Quer aprender e não esquecer mais? Confira essas dicas!
A escola, geralmente, é o nosso primeiro contato com algum grau de frustração. É nela que percebemos, pela primeira vez, que precisamos aprender e não esquecer mais.
Mas o que deveria ser regra nem sempre é tão simples. Pois o nosso cérebro é único e reage de diferentes maneiras aos estímulos que recebemos. O psicólogo alemão Herman Ebbinghaus, constatou que esquecemos cerca de 70% do que aprendemos em um prazo de 24 horas quando não há assimilação das novas informações.
Segundo Livia Ciacci, neurocientista do SUPERA – Ginástica para o Cérebro, podemos resumir a aprendizagem como a capacidade de adquirir e armazenar dados para pensar e agir. Assim, essa capacidade está intimamente ligada a outra habilidade cognitiva essencial, que é a memória.
A todo momento temos contato com o mundo e recebemos milhares de estímulos e informações pelos canais sensoriais, como durante a leitura, por exemplo, onde por meio da visão é possível codificar frases e interpretar o sentido. Essa é a primeira fase do processo: a aquisição da informação.
“Após o primeiro contato, esse conteúdo fica na memória de curto prazo e pode ser recuperado de horas a alguns dias. Para um conteúdo sair da memória de curto prazo e se tornar memória de longo prazo, é necessário acontecer um processo neurofisiológico conhecido como consolidação”
Aprender e não esquecer mais: como o cérebro capta as informações
A primeira coisa que temos que entender neste processo é que o cérebro só consolida as informações que considera mais relevantes. Além disso, existem duas maneiras de “mostrar” pra ele que aquilo que queremos aprender é ideal:
- Repetição: ou seja, voltando ao conteúdo várias vezes, pensando sobre ele e procurando fazer conexões com outros conhecimentos já consolidados;
- Impacto emocional e/ou sensorial: nós sempre vamos registrar com mais facilidade aquilo que gera apelos emocionais ou que ativam intensamente nossos sentidos.
“Imagine que você estuda dois assuntos, um que não se interessa tanto e outro que gosta bastante. Será muito mais fácil consolidar as memórias do assunto que se gosta, por causa do emocional estar mais envolvido, potencializando a atenção. Mas não é impossível aprender mesmo sem ter muito interesse, aí nesse caso a repetição é uma boa estratégia”, destacou Livia.
Leia também: Memória fraca é sinal de Alzheimer no futuro?
Por que esquecemos o que aprendemos?
No cérebro, a memória declarativa (aquela que expressamos por meio da linguagem) de longo prazo é ilimitada. Isto é, tudo que passar pela consolidação ficará disponível para evocação ao longo de anos.
Por outro lado, se a pessoa passa muito tempo sem colocar o aprendizado em prática sem pensar de novo sobre o assunto, quando ela quiser retomar, o esforço será ainda maior.
“Isso acontece porque o cérebro tem mecanismos de ‘limpeza’, apagando memórias que ele percebe que já não são acessadas ou usadas. Então nós temos sim a capacidade de memorizar algo para sempre, mas é necessário retomar essas informações vez ou outra para reforçá-las!”, pontuou Livia Ciacci, neurocientista do SUPERA – Ginástica para o cérebro.
As crianças aprendem mais rápido
Somos capazes de aprender em todas as idades, mas de fato, as crianças conseguem aprender mais rápido que adultos e idosos, pelo fato de terem a neuroplasticidade trabalhando intensamente, afinal, é um cérebro que está aprendendo a lidar com o ambiente para conseguir sobreviver.
“Nos adultos, o cérebro já está organizado e já faz um gerenciamento da plasticidade, como se direcionasse mais ‘recursos’ para aquelas áreas que são mais exigidas. Por exemplo, um guitarrista usa muito a percepção auditiva e a motricidade das mãos, então ele tem essas áreas no cérebro mais desenvolvidas e com mais facilidade para aprender uma música nova ou um movimento novo”, destacou Livia Ciacci, neurocientista do SUPERA – Ginástica para o Cérebro.
O que é determinante para aprender e não esquecer mais?
Você deve estar se perguntando qual é a chave para aprender e não esquecer mais. Primeiro, é importante entender que as preferências, profissões e estilo de vida influenciam no tipo de aprendizado de longo prazo que a pessoa terá na vida adulta e na velhice.
“Os idosos também têm capacidade de aprender, mas provavelmente com uma menor velocidade de processamento das informações, que é algo natural do envelhecimento ou também devido a problemas nos órgãos dos sentidos, como a visão ou audição. Nessa fase da vida é importante não parar”, concluiu a especialista.
Fonte: Livia Ciacci, neurocientista do SUPERA – Ginástica para o Cérebro.