Uso de celular para acalmar as crianças pode ser prejudicial aos pequenos
Os smartphones se tornaram itens indispensáveis na vida das pessoas. Muita gente não se imagina sem o aparelho, que desempenha multifunções na rotina. Inclusive, o uso do celular para acalmar a criançada é uma função bem comum para quem tem filhos ou cuida dos pequenos.
Embora seja uma tática útil em alguns momentos, transformar o smartphone em uma “babá” pode trazer prejuízos no futuro. É o que alerta um estudo da Michigan Medicine, publicado no JAMA Pediatrics. Principalmente para crianças de 3 a 5 anos, que foram objeto da pesquisa.
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Uso de celular para acalmar os pequenos pode afetar as emoções
Os cientistas reuniu 422 pais e 422 filhos com as idades acima. Durante quase dois anos, acompanharam essas famílias e seus hábitos. Dentre os participantes, 8,5% dos pais revelaram que recorrem ao uso de celular para acalmar os filhos irritados ou chateados.
E justamente essa parcela que é mais dependente do smartphone como ferramenta de distração apresentou filhos mais impulsivos, hiperativos e com reações intensas de raiva, tristeza e decepção.
O comportamento reativo foi observado principalmente em meninos, e a explicação está no poder negativo do consumo de smartphone por longos períodos. A exposição frequente às telas pode atrapalhar o desenvolvimento de inteligência emocional na primeira infância, pois suprime a capacidade dos pequenos de lidarem com suas emoções.
Ou seja, o smartphone se torna uma espécie de “muleta”, mas que em nada agrega na maturidade da criança. Contudo, vale dizer que não há mal em utilizar o celular em situações pontuais.
Os autores recomendam restringir e rever a forma de consumo das telas. Por exemplo, selecionar conteúdos mais úteis, como aplicativos e ferramentas de música, leitura e estímulo sensorial.
Recomendações gerais
Em comparação com 5 ou 10 anos atrás, mais e mais crianças estão usando smartphones, e elas estão usando muito mais cedo. Em uma pesquisa de 2020 do Pew Research Center, 60% das crianças descobriram o smartphones antes dos 5 anos. Nesse grupo, 31% foram apresentados aos telefones antes dos 2 anos.
Além disso, muitos pais e responsáveis já expõem bebês recém-nascidos ao estímulo visual do celular. Todavia, nessa fase, os bebês não conseguem processar as imagens que vêem além das imagens coloridas e do brilho da tela.
Isso também é válido para bebês se vendo em um smartphone. Embora seja uma excelente maneira de algum parente de longa distância se comunicar, é improvável que o bebê esteja processando o que vê no início, mesmo que seja uma imagem de si mesmo.
Antes da pandemia, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), por exemplo, defendeu, em recomendações publicadas em fevereiro, que crianças de menos de 2 anos não fossem expostas a nenhuma atividade em tela.
Ainda segundo a SBP, crianças de 2 a 5 anos deviam passar apenas uma hora por dia diante de telas. Para crianças de 6 a 10 anos, no máximo duas horas por dia, sempre com supervisão de adultos. Já para os mais velhos e adolescentes, o limite é de três horas.
No entanto, a SBP atualizou suas recomendações em maio de 2020, reconhecendo a importância das telas neste momento. Mas, pedindo que pais e cuidadores se esforcem para preservar o tempo das crianças para a saúde (mantendo horários de sono e de refeições), para o relacionamento afetivo e familiar que vá além dos eletrônicos.
Uso do celular para acalmar: dicas para melhorar a relação das crianças com as telas
Crie zonas livres de tecnologia
Defina zonas em sua casa onde eletrônicos não são permitidos. Sejam telefones celulares, videogames ou laptops. Um exemplo é a sala de jantar ou cozinha de sua casa, que pode ser reservada para refeições e conversas em família.
Explique por que você está limitando o tempo das crianças no celular
Se seus filhos entenderem que você está limitando o tempo de tela porque muito tempo gasto em telas tem desvantagens, é muito mais provável que sigam as regras. Mas, se as crianças apenas pensam que você está “sendo mau”, é mais provável que resistam ou quebrem as regras.
Com base no que é apropriado para a idade do seu filho, explique por que videogames, programas de TV e filmes violentos podem ser prejudiciais.
Incentive outras atividades
Com uma grande variedade de aplicativos, jogos, dispositivos e sites, é fácil para as crianças dependerem de equipamentos eletrônicos para entretenimento.
Portanto, incentive seu filho a procurar e se envolver em atividades que não precisam de uma tela. Brincar ao ar livre, ler um livro ou até mesmo desenterrar um antigo jogo de tabuleiro são apenas algumas ideias.
Além disso, também pode ajudar a estabelecer (e fazer cumprir) uma programação que todos em sua casa sigam. Por fim, deixar claro para seus filhos quando eles podem ou não ir às telas ajudará a esclarecer suas expectativas e pode evitar discussões.