Combate à obesidade infantil: nova diretriz recomenda remédios

Alimentação Bem-estar Saúde
20 de Janeiro, 2023
Combate à obesidade infantil: nova diretriz recomenda remédios

A Academia Americana de Pediatria (AAP) publicou um documento com a primeira diretriz para o combate à obesidade infantil. O texto enfatiza que a intervenção médica contra a doença crônica em crianças passa a ser mais ampla e complexa do que apenas recomendar mudanças na alimentação e na prática de exercícios físicos. De forma inédita, os autores indicam o uso de medicamentos como parte do tratamento. Eles sugerem, ainda, o encaminhamento de adolescentes obesos com mais de 13 anos para cirurgia bariátrica nos casos considerados graves. Continue lendo e entenda.

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Combate à obesidade infantil

O documento foi publicado no site da AAP e tem como base uma extensa revisão de estudos, relatórios técnicos e recomendações sobre o tema, reconhecendo que a obesidade é uma doença. Antes disso, prevalecia o último texto publicado em 2007. Resolução que era mais genérica e baseava todo o tratamento somente na mudança comportamental, com foco na alimentação e no exercício físico.

“É a primeira vez que temos um documento voltado para pediatras. Traz atualizações e orienta o manejo do tratamento da obesidade na população pediátrica. Tudo o que existia até agora era pautado apenas na mudança de estilo de vida, como se a obesidade fosse uma escolha. A partir de agora, a obesidade infantil passa a ser reconhecida como uma doença crônica e deve ser tratada como tal, com todas as ferramentas disponíveis, incluindo os medicamentos”, explicou Daniel Servigia Domingos, endocrinologista do Hospital Israelita Albert Einstein.

Assim, as diretrizes continuam recomendando as medidas comportamentais. Porém, também reconhecem que elas sozinhas podem não ser suficientes e, por isso, indicam o acompanhamento médico e o uso de medicamentos. “Mudamos a visão sobre o que é a obesidade. Hoje, nós sabemos que ela é uma doença crônica e multifatorial e que envolve fatores genéticos, sociais, comportamentais, metabólicos e ambientais. Cada pedacinho desses contribui para o problema”, explicou o endocrinologista.

Medicamentos para o tratamento

Por muito tempo, crianças e adolescentes não tinham nenhuma terapia disponível para o combate à obesidade infantil, mas, nos últimos anos, vários medicamentos seguros e com bons resultados foram lançados. Segundo Domingos, no Brasil, está aprovada a medicação liraglutida para uso em crianças com mais de 12 anos e com obesidade. Assim, os outros medicamentos – como sibutramina, metformina e orlistate – ainda têm utilidade, dependendo do caso.

Dessa forma, para o especialista, a diretriz é um avanço porque uma boa parte das crianças com obesidade será formada, no futuro, de adultos obesos, caso elas não se tratem da doença. E o sobrepeso ou obesidade podem levar ao surgimento de hipertensão arterial, dislipidemias, diabetes e outras complicações de saúde mais cedo.

O médico ressalta que é preciso acabar com o mito de que bebê gordo é bebê saudável. Da mesma forma, existe o mito de que a criança obesa vai crescer e emagrecer sozinha. “Estudos recentes apontam que o tratamento farmacológico da obesidade associado com mudanças de estilo de vida alcança resultados superiores às medidas baseadas apenas em dieta e mudanças comportamentais”, disse.

Outros métodos de combater à obesidade infantil

Com relação à cirurgia bariátrica, a diretriz reconhece que o paciente com obesidade grave e com mais de 13 anos pode ser encaminhado para um serviço especializado em cirurgia bariátrica e metabólica.

“Não é que a diretriz faça a recomendação para fazer a cirurgia, mas ela sugere que o paciente seja avaliado por um serviço que tenha essa expertise”, pontuou Domingos.

Dessa forma, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, a recomendação para crianças com menos de 12 anos continua sendo o tratamento intensivo. Assim, esse método contempla mudança de comportamento e estilo de vida focado na família, que tem papel essencial para o sucesso do paciente.

“Nesses casos é preciso ter um acompanhamento multiprofissional com nutricionista, educador físico, pediatra, endócrino infantil, psicólogo. A diretriz recomenda um contato mais próximo com o paciente, com retornos frequentes, e acompanhamento com consultas e contato mínimo de 26 horas por ano”, afirmou.

Ministério da Saúde lançou manual

Segundo o Ministério da Saúde, em 2020, de todas as crianças acompanhadas no Sistema Único de Saúde (SUS), 15,9% dos menores de 5 anos e 31,8% das que tinham entre 5 e 9 anos tinham excesso de peso. Dessas, 7,5% das menores de 5 anos e 15,8% das entre 5 e 9 anos estavam obesas. Quanto aos adolescentes, 31,9% apresentavam excesso de peso e 12% obesidade.

Portanto, o aumento dos casos é um problema de saúde pública. O governo brasileiro lançou em agosto de 2022 o primeiro manual sobre o combate à obesidade infantil. Esse conteúdo condensa orientações sobre como promover uma alimentação saudável e recomendações para reduzir o sedentarismo. Além disso, apresenta um panorama sobre a magnitude e as repercussões da obesidade. Assim, o material faz parte da campanha do governo chamada “Vamos prevenir a obesidade infantil: 1,2,3 e já!”.

Por fim, Domingos ressalta que a nova diretriz americana tem um grande impacto na condução dos tratamentos da obesidade na infância, com informações essenciais para os médicos. “Não existe obesidade saudável. Portanto, com certeza esse documento trará mais segurança para os profissionais. Dessa forma, eles podem prescrever medicamentos para os seus pacientes desde a infância, desde que tenha indicação. Você tratando desde a infância, você reduz o risco de comorbidades e reduz o risco de ser um adulto obeso”.

 

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