Quantas vezes o casal pode tentar a fertilização in vitro? Veja o que dizem os especialistas
Desde que foi criada, a fertilização in vitro (FIV) é apontada como uma das principais soluções para casais que enfrentam a infertilidade. Contudo, a jornada para ter um bebê por meio dessa forma de concepção pode ser custosa e longa, passando por algumas tentativas sem sucesso no caminho. Em meio a esse cenário, alguns casais podem se perguntar até quantas vezes podem optar pelas tentativas de fertilização in vitro?
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Afinal, quantas vezes o casal pode tentar a fertilização in vitro?
Segundo o médico ginecologista e especialista em Reprodução Humana, membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM), Dr. Fernando Prado, não existe um número máximo de tentativas de fertilização in vitro. Porém, as tentativas só são feitas quando existem chances reais de sucesso. Ele explica que há uma expectativa de êxito:
“Consideramos que em até 3 tentativas é esperada uma taxa acumulada de gravidez de até 80%, para mulheres jovens. Quando a mulher tem mais de 35 ou mais de 40 anos, o número de tentativas necessárias para se chegar à gravidez pode ser maior, até 5 ou 7 vezes”, afirma o médico.
Como o processo tende a ser desgastante, em termos de tempo, desgaste psicológico e financeiro, é recomendado que se o êxito não está sendo atingido, novas formas devem ser pensadas. Como por exemplo: banco de sêmen, óvulos doados, barriga solidária e adoção.
Fertilização in vitro: como funciona?
O processo consiste na coleta dos óvulos e espermatozoides do casal para serem fecundados em laboratório. Então, formando o embrião que, após certo tempo de desenvolvimento, é transferido para o útero da mulher.
Dessa forma, a FIV possui altas taxas de sucesso, porém, falhas não querem dizer que o procedimento não possa ser realizado novamente, segundo o médico. “É perfeitamente possível fazer uma nova FIV, com a adoção de novas estratégias, após o diagnóstico do motivo da falha, que podem ser diversos”.
Problemas que podem reduzir as chances de concepção
Um dos principais fatores que podem interferir no sucesso da fertilização é a idade da mulher. Quanto mais velha, menor é a qualidade do óvulo e, consequentemente, sua chance de gerar uma gravidez. É por esse motivo que o congelamento de óvulos é encorajado para mulheres que já têm planos de engravidar após os 35 anos de idade. Uma vez feita a coleta, a célula para de envelhecer e mantém sua viabilidade.
“Outro motivo das falhas na FIV por parte da mulher está relacionado à receptividade endometrial. Ou seja, é, quando o endométrio, mucosa que reveste o útero, não está preparado para receber o embrião. O que geralmente é causado por doenças e alterações uterinas como endometriose, trombofilia, adenomiose e condições autoimunes”, diz o médico.
Por outro lado, também existem fatores masculinos. Ou seja, assim como o óvulo, os espermatozoides também devem ser de boa qualidade para garantir o sucesso da fertilização, afinal, compõem 50% do embrião. “Os espermatozoides podem apresentar alterações no DNA, na motilidade e na quantidade. Portanto, resultando em embriões de baixa qualidade que podem falhar na implantação ou levar a abortos”, afirma o especialista.
Investigando as causas da falha
Quanto às soluções, após solicitar uma série de exames para identificar a causa da falha na fertilização in vitro realizada previamente. Assim, o médico poderá recomendar estratégias adequadas de acordo com cada caso.
“Por exemplo, caso o problema esteja na qualidade ou quantidade dos óvulos ou espermatozoides, o casal pode optar por usar os gametas previamente congelados, caso existam, ou óvulos e espermatozoides provenientes de doadores anônimos”, aponta o especialista.
Já as alterações uterinas e outras doenças da mulher que possam atrapalhar a implantação do embrião devem ser tratadas caso a caso antes da nova tentativa. E, em última instância, o casal também pode optar pelo útero de substituição, no qual outra mulher é escolhida para gerar o embrião, sem fins lucrativos.
“Por fim, a questão da qualidade embrionária pode ser solucionada graças ao avanço das tecnologias e pesquisas na área, já que hoje já é possível avaliar o material genético dessas células para selecionar apenas as melhores para serem transferidas no útero. Além disso, atualmente podemos cultivar os embriões em laboratório até que atinjam um estágio mais avançado, o que faz com que tenham mais chances de sobreviver após a transferência”, finaliza o Dr. Fernando Prado.
Tentativas de fertilização in vitro: Como aumentar as chances de sucesso?
Mesmo com óvulos e espermatozoides de boa qualidade, ainda é preciso avaliar a viabilidade dos embriões formados após a fecundação em laboratório. Há casos caracterizados como fatores embrionários. “Para que consiga se implantar corretamente no endométrio e assim se desenvolver, o embrião deve ter uma boa qualidade embrionária, com um número de células adequado para o estágio de desenvolvimento e pouca fragmentação”, afirma o Dr. Fernando.
Além disso, segundo o médico, fatores externos podem explicar a falha. O processo de implantação do embrião no útero é uma das partes mais importantes de toda a Fertilização in Vitro. Logo, se não realizado corretamente, com o embrião sendo devidamente inserido no útero, as chances de gravidez são muito reduzidas.
Além disso, é importante manter um estilo de vida saudável para garantir que a FIV e a gestação em si ocorram sem complicações. Maus hábitos como tabagismo, má alimentação e álcool interferem na fertilidade, na qualidade das células reprodutivas e no desenvolvimento do embrião e do feto.
Fonte: Dr. Fernando Prado, médico ginecologista, obstetra e especialista em Reprodução Humana, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e diretor clínico da Neo Vita.