Por que temos dor de barriga quando estamos ansiosos?
Você já sentiu aquela vontade de correr para o banheiro antes de um evento importante? Provavelmente sim, afinal, todos passam por isso em algum momento da vida. Mas o que muitos não sabem é sobre a relação entre a ansiedade e o intestino.
Assim, o indivíduo pode ter os sintomas comuns de ansiedade, como tremores, batimentos cardíacos acelerados, falta de ar, sudorese e também náuseas ou diarreia.
Entendendo o intestino
Em primeiro lugar, o intestino é um dos maiores órgãos do nosso corpo. Dessa forma, ele tem uma área de extensão de aproximadamente 250 metros quadrados, chegando a ter o tamanho de uma quadra de tênis.
De acordo com o Dr. Carlos Portela, cardiologista e médico do esporte, antes o intestino era conhecido por ser responsável pela digestão, absorção e transporte de nutrientes. Mas, na verdade, o intestino assume um papel de importância na regulação e manutenção da saúde de todo o corpo.
“Mais de 80% da nossa imunidade tem sua concentração e modulação nesse órgão, não podemos desconsiderar o importante papel dele no controle e prevenção dessas doenças. Quando viajamos e saímos da dieta, colocando alimentos mais inflamatórios, percebemos maiores dores musculares, dores de cabeça, fadiga. Ou seja, quando colocamos alimentos e substâncias inflamatórias em um órgão que tem seus 250m2 de área, geramos um processo inflamatório que é perceptível, mas que a grande maioria das pessoas não davam a devida importância”, diz o especialista.
Alguns sinais clássicos de um mau funcionamento intestinal são excesso de gases, empachamento, frequências aumentadas ou diminuídas de idas ao banheiro, desconforto e dores abdominais, azia e sensação de má digestão.
Por que a ansiedade dá dor de barriga?
O médico cardiologista ressalta que o intestino é considerado o nosso segundo cérebro e tem uma relação íntima com o sistema nervoso. “É responsável pela regulação de apetite, níveis de energia, emoções, atitudes, aprendizado e memória.”
Desse modo, as pessoas costumam sentir o intestino mais “solto” quando estão ansiosas pelo simples fato desse órgão ter ligação direta com o cérebro. “Por isso quando em situações de estresse podemos perceber aquela dor de barriga, náuseas, episódios de diarreia, alterações de humor e irritabilidade e sensação de coração acelerado”, explica Dr. Carlos.
Além disso, o intestino é responsável pela produção de quase 90% da serotonina, o “famoso” hormônio do bem-estar.
“Um ponto importante para ressaltar é a relação que sabemos hoje entre a saúde intestinal e o crescente aumento dos casos de depressão e ansiedade. Boa parte dos medicamentos utilizados para controle dessas patologias são responsáveis por modular a serotonina. Mas se você não tem uma boa saúde intestinal a medicação perde parte da sua efetividade, deixando muitas vezes as pessoas dependentes da medicação por um longo período”, explica o cardiologista.
Síndrome do intestino irritável
A síndrome do intestino irritável (SII) é uma doença crônica que, ao contrário do que muitos imaginam, não evolui para câncer de intestino, nem oferece riscos maiores, mas pode afetar a qualidade de vida e ser muito incapacitante.
Segundo o Dr. Carlos, a causa da ainda não é bem compreendida e o diagnóstico costuma ser feito com base nos sintomas, que incluem dor abdominal, inchaço, diarreia e constipação.
Leia mais em: Síndrome do intestino irritável: conheça as causas, sintomas e tratamentos
O tratamento dos sintomas é feito por meio do controle de dieta, estilo de vida e gerenciamento do estresse. Contudo, algumas pessoas precisam de medicação e terapia e cuidados mais específicos.
“Existe uma relação direta entre o desequilíbrio da flora intestinal, a chamada disbiose, e a SII. Um dos fatores relacionados a ambas é o estresse que pode ser físico, mental e emocional. Por isso uma visão ampla e integrativa da saúde se faz importante. Mudanças de padrão alimentar com diversificação e qualidade nutricional, práticas de atividade física, melhora da qualidade de sono e gerenciamento de estresse e ansiedade com técnicas específicas são as armas para o combate de todas essas desordens”, afirma o cardiologista Dr. Carlos.
Fonte: Dr. Carlos Portela – Cardiologista e Médico do Esporte