Adenomiose uterina: O que é, sintomas e tratamento
A adenomiose uterina é uma alteração que ocorre dentro da cavidade do útero, na transição do endométrio para o miométrio. A doença atinge cerca de 150 mil mulheres por ano e pode ser caracterizada como o crescimento da camada do endométrio (tecido que reveste o útero), de forma anormal na musculatura uterina. Apesar de não tão frequente, a adenomiose atrapalha a qualidade de vida da mulher, podendo até impactar na fertilidade. Por isso, saiba mais:
O que causa a adenomiose uterina?
“A verdade é que ainda pouco se sabe sobre por que a adenomiose acontece. O que sabemos, contudo, é que a doença está relacionada a algumas alterações enzimáticas e também a cirurgias no útero, como as intrauterinas e as cesáreas”, explica o ginecologista e obstetra Rodrigo Ferrarese.
De acordo com o Dr. Thiers Soares, especialista em endometriose, adenomiose e miomas, a causa da adenomiose pode ser caracterizada por diversos fatores, como traumas uterinos – causados por cesáreas e/ou curetagens em casos de aborto espontâneo, por exemplo. Ainda, outra possibilidade é em mulheres que menstruaram antes dos 10 anos, ou seja, muito jovens. A multiparidade, ou seja, ter mais de duas gestações, também pode ser um fator de risco para o desenvolvimento da doença.
É sabido que a condição tende a acometer pacientes entre 40 e 50 anos de idade. Mas também pode atingir mulheres mais novas (e, nesses casos, costuma ser mais forte).
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O que é a adenomiose uterina?
A adenomiose é uma alteração que ocorre dentro da cavidade do útero. Desse modo, há uma quebra entre o endométrio (camada interna do útero) e o miométrio (camada externa do útero). Ou seja, as células endometriais infiltram o miométrio. Isso pode acontecer em um só local – adenomiose focal – ou, então, em toda a camada externa, causando uma lesão mais extensa – chamada adenomiose difusa.
Toda vez que uma mulher menstrua, essa região (o miométrio) sangra também, o que leva a uma inflamação no útero, resultando em dor e aumento de sangramento.
Quais os principais sintomas?
Os sintomas comuns variam de mulher para mulher. Quando a doença está mais avançada, ela trará mais sintomas. Por outro lado, quando é mais restrita, os sintomas são mais leves. No geral, há:
- Cólicas intensas no período da menstruação;
- Menstruação aumentada, inclusive com coágulos;
- Dor na relação (em algumas pacientes).
- Dificuldade para engravidar e/ou manter a gravidez
É importante ressaltar, no entanto, que algumas mulheres podem não apresentar qualquer sintoma.
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Qual é o exame que detecta a adenomiose?
O principal deles é o ultrassom transvaginal. “Com ele, avaliamos a cavidade endometrial e a transição do endométrio para o miométrio. Depois, temos a histerossonografia, que aumenta a especificidade do ultrassom, e a ressonância magnética. E, claro, um exame clínico é fundamental”, explica o especialista.
Para fechar um diagnóstico, é preciso sempre a biópsia confirmando que de fato existe a adenomiose.
Qual o tratamento?
O tratamento é um pouco complexo e pode ser demorado. Podem ser utilizados alguns medicamentos, como tratamentos hormonais ou bloqueios hormonais. “Logo após o diagnóstico, os remédios tratam os sintomas mais comuns da mulher, como dor e sangramento. Vale ressaltar que a pausa da menstruação com hormônios também pode ajudar na qualidade de vida e estabilizar a evolução do quadro”, aponta Dr. Thiers Soares.
Para o Dr. Rodrigo, o tratamento mais eficaz é a histerectomia, que é a retirada do útero. “Mas, claro, não se trata de uma possibilidade para mulheres que estão pensando em engravidar ou pretendem ser mães. Nesses casos, recomendamos outros tipos de cirurgia, como a videolaparoscopia”, explica.
Quando há o desejo de ser mãe, o Dr. Thiers ressalta que o tratamento cirúrgico deve ser colocado em pauta o mais rápido possível. Claro, que é possível engravidar de forma natural após o procedimento, porém, como afirma o médico, “a cirurgia robótica é a via mais indicada para a ressecção da adenomiose, já que a técnica é muito mais precisa, e tem como finalidade dar mais qualidade de vida à mulher – além de garantir a fertilidade”, finaliza.
Fonte: Rodrigo Ferrarese, ginecologista e obstetra formado pela Universidade São Francisco, em Bragança Paulista; Dr. Thiers Soares, médico do setor de endoscopia ginecológica (Laparoscopia, Robótica e Histeroscopia) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ).