Cansaço depois das férias: por que acontece?
O mês de agosto, além de ser muito demorado para algumas pessoas, também é marcado pela volta às aulas e atividades para quem conseguiu parar no meio do ano. Mas, algo muito comum é o cansaço depois das férias.
Para entender o processo de férias ou descanso, depois de um longo período de atividades, nosso cérebro precisa de, pelo menos, 5 dias. Depois disso, o período de descanso deve ser acompanhado de atividades que sejam diferentes do que o cérebro está acostumado no dia a dia.
Por que temos cansaço depois das férias?
Principalmente depois da pandemia, viajar ou ir a restaurantes ficou em segundo plano mesmo para quem tirou férias, por motivos financeiros. Assim, o resultado disso é um período de descanso com menos atividades diferentes do que o cérebro está acostumado, e o pior de tudo: um maior tempo em telas – celulares e TV.
“No mundo ideal, o tempo de férias deveria ser usado para proporcionar ao cérebro atividades variadas: seja por visitas a familiares ou conhecer pessoas novas. Viagens e estudo, ou até mesmo experimentar comidas diferentes. No entanto, a realidade é bem diferente com a inflação alta e a ausência de projeções deste tipo. Essa ausência de planos neste período e dias repetitivos também impactam a sensação de cansaço ao retornar das férias”, detalhou Livia Ciacci, neurocientista do método SUPERA – Ginástica para o cérebro.
Uso de telas
O uso excessivo de telas e celulares neste período é um fator determinante para manter o cérebro em constante estado de alerta, sem qualquer diferenciação do que ele está acostumado a fazer ao longo do ano.
Segundo a especialista, a não diferenciação deste período para os demais meses do ano e o excessivo uso de tecnologias digitais garante ao cérebro “mais do mesmo”, quando ele precisa parar e variar.
“Por que nos sentimos tão cansados? Essa resposta é multifatorial, mas passa também por essa normalização do uso de telas. Observe que estamos falando de uma geração – crianças, jovens, adultos e idosos tendo como principal fonte de lazer e entretenimento a vida diante das telas. Ou seja, a consequência disso para o cérebro é muito ruim. Pois, além de reforçar um comportamento passivo e pouco imaginativo, mantém o cérebro em constante estado de alerta – até mesmo nos momentos que deveriam ser destinados ao lazer”, alertou.
Cansaço depois das férias: consequências
Livia reforça que quando o descanso não acontece, o cérebro passa a entender tudo como ameaça. “Isso leva a um aumento do estado de alerta, o cérebro manda o corpo liberar hormônios, como a adrenalina por exemplo, que faz com que os músculos se contraiam”, alertou.
Consequentemente, os músculos se contraem e comprimem os nervos, levando ao surgimento de dores no corpo.
Além disso, os pensamentos acelerados começam a alterar a qualidade do sono. Isso porque o cérebro não consegue passar pelas fases normais do sono, não conseguindo, de fato, descansar.
Daí começam a aparecer as mudanças comportamentais, como perda de interesse em coisas que davam prazer e outros sintomas de ansiedade.
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Benefícios de se desligar
É essencial respeitar seus limites e descansar o corpo e a mente. Portanto, confira cinco motivos para descansar mais e melhor a partir de agora:
- Um cérebro descansado é mais bem-humorado e será capaz de socializar melhor;
- Manter um ritmo saudável de descanso e sono facilita os processos de limpeza dos restos metabólicos que ficam no tecido cerebral após atividade mental intensa. Assim, previne desordens como o Alzheimer;
- Estimula a criatividade;
- Descansar aumenta a capacidade de memorização de episódios e informações;
- Vários experimentos demonstraram que a fadiga faz com que nossas decisões sejam ruins e isso é levado muito a sério em algumas profissões, como os pilotos de avião.
Fonte: Livia Ciacci, neurocientista do SUPERA – Ginástica para o cérebro.