É ou não é lipedema? 3 problemas comumente confundidos com a condição e saiba como diferenciar
Apesar de ser um problema muito comum entre as mulheres de todo o mundo, o lipedema, que só foi padronizado como doença em 2022. Além disso, a condição apresenta sintomas semelhantes a outros problemas de saúde, o que dificulta ainda mais o seu diagnóstico. A seguir, saiba como diferenciar o lipedema.
Veja também: Dieta para lipedema: veja como a alimentação contribui com o tratamento
Afinal, o que é lipedema?
O lipedema é uma condição caracterizada pelo acúmulo de tecido gorduroso com aumento desproporcional no tamanho principalmente das pernas e quadris, apesar de também afetar os braços em um menor número de casos, como explica a cirurgiã vascular Dra. Aline Lamaita.
Como o quadro ainda não é muito conhecido, principalmente nos estágios iniciais, é comum que a condição seja confundida com outras doenças que demandam tratamentos específicos. A seguir, saiba como diferenciar o lipedema:
Problemas confundidos com lipedema
1 – Obesidade
A obesidade é um distúrbio metabólico caracterizado pelo acúmulo de gordura corporal. Nesse quadro, a gordura é distribuída de maneira mais uniforme no corpo todo, enquanto no lipedema essa gordura geralmente concentra-se nos quadris e pernas, é dolorida e pode levar ao aparecimento de pequenos nódulos.
Além disso, como a médica explica, o tipo de gordura também é diferente. “Enquanto no lipedema trata-se apenas de gordura subcutânea, que está localizada abaixo da pele e é difícil de ser perdida apenas com hábitos saudáveis, em quadros de obesidade há, além da gordura subcutânea, gordura visceral, que é aquela que fica entre os órgãos e é a grande responsável por uma série de problemas de saúde, mas também é mais fácil de ser eliminada com mudanças no estilo de vida”, complementa.
Portanto, pessoas com sobrepeso devem ficar especialmente atentas ao lipedema, visto que pode ser difícil notar o aumento do tamanho dos membros inferiores.
2 – Linfedema
Apesar do nome similar, o lipedema e o linfedema são doenças diferentes, com causas distintas. No linfedema, há um inchaço dos braços e pernas devido ao acúmulo de líquidos, e não de gordura, nos membros.
Assim, o linfedema ocorre devido a alguma obstrução no sistema linfático. E, ao contrário do lipedema, o linfedema não é simétrico, afetando somente uma perna ou braço, além de não causar sensação dolorosa ao toque, salvo em casos em que há alguma outra condição associada.
“É importante frisar ainda que o lipedema, em seus estágios mais avançados, pode levar ao surgimento de linfedema. Por isso, é fundamental controlá-lo para evitar esse quadro de doenças associadas, o que torna a reversão mais difícil”, aconselha Aline.
3 – Celulite
Tanto a celulite quanto o lipedema estão relacionados a um acúmulo anormal de gordura. Portanto, as duas condições geram nódulos visíveis na pele, conferindo um aspecto semelhante à celulite.
“Novamente, para diferenciar o lipedema, é importante prestar atenção na dor. A celulite não causa dor ao toque como o lipedema. É uma condição puramente estética. Além disso, preste atenção à evolução: se os nódulos crescerem, o tamanho das pernas aumentar e a pele começar a dobrar, como se fosse flácida, provavelmente trata-se de lipedema”, detalha a especialista.
Como diferenciar o lipedema
Os sintomas do lipedema surgem a partir do aumento simétrico do tamanho dos membros, sensação dolorosa ao toque, aumento da frequência de hematomas espontâneos e maior tendência ao acúmulo de líquido.
Por fim, a médica também encoraja que as pacientes busquem uma segunda opinião médica caso suspeitem do problema. “O diagnóstico incorreto não só atrasa o tratamento, consequentemente agravando o quadro, mas também causa muito frustração à paciente, visto que, além de ser crônico, o lipedema tem como característica o acúmulo de uma gordura doente que, geralmente, não responda às mudanças de hábitos, como dietas e práticas de atividade física, comumente adotadas em casos de obesidade”, afirma a cirurgiã vascular.
Tratamento para lipedema
Uma vez diagnosticado corretamente, o lipedema pode ser devidamente tratado, o que é geralmente feito por meio de uma abordagem multidisciplinar. Ou seja, mudanças no estilo de vida com adoção de uma alimentação anti-inflamatória e prática regular de atividade física são realmente estratégias importantes para controlar a evolução do lipedema, visto que é uma doença crônica, isto é, que não tem cura.
Além disso, outras medidas são valiosas dentro do tratamento. Como por exemplo, o uso de meias de compressão e medicamentos e até mesmo a realização de procedimentos cirúrgicos. Estes visam a retirada do tecido gorduroso doente, como a lipoaspiração.
Fonte: Dra. Aline Lamaita, médica cirurgiã vascular e membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV).