Cálculo renal infantil: alimentação e histórico familiar são fatores de risco
Um problema mais comumente relacionado à vida adulta tem aumentado de forma considerável entre crianças e adolescentes: o cálculo renal infantil, isto é, as “pedras nos rins”. De acordo com um estudo publicado na Sociedade Americana de Nefrologia, nos Estados Unidos, a incidência da patologia em jovens de 15 a 19 anos aumentou 16% nos últimos anos.
Embora não existam pesquisas recentes sobre o assunto no Brasil, especialistas relatam que a frequência de pacientes pediátricos com queixas de sintomas correlatos tem crescido nos últimos anos. Dentre os fatores que contribuem para o cenário estão alimentação multiprocessada, sedentarismo, baixa ingestão de água e histórico familiar. Entenda mais sobre a condição.
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O que é o cálculo renal infantil e quais são as causas?
Segundo Antonio Cesar Cillo, médico nefrologista pediátrico do Vera Cruz Hospital, o cálculo renal consiste em formações endurecidas (realmente parecidas com pedras) que se formam nos rins ou nas vias urinárias, gerando o acúmulo de cristais presentes na urina e causando dor e desconforto.
O histórico familiar está entre os fatores que explicam o problema. “As crianças de famílias que têm várias pessoas com cálculo renal têm mais chances de desenvolvê-lo. Nesse sentido, a incidência na infância não é desprezível, varia de 1% a 4%. Por outro lado, no adulto, a variação é de 10% a 20%. Por isso, é importante estar atento. A investigação de um possível distúrbio metabólico urinário prevenirá novos frutos de pedra nos rins”.
Sintomas
De acordo com o médico, os sintomas entre crianças e adultos têm algumas diferenças. “Nos adultos, por exemplo, a sensação de cólica renal é intensa, acomete a região lombar e migra para a virilha. Já nas crianças, há uma dor abdominal difusa, menos intensa, que pode vir acompanhada de palidez e vômitos”, diz.
Aos pais e responsáveis, o especialista recomenda atenção a alguns indícios. “Geralmente, a pedra nos rins confunde-se com cólica intestinal, porém, se, junto com a dor abdominal, houver hematúria, ou seja, a presença de sangue na urina, é bem possível que se trate de um cálculo renal e, aí, não se deve esperar para procurar atendimento médico”.
Diagnóstico do cálculo renal infantil
Inicialmente, o médico solicitará um exame de urina e, para confirmar o diagnóstico, um ultrassom ou uma tomografia. “Em casos de crianças e adolescentes, é fundamental fazer uma boa investigação, pois se houver um distúrbio metabólico urinário, durante toda a vida haverá o cálculo renal. Daí, é possível iniciar um tratamento de prevenção”, orienta Cillo.
Tratamento
O tratamento é simples e consiste em identificar a causa do distúrbio metabólico urinário. Os quatro mais comuns são: hipercalciúria idiopática, que é o excesso de cálcio na urina; hiperuricosúria, que é o aumento do ácido úrico na urina; hipocitratúria, que é a diminuição do citrato na urina (sendo o citrato um grande protetor contra a formação de pedra); e a hiperoxalúria, que é o excesso de oxalato de cálcio.
“O tratamento é feito com uso de medicamentos para efeitos de correção, e os resultados são muito bons. Cálculos maiores exigem a retirada. Para isso, o procedimento pode ser a litotripsia, ou seja, ondas de choque direcionadas ao local. Elas quebram, implodem a pedra, e os fragmentos são eliminados com mais facilidade. Há também outros tipos de cirurgias com essa finalidade, que podem variar conforme o tamanho do cálculo”, diz.
Como evitar o cálculo renal infantil?
Para evitar o problema, existem algumas recomendações. “A orientação é sempre manter a criança bem hidratada, evitar alimentos muito salgados e ricos em sódio, evitar refrigerantes e alimentos multiprocessados. Água e frutas cítricas são grandes protetores da formação de cálculos renais”, conclui o especialista.