Trombectomia mecânica: o que é, para que serve e riscos
Trombectomia mecânica é um procedimento endovascular (feito por dentro dos vasos sanguíneos) para desobstruir artérias. Trata-se de um método recente, realizado de maneira experimental até 2015. Desde então, seus benefícios foram cientificamente comprovados.
“O procedimento depende de equipe e equipamento especializados e, por enquanto, só está presente em grandes centros urbanos. Não é comum, porém é necessário”, diz Feres Chaddad, chefe da Neurocirurgia da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo. A seguir, saiba mais sobre a trombectomia mecânica.
Para que serve
O objetivo do procedimento é diminuir ou acabar com as sequelas causadas pelo dano cerebral do AVC isquêmico. Este tipo de acidente vascular cerebral ocorre por uma obstrução na artéria, de forma que o sangue deixa de chegar em parte do cérebro. Com isso, as células vão morrendo aos poucos, o cérebro vai perdendo suas funções e a pessoa perde as funções do corpo, como o movimento de um dos lados ou capacidade de falar, por exemplo.
A trombectomia mecânica desentope o vaso e faz com que o sangue chegue ao cérebro novamente, cessando esse processo de lesão cerebral e perda de função. Dependendo da demora para realizar o procedimento, o paciente pode ter mais ou menos sequelas causadas pelo AVC.
Há riscos na trombectomia mecânica?
Em pequena parte dos casos, a trombectomia mecânica pode, sim, causar alguma lesão adicional. Porém, isso seria uma exceção. Em geral, o procedimento traz mais benefícios do que riscos.
Mas, há contraindicações. Por exemplo, a trombectomia não pode ser usada em casos de AVC que não são causados por uma obstrução de artéria (como o AVC hemorrágico, por exemplo), ou quando a obstrução estiver em vasos muito finos.
Mas, mesmo em casos de AVCs isquêmicos, a possibilidade do procedimento deve ser muito bem avaliada. “A ideia é restabelecer o fluxo sanguíneo em tempo hábil para que o cérebro sofra o mínimo possível. Se o cérebro já está lesado porque a obstrução já está presente há algum tempo, o procedimento não terá mais benefícios”, pondera o médico.
Como é feito?
Primeiramente, introduz-se um catéter na artéria femoral, que está na virilha. Em seguida, ele vai até as artérias cerebrais, onde “pega” o coágulo que está obstruindo o vaso e o puxa de volta, liberando novamente o fluxo sanguíneo. O procedimento pode ser feito com anestesia local ou geral. A recuperação depende da gravidade do AVC. Se o cérebro estiver com pouca ou nenhuma lesão, o paciente pode voltar a andar no dia seguinte.
Para a realização da trombectomia, além do exame clínico, é preciso um estudo de vasos, geralmente uma angiotomografia que mostre uma obstrução na parte mais proximal de algum grande vaso arterial do cérebro.
Fonte: Dr. Feres Chaddad, professor e chefe da disciplina de Neurocirurgia da Unifesp e Chefe da Neurocirurgia da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.