Síndrome do pensamento acelerado: o que é e como tratar
Dificuldade em relaxar, sensação de falta de tempo, agitação mental, dificuldade em tomar decisões, preocupação excessiva, irritabilidade, insônia… quem não se identificou com pelo menos dois dos quadros acima pode se considerar uma pessoa com a saúde mental em dia. Não é o caso da maioria das pessoas nos dias de hoje, em que transtornos mentais diversos atingem em cheio a população. Um deles é a Síndrome do Pensamento Acelerado, que reúne todos esses sintomas citados e pode prejudicar a vida de muitas maneiras. Apesar de não ser considerado um diagnóstico oficial, o pensamento acelerado está presente na maioria das pessoas e pode ser regulado com uma série de medidas comportamentais.
O que é síndrome do pensamento acelerado?
A síndrome do pensamento acelerado é uma alteração desencadeada pelo excesso de estímulos, informações, multifunções profissionais, sociais e até mesmo familiares. Mas, o problema não está relacionado com o conteúdo dos pensamentos, e sim com a quantidade e a velocidade com que acontecem dentro do cérebro. A síndrome está associada a um quadro de transtorno de ansiedade generalizada e transtorno bipolar. “O pensamento acelerado se caracteriza por uma mente agitada e hiperativa, em que os pensamentos correm rapidamente e dificultam a concentração e o relaxamento. Essas características podem levar a um estado de sobrecarga mental e emocional, afetando a qualidade do sono, o desempenho cognitivo, a capacidade de lidar com o estresse e o bem-estar geral”, resume a Dra. Julia Trindade, Psiquiatra Membro da Associação Brasileira de Psiquiatria.
Além disso, este distúrbio está se tornando cada vez mais comum devido aos estímulos e informações que vemos nos jornais, revistas, televisão e celulares. Dessa forma, a consequência disso é que além da grande quantidade de informações no cérebro, o pensamento vai se tornando mais acelerado.
O estimado é que 80% da população mundial sofre com esta síndrome atualmente. Assim, afeta grande parte da sociedade moderna, inclusive crianças.
Apesar de comumente confundidos, o TDAH (Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade) e a SPA (Síndrome do Pensamento Acelerado) não são a mesma coisa. Dra. Julia explica que o TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento gerador de sintomas como desatenção, hiperatividade e impulsividade. “Embora haja sobreposição de alguns sintomas, como dificuldade de concentração e agitação, a Síndrome do Pensamento Acelerado não é considerada uma condição médica separada e pode ser vista como um aspecto do TDAH ou como uma resposta ao estilo de vida moderno acelerado”, indica a psiquiatra, que considera, dessa forma, mudanças na conduta comportamental para conter a síndrome.
Sintomas da síndrome do pensamento acelerado
Os principais sintomas incluem:
- Ansiedade;
- Dificuldade para se concentrar;
- Cansaço excessivo;
- Dificuldade para pegar no sono;
- Irritabilidade;
- Não dormir o suficiente e acordar cansado;
- Inquietação;
- Intolerância ao ser contrariado;
- Mudança de humor frequentemente;
- Insatisfação constante;
- Sintomas psicossomáticos como por exemplo, dor de cabeça, dores nos músculos, queda de cabelo e gastrite.
A quem apresenta essa sequência de sintomas, a especialista recomenda uma investigação para que seja descoberta a causa desse quadro, porque a Síndrome do Pensamento Acelerado não configura exatamente um diagnóstico oficial. “Mas, ela não consta no DSM-5 TR (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais Revisado 2022) ou na CID-10 (Classificação Internacional de Doenças), esse termo foi criado por um psiquiatra brasileiro e não tem um caráter científico”, explica Dra. Julia.
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Tratamento
Após o diagnóstico, o tratamento para a Síndrome do Pensamento Acelerado é feito dependendo de cada caso. Geralmente, consiste na psicoterapia, onde o profissional irá ajudar a adaptar os hábitos de vida do paciente. Ele pode indicar, por exemplo, pausas durante o dia, prática de exercícios físicos ou a adoção de hobbies como ler um livro ou ouvir música, para reduzir os pensamentos acelerados. Desse modo, se o caso for mais grave, há também a possibilidade da prescrição de medicamentos.
Para Dra. Julia, a primeira medida é diminuir a hiperatividade mental e encontrar mais equilíbrio no dia a dia. “Dedicar um tempo para cuidar de si mesmo é fundamental”, enfatiza a psiquiatra.
Como evitar
Existem alguns hábitos que podem ajudar a evitar o problema. Portanto, confira:
- Estudar ou trabalhar com música ambiente relaxante, num baixo volume;
- Limitar o uso das redes sociais, separando apenas três momentos do dia para navegar na internet;
- Ao conversar pessoalmente com amigos, exponha seus sentimentos e conte sobre suas conquistas e derrotas;
- Praticar exercícios físicos e, além disso, manter uma alimentação balanceada.
Fonte: Dra. Julia Trindade | Psiquiatra formada em Medicina pelo Universidade Federal de Pelotas, e Psiquiatra pela Universidade Federal de Santa Maria. Membro da Associação Brasileira de Psiquiatria.