Como lidar com a ansiedade de separação na volta às aulas
A pandemia trouxe vários empecilhos com relação à educação das crianças. Durante um período de dois anos, as aulas presenciais foram substituídas por aulas remotas. Os pais tiveram que adaptar os filhos a estudarem em casa e, com isso, houve mais proximidade entre eles. Mas por conta do avanço da vacinação, muitas cidades já planejam a retomada às aulas presenciais. No entanto, o retorno pode ser um tanto quanto difícil para os pequenos e eles acabam sofrendo com a ansiedade de separação.
De acordo com Deise Moraes Saluti, psicóloga e neuropsicopedagoga, os pais devem incentivar esse retorno. Assim, além de aprendizado, a criança interage socialmente e adquire sua experiência da primeira fase de liberdade.
“Os filhos necessitam exteriorizar e muitos, infelizmente, se encontram em um momento de tanta fragilidade de socialização. Pois passaram muito tempo só com os pais e se sentindo sem o menor apoio. Ou até mesmo com os pais ao lado, mas sem a atenção, sem interação, sem lazer, sem atividade física como brincar, correr, pular, sem poder se encontrar com os amigos”, explica Deise.
“O retorno é importante para a qualidade do seu desenvolvimento cognitivo, intelectual e motor, além de trabalhar a autoconfiança”, continua.
Os pais também sentem a ansiedade de separação
Além das crianças, os pais também sofrem com a ansiedade de separação dos filhos. Afinal, foram dois anos de isolamento, com todos juntos em casa.
“A saudade, a falta de rotina, a companhia e outros fatores podem fazer os pais ficarem carentes de seus filhos ou vice-versa. O melhor a fazer é acompanhar seu filho até o colégio e esperar com muito carinho pelo retorno, preparar um momento especial ou uma atividade em conjunto. Abraçar, beijar e dar muito carinho fazem qualquer criança desejar retornar para casa”, afirma a especialista.
O que fazer se a criança estiver sendo agressiva e “birrenta”?
O medo é um dos maiores sentimentos entre as crianças durante esse período, algo totalmente compreensível. Principalmente se a criança nunca foi para a escola presencialmente. Por isso, surgem comportamentos como agressividade e “birra”.
Segundo a psicóloga Deise, se uma criança reage com agressividade, os pais devem tentar identificar os gatilhos ou os impulsos de reações negativas para que seus filhos reajam com agressividade.
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“Muitos fatores podem representar a agressividade infantil, como, por exemplo, seus modelos, pais ou cuidadores. Se ele aprende em casa, ele reproduz na escola. Um tratamento com profissionais da psicologia e psicopedagogia podem identificar gatilhos emocionais que levam essas crianças a cometerem agressividade em casa, na escola ou com os amigos”, ressalta.
Saiba identificar problemas de saúde mental nas crianças
É importante estar atento a qualquer comportamento diferente entre as crianças, pois isso pode significar algo mais grave, como depressão ou ansiedade, por exemplo.
“A forma que a criança se comunica ou se socializa com seus amigos ou familiares pode ser reflexo de sua convivência com seus pais ou cuidadores. Por outro lado, as crianças que passam muito tempo com estranhos ou familiares abusivos, podem sim apresentar sinais de agressividade, depressão ou ansiedade. Já as crianças que apresentam transtornos de comportamento, como TOD (Transtorno Opositivo Desafiador), envolvem uma combinação de fatores genéticos ou ambientais. Eles representam humor irritável, agressividade e problemas comportamentais significativos”, finaliza a psicóloga.
A especialista ainda ressalta a importância da avaliação de um profissional. Somente ele poderá diagnosticar e orientar a melhor forma de tratamento.
Fonte: Deise Moraes Saluti, psicóloga e neuropsicopedagoga