dos medos. É um processo, e o tratamento irá ajudar”, afirma.
Estratégias
De forma geral, o tratamento do Transtorno do Estresse Pós-Traumático está baseado em dois pilares: psicoterapia e uso de medicamentos. Entretanto, cada vítima precisa de um atendimento individualizado para entender as melhores estratégias de enfrentamento e superação.
“A base do tratamento medicamentoso são os antidepressivos, que irão agir no controle do transtorno. Também podem ser usados outros medicamentos de alívio no momento de crise aguda. Entretanto, o tratamento medicamentoso deve ser individualizado de acordo com avaliação psiquiátrica”, destaca a profissional.
Além disso, o acompanhamento com um psicólogo é fundamental para auxiliar na diminuição dos pensamentos negativos e na mudança de percepção frente ao medo e a angústia.
Caterine ainda destaca que nem todas as vítimas de assalto desenvolvem um quadro de transtorno. Por isso, depois de vivenciar um roubo, por exemplo, o principal ponto é ficar atento às próprias emoções e, caso seja necessário, procurar ajuda profissional.
Fonte: Caterine Ferreira Careta, médica psiquiatra CRM 167174