Transfobia: Linn da Quebrada sofre preconceito em BBB 22
Desde a sua chegada no BBB 22, Linn da Quebrada tem vivenciado situações de transfobia e teve sua identidade questionada por outros brothers. A participante é uma travesti que utiliza o pronome feminino. Inclusive, Linn tem uma tatuagem em seu rosto escrito “ela”, para ninguém chamá-la pelo pronome errado. No entanto, algumas pessoas já a chamaram de “ele” repetidamente.
Dessa maneira, o erro dos participantes repercutiu na internet e os internautas subiram hashtags pedindo respeito. Além disso, o perfil de Linn ressaltou que “a indignação contra esse tipo de violência é fundamental e deve existir para além das redes sociais. No game, Linn segue contando com a torcida e força de todes nós!”
Segundo a psicóloga Ellen Moraes Senra, o preconceito é o que leva a pessoa a praticar a transfobia. “Muitas pessoas são transfóbicas porque simplesmente não entendem o que é ser transsexual, mas isso não é uma justificativa válida para que a pessoa continue cometendo esse tipo de preconceito. Se você não entende, procure saber sobre o assunto. A pessoa nunca deve ir contra alguém por conta da sua sexualidade ou por conta da sua identidade de gênero”, explica.
A especialista ainda ressalta que o preconceito pode começar na infância, mas como reflexo do preconceito de pessoas adultas. “As crianças têm muito mais facilidade para entender essas questões: se eu me apresento como ela, eu sou ela, se eu me apresento como ele, eu sou ele. No máximo, se gerar alguma confusão, a criança vai perguntar o que está acontecendo, o porquê ser desta forma, mas geralmente costumam se contentar com explicações racionais. Então, quando há preconceito na infância, é uma forma de reprodução de pessoas adultas”, reforça Ellen.
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A saúde mental das vítimas
Mas assim como outros tipos de preconceito, como racismo, homofobia, gordofobia etc, a transfobia também pode impactar a autoestima da pessoa. De acordo com Ellen, no caso da pessoa trans, ela se sente excluída diante da sociedade e que não é respeitada. isso pode torná-la mais introspectiva, fazendo com que tente esconder a sua verdadeira identidade.
Transfobia: Pronome errado
Ninguém gosta de ser chamado de maneira errada, não é mesmo? Inclusive, nós temos alguns pronomes, como “senhor” e “senhora” que nós utilizamos como forma de respeito por alguém.
Por isso, quando falamos de uma pessoa trans, é extremamente importante nós não errarmos o pronome. Pois isso significa que você está se referindo à pessoa de maneira errada. “Como no caso da Linn, em que ela precisou tatuar o pronome “ela” na testa para que ninguém mais a trate como ele, que não é a identidade de gênero que ela tem. Por isso, é preciso respeitar a identidade de gênero da pessoa, pois ela se enxerga como mulher e a identidade dela é feminina. Ou seja, precisa ser tratada com pronomes femininos”, reafirma a psicóloga.
Como ensinar as crianças a não serem transfóbicas no futuro?
Muitas vezes, os pais sentem dificuldade em conversar sobre esses assuntos com os filhos. Mas é importante ressaltar que existe uma idade certa para isso.
“Claro que existe uma linha do tempo para que a gente trabalhe com a criança. Eu não vou falar determinadas coisas para o meu filho de 6 anos, por exemplo, ele é apaixonado por uma música da Glória Groove, pede para eu colocar no carro, nós cantamos juntos e ele se refere a ela, “Mamãe, coloca a música da cantora que canta ‘A Queda’ pra mim?”. E eu deixo claro pra ele que se trata de uma mulher, mesmo ele tendo ouvido falar que ela é um homem”, diz a profissional.
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Por fim, Ellen afirma que para ensinar as crianças a não serem transfóbicas no futuro é importante dialogar com elas e deixar claro que as coisas existem, que as pessoas têm direitos e que esses direitos devem sempre, sempre, sempre ser respeitados. Isso é essencial!
Fonte: Ellen Moraes Senra, psicóloga (CRP 05/42764) especializada em TCC (Terapia Cognitivo-Comportamental) e Educação Emocional Positiva, palestrante, escritora e professora universitária.