Tristeza e estresse cresceram entre as pessoas do mundo todo, diz estudo
Vez ou outra, é normal ter momentos de tristeza, estresse, angústia e outras sensações que nos desequilibram. Mas, se você tem sentido que essas emoções estão frequentes no seu dia a dia, saiba que não está sozinho.
Infelizmente, este cenário só ganha espaço em nossa sociedade — e engana-se quem acredita que esses sentimentos se fortaleceram durante a pandemia.
De acordo com um grande levantamento da Gallup, que reuniu mais 1,5 milhão de pessoas de 113 países distintos, o peso de viver com sentimentos negativos tem crescido desde 2009. A revisão dos dados foi feita por pesquisadores da Universidade de Maynooth, na Irlanda.
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Tristeza e estresse são maiores entre pessoas de baixa renda
As informações apontam que, em 2009, 25% dos respondentes alegavam sofrer com tristeza, estresse, raiva e outro sentimentos negativo durante boa parte do dia.
Entretanto, os indivíduos mais vulneráveis a essas oscilações emocionais são aqueles que possuem baixa renda. Para se ter uma ideia, a pesquisa apontou um grande abismo de 10 pontos entre pessoas mais ricas e mais pobres.
Somado a isso, a população menos favorecida possui educação básica, que reduz as chances de construir uma carreira profissional e melhorar a qualidade de vida.
Pandemia agravou os distúrbios emocionais
Se as pessoas já estavam infelizes de diversas maneiras antes da pandemia, a crise sanitária veio reforçar o declínio da saúde mental. Por exemplo, em 2021, uma das fases agudas da pandemia, a cada 3 entrevistados revelou a dominação da tristeza, do estresse e da ansiedade.
Quem mais sentiu o impacto do isolamento social e dos revezes causados pelo coronavírus foram os jovens e o público feminino. Para esses grupos, o abalo psicológico se mostrou mais duradouro.
Contudo, ao observar o quadro de forma ampla, os pesquisadores afirmaram que a pandemia foi um evento de “pequena magnitude”. Isso porque a análise sugere que as pessoas se adaptaram ao contexto, assim como se recuperaram da situação de confinamento.
Por que, então, a tristeza e o estresse aumentam há mais de uma década?
Esta é uma pergunta complexa que os cientistas tentaram responder. Basicamente, os fatores variam de acordo com o país e o cenário socioeconômico de cada nação.
Em comum, os pesquisadores enxergam que a crise financeira de 2008 pode ter prejudicado o mundo. Afinal, trouxe consequências como a “precarização do trabalho e problemas de endividamento para muitas pessoas”.
Outro ponto é que a última década foi de grande transformação tecnológica, com o domínio do mundo digital sobre a vida das pessoas. Isso pode ter desgastado a habilidade social de muitos indivíduos, o que aumenta a solidão.
Além disso, o digital mudou as relações e os meios de trabalho, trazendo mais necessidade de produtividade, eficiência e desempenho das pessoas. Em conjuntos, todas essas variáveis são um “prato cheio” para uma vida infeliz e repleta de angústias e incertezas.
Mesmo assim, os autores da revisão reconhecem a importância de avaliar os indicadores emocionais por meio de outros estudos. Afinal, ser feliz vai além de ter as necessidades básicas supridas — principalmente no mundo em que vivemos hoje.