Timpanoplastia: o que é e para que serve o procedimento?
A timpanoplastia é uma cirurgia realizada para a reconstrução do tímpano, uma membrana bem fina localizada no ouvido médio. Sensível ao som, o tímpano ou membrana timpânica tem o papel de vibrar ao captar um estímulo sonoro, que reverbera pelo ouvido médio. É assim que conseguimos ouvir um som, por mais sutil que seja.
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Para que serve a timpanoplastia?
De acordo com Eduardo Machado Gaiane, médico otorrinolaringologista do HSANP, a timpanoplastia é indicada para pessoas que tiveram uma perfuração no tímpano. Isso pode acontecer após um trauma físico ou em caso de otite média (dor de ouvido causada por infecções diversas) recorrente que provoca lesões na membrana. Como resultado, o tímpano não consegue se regenerar espontaneamente e pode haver uma queda na capacidade auditiva. Além disso, se o problema estiver relacionado a inflamações decorrentes de bactérias, existe o risco da infecção se disseminar para outras áreas e levar a complicações.
Como é feita a timpanoplastia?
A cirurgia do tímpano pode ser feita de forma convencional, com uma pequena incisão atrás da orelha, com acesso retroauricular. “Por outro lado, com o desenvolvimento da tecnologia das fibras óticas, é possível realizar a timpanoplastia por endoscopia. Dessa forma, utilizamos óticas rígidas dentro do canal auditivo externo, o que provoca menos traumas e oferece um pós-operatório mais rápido”, explica Gaiane. Ambos os métodos utilizam anestesia, então não há riscos de sentir qualquer dor ou desconforto durante a cirurgia. No decorrer da timpanoplastia, o médico-cirurgião faz o reparo do tímpano com a aplicação de enxerto de tecido.
A princípio, esse enxerto pode ser da cartilagem da orelha, coletado no mesmo procedimento. Dependendo da gravidade e da causa da perfuração do tímpano, a timpanoplastia pode ser útil para restaurar os pequenos ossos do ouvido, como o estribo, martelo e bigorna. Assim, o indivíduo recupera boa parte de sua audição. Outra intervenção é o isolamento do ouvido médio, pois evita a entrada de água e possíveis infecções que provocam a otite média. Afinal, uma das principais causas do problema é o contato da água com a orelha média, que ocorre ao tomar um banho de mar ou piscina.
Cuidados antes e depois da cirurgia do tímpano
Se houver um quadro infeccioso na orelha interna, é fundamental tratá-lo antes da timpanoplastia. Normalmente, o tratamento de uma infecção envolve o uso de antibiótico para combater a proliferação de bactérias. Após o controle da enfermidade, o paciente deve realizar alguns exames pré-operatórios, como o hemograma completo, coagulograma e eletrocardiograma. Todos os resultados precisam ser entregues ao médico e ao hospital no dia da cirurgia. Logo após o procedimento, o paciente permanece em observação por algumas horas e recebe alta no mesmo dia. “O pós-operatório é tranquilo na maioria das vezes. Recomendamos o repouso de atividades físicas por 30 dias e muito cuidado para a água não entrar na orelha interna. Mas depois de 7 dias, é possível retornar ao trabalho, mas sem grandes esforços”, afirma Gaiane.
Sintomas após a timpanoplastia
Nos primeiros dias depois da cirurgia, é normal sentir tontura, alterações no equilíbrio, secura labial e zumbidos na audição. Por isso, é importante seguir o conselho de repouso absoluto na primeira semana, e comparecer às consultas médicas de retorno. Com o objetivo de avaliar a evolução ou recuperação da capacidade auditiva, o otorrinolaringologista pode solicitar a audiometria periodicamente.
Possíveis complicações
Apesar dos riscos serem mínimos, Gaiane explica que pode haver efeitos colaterais da timpanoplastia. “Entre eles, os mais comuns são infecção da ferida operatória e rejeição ao enxerto que utilizamos para fechar a perfuração da membrana timpânica”, avalia. Cerca de 10% dos casos exigem uma nova intervenção, pois o tímpano pode necessitar de um novo reparo para crescer e se adaptar normalmente.
Todo tímpano perfurado precisa de uma timpanoplastia?
Não necessariamente. Muitas lesões de perfuração costumam se regenerar sem cirurgia. Contudo, isso depende de uma série de fatores, como o nível da perfuração e causas (se o indivíduo sofre muitos episódios de otite média, por exemplo). Portanto, consulte sempre um médico especialista em otorrinolaringologia para analisar o seu caso.
Fonte: Eduardo Machado Gaiane, médico otorrinolaringologista do HSANP, em São Paulo (SP).