Cirurgia de catarata: quando é indicada e cuidados com os olhos

Saúde
03 de Junho, 2022
Cirurgia de catarata: quando é indicada e cuidados com os olhos

A catarata é uma doença que afeta o cristalino, uma camada localizada atrás da íris que ajuda a entrada de luz para projetar a imagem que enxergamos. Como resultado, o cristalino torna-se opaco e não consegue desempenhar o seu papel de forma adequada, prejudicando a visão. As causas são diversas, mas a maior razão para o surgimento da catarata é o processo de envelhecimento. “Em algum momento da vida, [a catarata] vai atingir todas as pessoas. Estima-se que, apenas no Brasil, cerca de 550 mil indivíduos precisam tratar essa condição a cada ano. Por volta dos 70 anos, praticamente todos têm a doença ou já fizeram a cirurgia de catarata”, explica o oftalmologista Marcelo Brito.

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Quando fazer a cirurgia de catarata?

De acordo com Brito, grande parte das cirurgias de catarata podem acontecer nos estágios iniciais da catarata, o que torna o procedimento bem mais seguro. “O pré-operatório nessa fase também pode melhorar a qualidade na avaliação da retina, que é muito importante para prever a visão após a cirurgia. Com essa análise mais qualitativa, que necessita de vários exames antes do procedimento, podemos, em muitos casos, indicar lentes intraoculares capazes de reduzir e até mesmo eliminar o uso de óculos”, relata o oftalmologista.

Exames importantes

Os exames pré-operatórios são essenciais para avaliar quaisquer riscos cirúrgicos e o estágio de “amadurecimento” da catarata. São eles:

  • Acuidade visual: rápido e indolor, é um teste que permite verificar o percentual de visão de cada olho.
  • Biomicroscopia: mais detalhado, avalia todas as estruturas dos olhos: retina, córnea, íris, nervo óptico e o próprio cristalino. Para o teste, é necessário dilatar as pupilas.
  • Mapeamento da retina: também chamado exame de fundo de olho, observa mais profundamente a estrutura da retina. Além de ser um pré-operatório fundamental, pode auxiliar no diagnóstico de doenças como o diabetes e de origem reumática e neurológica.
  • Tonometria: mede a pressão ocular, e pode ser feito de duas formas — por meio de contato ou sopro emitido por um equipamento específico. Se você já fez uma consulta de rotina em uma clínica, provavelmente realizou o teste do sopro, que não dói e é extremamente rápido.
  • Biometria: talvez seja um dos principais da lista, pois verifica o grau da lente intraocular que será instalada no olho durante a cirurgia de catarata.
  • Topografia da córnea: mede a curvatura da córnea e se há alterações relevantes que sinalizam a presença de ceratocone. Também ajuda a definir o tipo de lente intraocular para o paciente.
  • Microscopia especular: faz a contagem e analisa a integridade das células endoteliais da córnea e se há alterações que impeçam a cirurgia de catarata.

Tipos de cirurgia de catarata

Brito explica que há várias maneiras de se operar, mas as técnicas mais modernas ocorrem de forma ambulatorial. “Ou seja, em geral o paciente não precisa de internação e recebe alta logo após o procedimento. O tempo médio de cirurgia é de 10 a 20 minutos, mas pode ser maior em cataratas mais complexas”, esclarece. A princípio, a maioria das cirurgias envolve um “mix” de anestesia tópica (colírios) e sedativos, que induzem o sono. “Isso torna a cirurgia mais segura, pois reduz a ansiedade do paciente e o risco de se movimentar durante o delicado procedimento”, acrescenta o médico.

Veja algumas técnicas que dependem da orientação e da escolha do profissional responsável pelos seus cuidados:

Facoemulsificação (FACO)

Neste procedimento, o cristalino opaco é extraído e substituído pela lente intraocular, que é transparente e dobrável. O diferencial dessa técnica é que não exige pontos e oferece uma recuperação mais rápida — além do tempo de cirurgia, que dura cerca de 20 minutos.

Extração extracapsular do cristalino (EECP)

Atualmente é o método menos convencional, porque a cirurgia retira o cristalino manualmente, seguido da inclusão da lente. Diferentemente do FACO, precisa de pontos na camada da córnea e pode demorar mais tempo — alguns casos delicados precisam de 2 horas de intervenção.

Como é a recuperação da cirurgia de catarata?

A princípio, o pós-operatório não causa incômodos, mas pode haver uma sensibilidade ocular nos primeiros dias, o que é perfeitamente normal. Logo na primeira semana é possível perceber a melhoria da visão. Mas é mandatório respeitar o período de repouso e evitar atividades intensas por, pelo menos, duas semanas. Contudo, o tempo de resguardo pode ser ainda maior, pois depende do tipo de cirurgia. “O uso de analgésico é raro, pois a dor é incomum. Para prevenir infecções e ajudar a cicatrização, prescrevemos colírios antibióticos e anti-inflamatórios por cerca de 1 mês”, afirma Brito. Depois da recuperação e das visitas programadas de retorno, é preciso realizar exames anuais para monitorar a saúde da visão.

Fez ou fará a cirurgia? Veja os cuidados

Você já sabe que precisa descansar e poupar esforços. Porém, algumas orientações específicas farão a diferença no pós-operatório. Anote as dicas:

  • Deixe celular e computador de lado no primeiro dia.
  • Durma para o lado do olho que não foi operado e evite mexer no curativo acrílico utilizado na primeira semana.
  • Ao tomar banho, não molhe o rosto nem o curativo. Portanto, suspenda também atividades que envolvam piscina e mar.
  • Mesmo após a retirada do curativo, evite passar maquiagem e cosméticos na área dos olhos por 30 dias.

Complicações

Assim como qualquer intervenção cirúrgica, a remoção da catarata pode desencadear efeitos colaterais. São raras as situações, mas as principais são infecção e inflamação do olho operado. Poucas pessoas enfrentam a cegueira após a cirurgia, mas pode acontecer. Principalmente se o indivíduo for uma criança, pois a visão ainda é muito frágil, se comparada com a de um adulto. Dessa forma, siga toda a linha de cuidados à risca e procure imediatamente seu médico se tiver desconfortos, dor ou piora da visão.

Fonte: Marcelo Brito, médico oftalmologista – CRM: 18871/RQE: 415.

Sobre o autor

Amanda Preto
Jornalista especializada em saúde, bem-estar, movimento e professora de yoga há 10 anos.

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