Bactéria pode ter relação com a endometriose, diz estudo
Recentemente, um grupo de pesquisadores do Japão identificou uma bactéria que pode estar ligada ao surgimento da endometriose. A descoberta é importante, uma vez que as causas da doença ainda não estão totalmente esclarecidas pela ciência. Contudo, especialista afirma que mais estudos precisam ser feitos a respeito do tema. Confira:
Bactéria ligada à endometriose: estudo
O artigo foi publicado no começo de junho na revista Science Translational Medicine. Nele, especialistas da Universidade de Nagoya analisaram amostras de tecido do endométrio de 79 mulheres com endometriose e de 76 mulheres sem a condição.
Como resultado, perceberam que a bactéria Fusobacterium estava presente em 64% das voluntárias com a doença (que inclusive tinham lesões maiores e em maior quantidade), e em apenas 10% das mulheres que não tinham endometriose.
O Dr Marcos Tcherniakovsky, médico ginecologista e Diretor de Comunicação da Sociedade Brasileira de Endometriose (SBE), explica que o micro-organismo também pode ser encontrado em outras regiões do corpo, como na mucosa oral e no sistema gastrointestinal.
“Isso levantou uma suspeita de que a presença dessa bactéria pode ser um dos fatores (mas não o único) que causaria a endometriose nas mulheres estudadas”, diz o médico. Os pesquisadores japoneses também fizeram testes em camundongos e confirmaram que, de fato, surgiram mais lesões de endometriose nos ratinhos infectados.
Além disso, descobriu-se que um antibiótico específico foi capaz de reduzir as lesões e provocar melhoras no quadro da doença.
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Importância da pesquisa
De acordo com o porta-voz da SBE, a endometriose é uma das doenças mais estudadas da atualidade. Além disso, diversas pesquisas já tentaram relacioná-la a fatores como baixa imunidade e processos infecciosos e inflamatórios.
“A endometriose é considerada uma doença inflamatória, e já teria que ser considerada um problema de saúde pública. Vários estudos já colocam a endometriose como um problema sistêmico, e não um problema simplesmente localizado na região pélvica.”
Segundo ele, o estudo é inicial, e outras investigações precisam ser feitas a respeito do assunto. O número de participantes, por exemplo, foi muito pequeno, além de o experimento ter sido limitado a apenas uma região – por isso, análises posteriores precisarão incluir uma amostragem maior e mais diversificada.
“Mas como tudo na medicina (e até em relação à própria endometriose), é algo que vai despertar em outras instituições a vontade de estudar essa bactéria e demais bactérias em relação ao aparecimento da endometriose”, finaliza o especialista.
Fonte: Dr Marcos Tcherniakovsky, médico ginecologista e Diretor de Comunicação da Sociedade Brasileira de Endometriose (SBE).