TDAH na adolescência: o que é, sintomas, como identificar e tratamentos
São vários os motivos que levam a adolescência a ser uma das fases mais difíceis e marcantes da vida. Por exemplo, as flutuações hormonais, modificações no corpo, a construção de uma nova identidade, mais autonomia e outros. Mas nesse turbilhão de mudanças, algo pode tornar a fase mais delicada e exigir a atenção dos pais: o TDAH na adolescência. Saiba mais a seguir!
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O que é TDAH na adolescência?
O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade é uma condição crônica de causas genéticas. Uma das características mais marcantes do TDAH é o excesso de pensamentos e emoções. Na prática, a pessoa que tem o transtorno costuma captar diversos estímulos ao redor, se distraindo facilmente e pode ter dificuldades para gerenciar o seu foco.
Nas atividades do dia-a-dia, o quadro pode se mostrar mais evidente em comportamentos desastrados, esquecimento frequente de compromissos, além de outras características, como desorganização e hiperatividade. Em especial, esse último comportamento pode gerar uma inquietação, ou seja, a pessoa tende a mexer os pés e as mãos com frequência excessiva.
Sintomas de TDAH na adolescência
Segundo a Associação Brasileira do Déficit de Atenção, 2 milhões de pessoas têm TDAH no país. Mas identificar os sinais do transtorno durante a adolescência nem sempre é tarefa fácil. Isso porque muitos dos comportamentos podem se confundir com atitudes comuns na faixa dos 10 aos 20 anos.
Assim, os sinais de Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) na adolescência podem incluir:
- Dificuldade em manter a atenção em tarefas;
- Impulsividade;
- Inquietação;
- Problemas de organização;
- Esquecimento frequente;
- Dificuldade em seguir instruções;
- Desafios acadêmicos constantes.
Para diferenciar os sintomas de TDAH na adolescência das mudanças comuns que aparecem nessa fase, é importante saber que o transtorno vai além dos comportamentos típicos.
Dessa forma, os pais devem ficar especialmente atentos à persistência dos sintomas, ou seja, àqueles que tendem a interferir no desenvolvimento por longos períodos, a intensidade e o impacto das ações do adolescente. Isso porque no TDAH, os comportamentos são mais intensos e prejudiciais do que aqueles vividos por jovens sem o transtorno.
Afinal, quais são as causas do TDAH na adolescência?
Para o psicólogo Renan Molina, existem evidências significativas de que o TDAH tem uma predisposição genética:
“Estudos com famílias, gêmeos e análises genéticas indicam que a hereditariedade desempenha um papel importante na predisposição ao TDAH”, complementa o especialista.
Portanto, se um dos pais tem o transtorno, o risco dos seus filhos também desenvolverem o TDAH é maior. No entanto, ele explica que a genética não é o único fator envolvido. Influências ambientais, como exposição a toxinas durante a gravidez, prematuridade, complicações durante o parto e fatores psicossociais também podem desempenhar um papel na manifestação do TDAH.
Por outro lado, existem causas evitáveis relacionadas ao comportamento dos pais, como afirma o psicólogo: “Vale acrescentar que um ambiente familiar com muitas discussões, excesso de cobranças e pressão escolar demasiada, podem também influenciar para desencadear o transtorno” finaliza. Portanto, o desenvolvimento do TDAH pode ter origem multifatorial e a compreensão da causa é crucial para iniciar o tratamento de forma eficaz.
Tipos de TDAH
O distúrbio pode atingir adolescentes de 4 modos diferentes. Veja quais são a seguir:
Hiperativo/ Impulsivo
Nesse caso, o adolescente pode se mostrar excessivamente enérgico, com alguns traços impulsivos. Esse tipo também pode ser observado através da inquietude de braços e pernas, além de também afetarem a mente com pensamentos acelerados e grande volume de informações.
Mesmo com repreensões constantes, o adolescente pode ter dificuldades para lidar com esses estímulos e continuar apresentando agitação. Por isso, é comum que os jovens tenham problemas de relacionamento na escola ou em outros ambientes de convivência social.
Desatento
Já o tipo desatento é aquele que tem dificuldade para se concentrar e/ou prestar atenção em detalhes, principalmente em tarefas ou atividades específicas que exijam foco. É comum que os adolescentes do tipo desatento demonstrem uma impressão de desordem e desorganização e tendem a cometer erros por descuido.
A distração é outro ponto característico nesse tipo de TDAH. Assim, memória fraca e mudança de foco, causado por estímulos externos, também são comuns.
Misto/combinado
No último caso, o diagnóstico também pode ser considerado misto, que é quando a pessoa reúne características de cada um dos tipos: o desatento e o hiperativo. Dessa forma, é comum que o adolescente apresente tanto a dificuldade para se concentrar e focar em determinadas atividades, como também tende a ser desatento.
Desafios dos adolescentes com TDAH
A adolescência por si só já é um período cheio de transformações, já que marca a transição entre a infância e a fase adulta. Portanto, a fase é de experimentação e contato com novidades, que vão desde pensamento político, preferências, sexualidade e exposição a contatos sociais.
Como se não bastassem, os hormônios podem deixar a situação ainda mais aflorada e tensa. Essa combinação de fatores pode resultar em problemas de aprendizagem na escola. Ou seja, o aluno tende a ir mal nas provas e ter problemas de relacionamento com os colegas. Por outro lado, o jovem pode apresentar problemas de autoestima, principalmente por não se sentirem capazes diante a algumas tarefas.
O desafio exige atenção dos pais para ajudar o adolescente a atravessar a fase com tratamento adequado, conciliando estratégias para lidar com o distúrbio de maneira mais branda.
Embora o transtorno possa atingir diferentes idades e sexos, existe uma prevalência duas vezes maior em meninos. Nesses casos, os índices apresentam variação de acordo com o tipo (hiperativo, desatento ou misto). Dessa forma, o distúrbio do tipo hiperativo tende a ser de 2 a 9 vezes mais comum entre meninos.
Diagnóstico médico confirmado?
O TDAH é um transtorno que pode ser minimizado através do tratamento adequado. Isto é, pela complexidade, um paciente com o transtorno deve ter a sua disposição uma equipe multidisciplinar para orientá-lo a superar as dificuldades e seguir se desenvolvendo.
“Cada caso é único, e o plano de tratamento deve ser adaptado às necessidades específicas do adolescente com TDAH. A colaboração entre pais, escola e profissionais de saúde é essencial para o sucesso do tratamento”, finaliza o psicólogo.
Tratamento
Apesar da atenção dos pais ser primordial para ligar o sinal de alerta para TDAH na adolescência, é importante saber que eles não precisam estar sozinhos nessa tarefa. A ajuda médica especializada, isto é, apoio psicológico, pode contribuir para a identificação do transtorno e início do tratamento, o que torna o processo mais leve para todas as partes.
Entre as iniciativas de tratamento para o TDAH na adolescência, as principais são:
- Terapia com psicólogo:
A terapia é eficaz no desenvolvimento de habilidades de organização, gestão de tempo e controle de impulsos. Além disso, através dela, é possível desenvolver habilidades sociais e estratégias de enfrentamento que serão benéficas para ensinar o adolescente a lidar com o TDAH.
- Intervenções educacionais:
Os pais podem trabalhar em conjunto com a escola para implementar adaptações e apoios educacionais, como salas de aula com menos estímulos, tempo adicional para testes ou tutores para acompanhar o desenvolvimento do filho.
- Medicação:
Em alguns casos, o médico pode prescrever medicamentos. A decisão de usar medicamentos deve ser cuidadosamente discutida com o profissional de saúde, considerando os benefícios e riscos. Fique atento: essa opção se restringe apenas em caso de análise e prescrição médica.
- Rotina é essencial:
Os pais também podem ter uma atuação importante para ajudar o filho a lidar com o TDAH através da rotina diária. Para contribuir com o desenvolvimento dos jovens, crie rotinas previsíveis e ambientes estruturados. Isso certamente ajudará o adolescente a lidar com a impulsividade e a falta de foco.
Fonte:
- Renan Molina Pinto, psicólogo.