Câncer e ultraprocessados: consumo eleva risco para 34 tipos da doença
Embora sejam gostosos e economizem o tempo na cozinha, os alimentos ultraprocessados recebem críticas da ciência há algum tempo. Diversos estudos já apontaram as consequências do consumo excessivo para a saúde. O mais recente reforça a relação entre produtos industrializados e a incidência do câncer. No entanto, de acordo com a nova pesquisa, ainda “faltavam evidências sobre o desenvolvimento do câncer e a mortalidade causadas pelo consumo de ultraprocessados”.
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O que descobriu o estudo sobre ultraprocessados e câncer?
Publicado no eClinical Medicine do The Lancet, os autores alertaram para o aumento da ingestão de alimentos industrializados, pois são “relativamente baratos, altamente palatáveis e prontos para comer”.
Todavia, a popularidade dos ultraprocessados que, em teoria, facilitam a rotina e democratizam a alimentação, cobra um preço alto.
É o que mostra a pesquisa, que avaliou o consumo dos alimentos associada a 34 tipos de câncer em participantes britânicos. Os dados dos indivíduos foram obtidos a partir do UK Biobank, um banco que reúne informações de saúde de mais de 500 mil pessoas.
Ao todo, o levantamento analisou os hábitos alimentares de quase 200 mil indivíduos, com idades entre 40 e 69 anos, cuja maioria era composta por mulheres (54,6%). O acompanhamento durou quase 10 anos e, nesse período, 15.921 pessoas desenvolveram câncer, além de mais de 4 mil mortes pela doença.
Mas, o achado mais preocupante foi o surgimento do câncer de ovário, que é considerado raro, e o aumento da mortalidade pelo câncer de mama entre a população feminina.
Critérios de associação
Para relacionar o efeito dos ultraprocessados sobre o surgimento de um câncer, os pesquisadores calcularam o percentual de ingestão desse tipo de produto. Como resultado, o consumo médio de ultraprocessados foi de 22,9% na dieta total.
No entanto, quanto maior o consumo, maior o risco. O estudo concluiu que a cada 10% de alimentos ultraprocessados na dieta, as chances de adquirir um câncer de ovário elevou em 19%; já para os demais tipos de câncer, em 2%.
Como reduzir o consumo de ultraprocessados e evitar doenças como o câncer?
Além da alimentação, outros hábitos podem colaborar para a manifestação de uma enfermidade como o câncer. Tabagismo, ingestão frequente de álcool e falta de atividade física, por exemplo, são fatores de risco para neoplasias.
Portanto, não basta priorizar uma alimentação restrita a escolhas saudáveis — o estilo de vida precisa estar alinhado a esse pilar. No quesito movimento, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda 150 minutos de atividades semanais. Logo, é possível cumprir essa meta com caminhadas diárias, caso falte tempo para se exercitar.
Porém, se você deseja comer melhor, aposte em maior variedade de frutas, verduras, grãos, vegetais e carnes magras. A diversidade no prato garante o aporte nutricional necessário para manter a boa saúde.
Além disso, outra medida que deve integrar a rotina de qualquer pessoa são os exames preventivos. O famoso check-up ajuda a diagnosticar doenças e possíveis problemas de maneira precoce, o que aumenta a efetividade de tratamentos.
Então, mesmo que você acredite que a saúde vai bem, não deixe de visitar o médico a cada seis meses ou conforme orientações. Assim como o câncer, várias outras doenças começam de forma silenciosa, sem dar sinais específicos de algo grave.