Qual é a diferença entre estar ansioso e ter ansiedade?
A ansiedade é uma resposta natural do ser humano diante de situações que a mente encara como perigosas. Pode ser um desafio no trabalho, uma decisão importante que precisa ser tomada, compromissos, contas a vencer, mudanças e até uma grande viagem.
Nesses momentos de preocupação intensa entra em ação um mecanismo de defesa que prepara o corpo para fugir ou enfrentar a ameaça. “Instala-se assim uma luta interna, cujo efeito é sentido como ansiedade a partir de vários sinais físicos, como aumento das frequências cardíaca e respiratória, por exemplo. A ansiedade, nesse sentido, é o que também podemos chamar de angústia”, detalha Renata Garutti Rossafa, psicóloga e mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Mato Grosso.
Apresentar essa sensação é comum e saudável, porque, apesar do desconforto, não nos impede de lidar com os desafios e os sintomas desaparecem rapidamente. “Sentir ansiedade é inevitável. O que se considera mais preocupante é quando o estado de ansiedade paralisa e a angústia se intensifica ao ponto de a pessoa achar que não está dando conta, demandando muita energia para se manter estável emocionalmente”, observa a psicóloga.
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É aí que a ansiedade pode ficar mais séria e se transformar em um distúrbio, conhecido como transtorno de ansiedade.
O que é o transtorno da ansiedade?
Renata explica que a ansiedade se torna um transtorno quando domina diferentes contextos e aspectos da vida, bloqueando ações e impedindo de realizar atividades cotidianas. “Quem tem transtorno de ansiedade se sente incapaz de lidar com as situações que chegam. Elas se tornam ameaçadoras, preocupantes. Muitas vezes, o indivíduo até conseguiria resolver o problema, mas nutre a impressão de que precisa se esforçar demais e acaba gastando muita energia na tentativa de prever e garantir que nada sairá do controle.”
Principais sintomas
A intensidade e a frequência com que os sintomas da ansiedade aparecem são os principais indicadores do transtorno. Algumas das características persistentes do problema são:
- Distúrbios do sono
- Dificuldades em seguir a rotina
- Tentativa de controlar tudo e todos à sua volta para se sentir seguro
- Estado de apreensão e pensamento recorrente do que pode dar errado ou fugir à expectativa
- Busca por realizar rapidamente as atividades para se ver livre delas
- Autocobrança e autoexigência diante das situações do dia a dia
- Pensamento constante no passado, remoendo aquilo que já foi
- Grande preocupação com o futuro, tentando prever o que virá
- Necessidade de se comparar às outras pessoas
- Necessidade de acompanhar tudo e todos à sua volta para conferir valor a si mesmo
- Sintomas físicos, como aumento da frequência cardíaca, dor de cabeça e suor em excesso
- Sensação de medo diante dos desafios
- Irritabilidade
- Dificuldades de concentração e raciocínio
- Mudanças no padrão de apetite – fome demais ou de menos
- Dificuldades para encontrar amigos e familiares
Diagnóstico e tratamento
Ao identificar esses sintomas, é fundamental buscar ajuda profissional, seja um psicólogo ou psiquiatra. Somente ao longo das consultas é possível analisar os impactos da ansiedade no dia a dia e, assim, traçar o diagnóstico e o tratamento correto. “Isso é indicado para todos os níveis de ansiedade, seja ela mais leve ou um quadro de transtorno”, diz Renata.
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Segundo a psicóloga, qualquer método terapêutico que contribua para o autoconhecimento e o fortalecimento da capacidade de pensar em si mesmo, no mundo e em suas ações e relações é válido. No entanto, o tratamento deve ser sempre pensado de acordo com cada caso. Dependendo da intensidade e de como a pessoa está lidando com as situações que causam ansiedade, pode ser necessária uma intervenção multidisciplinar. Isso significa aliar o tratamento psicológico, com terapia, ao psiquiátrico, por meio de medicação.
“A intenção medicamentosa atua na perspectiva biológica, no sentido de auxiliar o sujeito a manter suas atividades cotidianas. Já o tratamento psicológico é o que permite aprender a lidar com a própria ansiedade, fortalecendo o relacionamento consigo mesmo e desenvolvendo a capacidade de enfrentar situações de angústia no futuro”, esclarece.
Vale ressaltar que os remédios podem levar um tempo até produzirem o efeito desejado e também apresentar efeitos colaterais. As doses, em geral, precisam ser ajustadas ao longo do tratamento. “O tratamento médico deve ser seguido à risca, sem automedicação e sem interrupções por conta própria, mantendo sempre o acompanhamento psicológico para que seja mais efetivo.”
Além disso, o quadro de ansiedade melhora muito quando se mantém uma rotina de atividades físicas, alimentação equilibrada e sono regular.
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