Câncer de estômago: conheça as causas, sintomas e tratamentos
O câncer de estômago, embora pouco citado, é um dos tumores mais frequentes e figura na lista dos que mais matam. De acordo com o Inca (Instituto Nacional do Câncer), ele é o terceiro tipo mais comum entre homens e o quinto entre as mulheres. A doença ocorre quando as células do estômago começam a crescer fora de controle.
Também chamado de câncer gástrico, esse tipo de tumor se desenvolve lentamente ao longo dos anos. Assim, raramente causa sintomas, por isso muitas vezes é negligenciado. A boa notícia é que, quando descoberto a tempo, o câncer de estômago tem alta taxa de cura. Entenda melhor as causas, sintomas e tratamentos da doença.
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Causas
Inicialmente, o fator genético é um dos principais causadores do câncer de estômago. Mas não só ele. Se alimentar inadequadamente também aumenta o risco da doença. Assim, o alto consumo de produtos enlatados, industrializados e, principalmente, os excessivamente salgados, trazem riscos consideráveis para a saúde do órgão. Vale destacar que doenças como gastrite aguda e a úlcera gástrica não têm correlação com o câncer gástrico.
Fatores de Risco
O câncer de estômago afeta principalmente as pessoas mais velhas. Dessa forma, a idade média dos pacientes diagnosticados é de 68 anos. Inclusive, cerca de 60% dos pacientes com câncer de estômago têm 65 anos ou mais. Além disso, outros fatores de risco são considerados quando falamos sobre esse tipo de tumor:
- Excesso de peso e obesidade
- Consumo de álcool
- Consumo excessivo de sal, alimentos salgados ou conservados no sal
- Tabagismo
- Ingestão de água proveniente de poços com alta concentração de nitrato
- Doenças pré-existentes, como anemia perniciosa, lesões pré-cancerosas (como gastrite atrófica e metaplasia intestinal) e infecções pela bactéria Helicobacter pylori (H. pylori)
- Combinação de tabagismo com bebidas alcoólicas ou com cirurgia anterior do estômago
- Ter parentes de primeiro grau com câncer de estômago
Tipos de câncer de estômago
Os diferentes tipos de câncer de estômago incluem:
- Adenocarcinoma: De 90% a 95% das neoplasias de estômago são adenocarcinomas. Esses cânceres se desenvolvem a partir das células que formam a camada mais interna do estômago (mucosa).
- Linfoma: São cânceres do sistema imunológico que às vezes são encontrados na parede do estômago. O tratamento e prognóstico desse tipo de câncer de estômago dependem do tipo do linfoma.
- Tumor estromal gastrointestinal (GIST): Os tumores estromais gastrointestinais são raros e se iniciam nas células da parede do estômago denominadas células intersticiais de Cajal. Alguns desses tumores são benignos e outros malignos.
- Tumor carcinoide: Se originam nas células do estômago que produzem hormônios. A maioria desses tumores não se dissemina para outros órgãos.
- Outros tipos: Outros tipos de cânceres, como o carcinoma de células escamosas, carcinoma de pequenas células e leiomiossarcoma, também podem começar no estômago, mas são muito raros.
Sintomas de câncer no estômago
Em estágio inicial, os sintomas de câncer no estômago muitas vezes sequer aparecem. Por isso, a ocorrência de dor no estômago – um dos principais sinais do tumor – com mais de duas semanas de duração precisa ser investigada. Além da dor, outros sinais também servem de alerta:
- Perda de peso inexplicada e perda de apetite
- Vômitos com sangue
- Fadiga
- Náuseas e desconforto abdominal
Ainda de acordo com o INCA, os sangramentos gástricos são incomuns no câncer de estômago. Entretanto, o vômito com sangue ocorre em cerca de 10% a 15% dos casos. Também podem surgir sangue nas fezes, fezes escurecidas, pastosas e com odor muito forte (indicativo de sangue digerido).
Além disso, sintomas como uma massa palpável na parte superior do abdômen, aumento do tamanho do fígado, presença de íngua na área inferior esquerda do pescoço e nódulos ao redor do umbigo indicam estágio avançado da doença.
Como diagnosticar
Inicialmente, o diagnóstico desse tipo de câncer é feito pela endoscopia digestiva alta, realizada por meio de sedação. Esse tipo de exame permite ao médico visualizar o esôfago e o estômago, além de fazer biópsias (retirada de pequenos fragmentos do tecido) que podem ajudar na confirmação (ou não) de um tumor.
Caso o diagnóstico de câncer gástrico seja confirmado, geralmente é necessária a realização de tomografias computadorizadas para avaliar a extensão do tumor. Em alguns casos, quando o câncer parece ser de estágio mais inicial, pode ser solicitada ultrassonografia endoscópica (exame semelhante à endoscopia digestiva alta, em que na ponta do tubo introduzido pela garganta há um aparelho de ultrassom).
Tratamento
Câncer de estômago sem metástase
Pacientes com câncer de estômago realizam, geralmente, a cirurgia de retirada do tumor. Assim, durante o procedimento, o cirurgião faz um exame visual do interior da cavidade abdominal para verificar se não há disseminação do tumor. A decisão de retirar todo o estômago ou apenas parte dele depende de fatores como a localização específica do tumor, a extensão da lesão e o subtipo de câncer. Em algumas situações, como quando o tumor invade a artéria aorta, a cirurgia pode não ser possível.
A realização da quimioterapia, antes e/ou após a cirurgia, em geral, aumenta as chances de cura (exceto nos tumores mais iniciais). Além disso, em casos selecionados, também pode ser necessário o tratamento com radioterapia após a cirurgia.
Câncer de estômago sem metástase
Quando não é possível retirar o tumor com cirurgia ou quando há metástases (câncer espalhado para outros órgãos), o tratamento é paliativo. O objetivo do tratamento paliativo é aliviar ou evitar sintomas, melhorar a qualidade de vida e prolongar a sobrevida. A escolha do tipo depende dos sintomas presentes, da extensão do tumor e, principalmente, das condições físicas do paciente.
Além disso, quando há sangramento tumoral, a avaliação médica é essencial. Dessa forma, o especialista irá definir o tratamento necessário para cada paciente, que pode incluir: observação, medicamentos, transfusões sanguíneas, procedimentos endoscópicos ou vasculares (embolização para cessar o sangramento), cirurgia ou radioterapia paliativa.
Em casos mais brandos, modificações de dieta e o uso de medicamentos podem aliviar. Em outras situações, a depender da causa da obstrução e das condições físicas do paciente, a melhora pode ocorrer com quimioterapia, radioterapia, procedimentos endoscópicos ou cirúrgicos. A colocação de um cateter pelo nariz até o estômago para fazer a descompressão gástrica e a drenagem de secreção, ou mesmo a sedação paliativa, podem ser necessários em quadros clínicos mais graves.
Por fim, a quimioterapia paliativa pode, em alguns casos, prolongar a sobrevida e melhorar a qualidade de vida. É importante que esse tratamento ocorra de forma simultânea ao controle dos sintomas (medidas para controle de dor, sangramento, vômitos, etc.) e do suporte psicossocial ao paciente e familiares.
Por fim, levando em conta que o fator alimentação é um dos principais causadores do câncer de estômago, alguns hábitos também precisam ser ajustados, como reduzir o consumo de sal, por exemplo.
Como prevenir?
A princípio, a dor no estômago persistente é o primeiro sinal de câncer no estômago e não deve ser negligenciada. Por isso, a realização de endoscopia é indicada anualmente a partir dos 50 anos de idade. Além disso, para prevenir a doença recomenda-se manter o peso corporal dentro dos limites da normalidade, evitar o consumo de bebidas alcoólicas e de alimentos salgados e preservados em sal, bem como não fumar.
Referências: Hcor, Instituto Nacional do Câncer e American Cancer Society.