Amor e paixão: entenda como cada um age no cérebro

Bem-estar Equilíbrio
15 de Julho, 2022
Amor e paixão: entenda como cada um age no cérebro

Aquela sensação de frio na barriga, ansiedade para chegar uma mensagem específica, assistir um filme clichê e lembrar daquela pessoa. Quando surgem esses sentimentos, fica a dúvida: é amor ou paixão?

Entender os próprios sentimentos não é uma tarefa fácil. Mas, para isso, é necessário saber que existem diferenças entre o amor e a paixão.

O que é paixão?

A psicóloga cognitiva, Rejane Sbrissa, explica que o responsável pelas reações dos dois sentimentos – apesar de relacionarmos ao coração – é o cérebro.

“Quando conhecemos alguém e nos interessamos em iniciar um relacionamento amoroso, o sentimento que toma conta é a paixão”, diz.

Apesar de ser uma frase muito comum, Rejane lembra que não existe amor à primeira vista: “o que move a primeira atração e o interesse é a paixão, pois não conhecemos a pessoa. É um sentimento mais intenso, movido a idealizações, projeções ligadas ao prazer e  impulsos que, depois, podem não corresponder à realidade.”

Dessa forma, a paixão causa dependência da presença e contato constante. E pessoas apaixonadas costumam agir em função do outro, ou seja, elas perdem a individualidade. “Por ser um sentimento muito intenso, os apaixonados podem ter oscilações emocionais grandes no mesmo dia. Caso o sentimento não seja correspondido, a pessoa vai da felicidade extrema ao sofrimento extremo em questão de minutos”, ressalta a psicóloga.

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As principais características da paixão são: idealização; desejos sexuais intensos; estresse; ciúmes extremo, insegurança quando a pessoa se afasta fisicamente e não está disponível a todo momento e compulsividade.

Como a paixão age no cérebro?

Ao se apaixonar, os níveis hormonais são alterados e isso causa um grande estresse ao cérebro e ao organismo como um todo. Assim, para a psicóloga, as alterações neurais são muito parecidas com as de pessoas que sofrem de TOC (transtorno obsessivo compulsivo). 

“Casais tomam decisões que em estados normais não tomariam. Por exemplo, fazer tatuagem com o nome da pessoa amada em um local visível. Uma pessoa apaixonada vive em função do outro, prejudicando até mesmo o sono e a alimentação”, explica Rejane.

A paixão não dura para sempre

Sim, a paixão tem prazo de validade. Rejane afirma que, segundo vários estudos, esse sentimento dura em média 18 meses, não passando de 24 meses. “A função da paixão seria estreitar os laços entre as pessoas, fazê-las se aproximarem e terem interesses em comum para iniciar uma relação. Com o passar do tempo, a paixão tende a evoluir para o amor. Durar mais que isso não é bom nem pro casal e nem pra saúde mental de cada um. Afinal, não dá para vivermos em estresse constante e idealizações por muito mais tempo”, diz.

E o amor?

O amor, por outro lado, é um sentimento mais profundo, baseado em reciprocidade e cuidado com o outro. As principais características do amor incluem afeto, preservação, compreensão das diferenças e defeitos, as particularidades, entre outros. De acordo com Rejane, nessa fase os casais são interdependentes, não há privação.

Como o amor age no cérebro?

No cérebro também é diferente. Isso porque o amor tende a estabilizar os níveis hormonais e neurais, diminuindo o nível de estresse e trazendo uma sensação de paz e equilíbrio. 

“Pessoas que vivem a relação de amor são emocionalmente mais estáveis, sem grandes oscilações de humor, mais tranquilas e tem aumento da imunidade e expectativa de vida”, diz a psicóloga.

A ciência explica

Segundo um estudo feito pela Universidade de Concord, no Canadá, o amor e a paixão são processados ​​por diferentes partes da mesma área do cérebro.

Por exemplo, a paixão, muito atrelada ao desejo sexual, ativa a área de recompensa. Já o amor ativa uma região associada a vícios e drogas, por isso, o término de um relacionamento traz sintomas como os da abstinência de drogas.

Transformação da paixão para o amor

Agora você deve estar se perguntando como saber se a paixão se transformou em amor. De acordo com a psicóloga entrevistada, é fundamental perceber como você se sente com a outra pessoa.                 

“Se você compreende as particularidades, os defeitos e mesmo assim continua gostando, respeitando e querendo o bem do outro, tendo sentimento de companheirismo, admiração, entre outros, é porque virou amor. Pois esse sentimento combina empatia ,compreensão, cuidado, estabilidade, segurança e paz emocional”, finaliza Rejane.

Fonte: Rejane Sbrissa, psicóloga cognitiva.

Sobre o autor

Julia Moraes
Jornalista e repórter da Vitat. Especialista em fitness, saúde mental e emocional.

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