Ataque de fúria infantil: o que é e como lidar
Após o período de gestação e puerpério, começa uma das tarefas mais difíceis e importantes para os pais: educar as crianças. Levando em consideração que a maioria dos pais passam o dia todo fora de casa por conta do trabalho, nem sempre eles sabem lidar com algumas situações. Como por exemplo, quando ocorre o ataque de fúria infantil, um termo coloquial e que não é utilizado tecnicamente.
De todo modo, refere-se à comportamentos agressivos comuns quando a raiva toma conta da criança. Mas, muitas vezes, os pais não sabem identificar o motivo da crise e como agir diante disso.
De acordo com Deise Moraes Saluti, psicóloga e neuropsicopedagoga, é necessário buscar os gatilhos, entender os porquês, analisar históricos, ponderar o ambiente e buscar o comportamento primário à ação. “Só a avaliação por um comportamento é errado, precisa-se observar todo o comportamento dos pais ou cuidadores responsáveis por essa criança para, então, tentar entender o episódio”, explica.
Como diferenciar o ataque de fúria da birra?
O que coloquialmente chamamos de “birra” se trata de um conjunto de comportamentos que tem como objetivo enfatizar uma insatisfação da criança. Geralmente, é decorrente de um pedido não atendido. Isso porque, onde a criança acredita que chorando, ficando isolada, se negando a olhar ou a comer, com esses episódios ela pode chamar a atenção dos pais. Assim, pode conseguir algo, como uma recompensa pela sensação de abandono.
“Não podemos afirmar que seja só uma birra. Ou seja, ninguém poderá julgar o sentimento dessa criança e muito menos o que ela está pensando”, ressalta Deise.
Transtorno Explosivo Intermitente
Segundo a Classificação Internacional de Doenças (CID-11), o Transtorno Explosivo Intermitente (TEI) caracteriza episódios breves de comportamentos agressivos desproporcionais à provocação. O que chamamos coloquialmente de ataque de fúria pode ser um dos sintomas do TEI. Porém, como todo diagnóstico em saúde mental, deve ser feito apenas por um profissional capacitado, como um psicólogo credenciado no CRP ou um médico psiquiatra credenciado no CRM..
Segundo Deise, quando os conflitos se externalizam é quando acontece o Transtorno Explosivo Intermitente (TEI) nas crianças. Assim, o transtorno se instala diante a uma sequência de sentimentos de insegurança.
Leia mais em: Transtorno Explosivo Intermitente: O que é e tratamento
Como os pais devem reagir ao ataque de fúria
Em primeiro lugar, é importante tentar entender o que pode estar causando esse comportamento. Se isso costuma ocorrer junto com os pais, na escola ou em outro contexto; se a criança está conseguindo expressar adequadamente outras emoções ou se o problema está mais relacionado à raiva e irritação; o quanto aquele comportamento está adequado à faixa etária da criança e suas condições de se regular emocionalmente.
Em segundo lugar, se os pais avaliarem que o comportamento está frequente e inadequado para o contexto e a faixa etária da criança, é importante buscar ajuda profissional com um psicólogo infantil. Durante a terapia, a criança poderá aprender outras formas de expressar suas vontades e de lidar com a frustração. Por último, é importante não reforçar esse tipo de comportamento dando atenção à criança e suas necessidades apenas após um comportamento agressivo. O mais relevante é interessar-se pela criança e pelos seus sentimentos em todos os momentos compartilhados com ela. Além disso, ensiná-la qual é a forma mais adequada de se portar.
Fonte: Deise Moraes Saluti, psicóloga e pós-graduada em Neuropsicopedagogia e Psicologia Infantil.