Cheirar pó de corretivo e os riscos da nova “trend” entre adolescentes
Pode parecer mentira, mas uma nova tendência que ficou famosa nas redes sociais tem preocupado pais de adolescentes em escolas do Brasil. Trata-se de cheirar pó de corretivo após o produto secar, um comportamento nocivo e que pode trazer diversos prejuízos para a saúde.
O corretivo, também chamado de branquinho, é utilizado para apagar erros em textos escritos à caneta. Nos vídeos que circulam nas redes sociais, estudantes cheiram até mesmo dentro das salas de aula. Veja a opinião de um especialista sobre o tema.
Cheirar pó de corretivo: entenda o caso
De acodo com o jornal Folha de São Paulo, no Paraná, ao menos oito escolas estaduais relatam casos de alunos inalando pó de corretivo seco como se fosse cocaína. O número foi confirmado pela Secretaria de Estado da Educação e do Esporte. Também há relatos de que isso estaria ocorrendo em colégios particulares em São Paulo e Santa Catarina.
Em São Paulo, a Escola Estadual Guilherme Giorgi, na zona leste da capital, publicou um comunicado em sua página numa rede social, pedindo aos pais e responsáveis que ficassem atentos aos celulares e conteúdos que os filhos têm acesso na internet. Além disso, a Secretaria da Educação de São Paulo negou que a prática tenha ocorrido na escola citada e que “lamenta a disseminação do comportamento citado pela reportagem e repudia qualquer uso de entorpecentes e substâncias tóxicas dentro ou fora da escola.”
Apesar de não haver prescrição legal para punição criminal, o uso de corretivo líquido inalado pode resultar em processos civis para os pais dos alunos envolvidos.
Como funciona?
Vídeos em que adolescentes ensinam o passo a passo de como transformar a substância em pequenas partículas viralizaram em redes sociais como o TikTok. Nas imagens, jovens pincelam o líquido branco em carteiras escolares, aguardando a secagem e raspando o local até que o produto se torne pó.
Assim que a substância se desfaz de sua forma original, eles separam as partículas e passam a cheirar, utilizando canudos ou encostando a narina na mesa. Na maioria dos casos, os adolescentes não chegam a inalar o produto químico. A prática virou “modinha” entre alunos do ensino fundamental 2 e médio, ilustrando fotos e vídeos nas redes sociais. Giz e borracha também são usados para preparar o pó, que chega a ser fumado e vendido em sala de aula.
Cheirar pó de corretivo: os malefícios da prática para a saúde
Á Vitat, o Dr. Eduardo Bogaz, otorrinolaringologista da Rede de Hospitais São Camilo (SP), afirmou que a prática é absolutamente condenável. “Não traz nenhum benefício, obviamente, e as substâncias químicas presentes neste produto podem lesar mucosa nasal e pulmonar, causando rinites, sinusites e até mesmo irritação química pulmonar. Além de remeter a uma prática nada saudável pra qualquer pessoa. É preciso que seja feita a orientação a estas crianças, pois práticas como esta podem gerar muitos danos”, alertou.
Além disso, o produto é composto por água, pigmentos, geralmente dióxido de titânio, resina e solvente, sendo que, atualmente, a maioria também contém etanol. Ou seja, diversas substâncias nocivas à saúde. O dióxido de titânio, por exemplo, é classificado pelo IARC, sigla para Agência Internacional de Pesquisas em Câncer, como possível carcinogênico, ou seja, agente químico que pode causar câncer.
Fonte: Dr. Eduardo Bogaz, otorrinolaringologista da Rede de Hospitais São Camilo (SP)