Útero didelfo: entenda condição que “duplica” sistema reprodutor
A inglesa Annie Charlotte, de 23 anos, se tornou assunto na internet desde o final de dezembro de 2022. O motivo foi a revelação de um assunto bastante íntimo, porém de utilidade pública. A jovem contou a diversos jornais que possui útero didelfo, o que despertou a curiosidade de usuários do Instagram e do TikTok.
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Afinal, o que é um útero didelfo?
Em entrevista ao The Sun, Annie deu mais detalhes sobre o que é ter um útero didelfo. Mas, de forma resumida, ela possui dois úteros, dois colos do útero e dois canais vaginais.
A condição é rara e congênita. Nos Estados Unidos, por exemplo, o útero didelfo acomete 0,3% das mulheres. No caso de Annie, a anomalia foi descoberta aos 16 anos.
“Eu estava começando a me interessar em namorar e explorar diferentes partes do meu corpo. Mas, de repente, me disseram que era diferente de todo mundo”, disse a jovem ao The Sun.
Sintomas e características
Por conter o sistema reprodutor “duplicado”, o quadro de Annie tem algumas particularidades. Uma delas é a possibilidade de conceber dois bebês ao mesmo tempo, em úteros diferentes. Afinal, cada um possui ovários e trompas.
Segundo Annie, ambos os colos do útero são funcionais. Além disso, ela enfrenta dois ciclos menstruais distintos, situação que controla por meio de medicamentos, como anticoncepcionais.
Embora não tenha detalhado sobre outros sintomas, o útero didelfo ainda pode causar sintomas inespecíficos. Por exemplo:
- Dor durante as relações sexuais.
- Sangramento menstrual intenso.
- Cólicas dolorosas.
Causas do útero didelfo
Não existem razões específicas que influenciam a malformação. Por ser congênito, uma hipótese é a mutação genética durante o desenvolvimento do feto na gestação. Um útero normal se assemelha a uma pera de cabeça para baixo, com dutos que se unem. Contudo, um útero didelfo possui dutos separados, e cada um cria seu próprio órgão.
A princípio, a manifestação mais comum do fenômeno altera apenas o útero. No caso de Annie, portanto, que possui dois colos uterinos e dois canais vaginais, é ainda mais raro.
Diagnóstico
A identificação pode acontecer no próprio consultório, quando o médico ginecologista examina a região íntima da mulher. Todavia, para confirmar a presença de outras alterações, podem ser necessários exames de imagem, como ultrassom pélvico e ressonância magnética.
Tratamento do útero didelfo
Na maioria dos casos, não é necessário intervir de forma cirúrgica, pois um procedimento de “fusão” pode comprometer uma futura gravidez. A cirurgia de correção só é uma opção quando a paciente apresenta sintomas desconfortáveis, como relações sexuais dolorosas.
Em contrapartida, é importante analisar o quadro, o útero didelfo pode prejudicar a gravidez. Os principais riscos são aborto espontâneo e parto prematuro.
Dependendo do tipo de mutação, pode impactar a autoestima. Na situação de Annie, por exemplo, ela demorou para aceitar que era diferente das outras meninas, sobretudo em um período tão delicado como a adolescência.
Portanto, buscar apoio psicológico pode ajudar a mulher a compreender e conviver melhor com a condição.
Referências: Cleveland Clinic; Mayo Clinic; e International Journal of Reproduction, Contraception, Obstetrics and Ginecology;