Síndrome do Final de Ano: O que é e como evitar
O final de ano é um período esperado pela maioria das pessoas. Isso porque além das festividades e confraternizações com a família ou amigos, muitos optam por tirar férias. Contudo, outras pessoas acabam desenvolvendo a Síndrome do Final de Ano, um fenômeno que tem como consequência aumento dos casos de estresse, ansiedade e depressão entre o fim de novembro até o último dia de dezembro – a condição também é chamada de dezembrite.
A psicóloga Sabrina Amaral, da Epopéia Desenvolvimento Humano, contextualiza este cenário: “Todo final de ano é assim. As pessoas param para fazer um balanço do ano e se planejar para o seguinte. E mesmo sendo um período de confraternizar, de estar junto de pessoas queridas, sentimentos de melancolia, estresse e autocobrança podem tomar conta.”
Há um estudo sobre o estresse e as maneiras para preveni-las feita pela International Stress Management Association (ISMA-BR). Nele, os pesquisadores entrevistaram 678 pessoas, de 25 a 55 anos (homens e mulheres, economicamente ativos), e mostraram que 80% delas tem seu nível de estresse maior no final do ano.
Causas da Síndrome do Final de Ano
Os fatores que explicam a chegada de emoções tão pesadas e o aumento da dificuldade de lidar com as adversidades são inúmeros, mas é possível mapear alguns, com base nas demandas adicionais que não existem nos outros meses do ano, como elenca Sabrina logo abaixo:
- Excesso de trabalho e dificuldade de gerir bem o tempo;
- Falta de dinheiro e cobrança por presentes;
- Conflitos em reuniões familiares e comparações com os outros;
- Saudade de pessoas que já faleceram;
- Pressão por felicidade e gratidão;
- Culpa por coisas que não realizamos.
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Como evitar a Síndrome do Final de Ano
Apesar de ser quase inevitável não ter algum tipo de ansiedade nessa época, existem algumas dicas que podem ajudar a lidar com a temporada de forma mais tranquila. Culpar-se por tudo que aconteceu durante o ano, por exemplo, prejudica ainda mais a saúde mental, gerando um enorme gasto de energia emocional. Consequentemente, isso afeta as atividades cotidianas, relacionamentos e o bem-estar no geral.
Por isso, é necessário ser grato e ter o hábito de sempre destacar suas conquistas diárias e suas qualidades. A gratidão é um sentimento de reconhecimento por algo bom que trouxe benefícios. Geralmente, quando as pessoas agradecem, as situações fluem de uma maneira melhor.
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Adotar práticas que visam o bem-estar e relaxamento também são ótimas alternativas, como meditação e yoga. Através dos exercícios de respiração, o nível de estresse e sintomas da ansiedade e depressão podem ser reduzidos.
Além disso, a psicóloga recomendou algumas estratégias para evitar a Síndrome do Final de Ano:
Valorize o positivo
Desenvolva o hábito de ressaltar seus aspectos positivos, vitórias e acontecimentos ao longo do ano que foram bons. Isso vai aumentar sua autoestima, despertar em você uma sensação de contentamento e bem-estar. Estes são os ingredientes fundamentais para uma boa saúde emocional. Respeite suas limitações, valorize-se e agradeça as pequenas conquistas.
Baixe a régua da autoexigência
Quanto mais somos exigentes conosco, mais ampliamos um estado emocional dolorido. Então, que tal baixar um pouco a régua da autocrítica um pouquinho? Permita-se fazer uma reflexão mais generosa, analisando o que você fez bem e o que pode ser feito diferente da próxima vez. Em resumo: transforme o erro em aprendizado.
Ressignifique as coisas
Já passou pela sua cabeça que, talvez o fato de não ter concretizado aquele plano que queria é consequência de você ainda não estar preparado? Ou, ainda, da possibilidade de você não aproveitar os frutos dele como gostaria? Por isso, substitua a culpa por “responsa-habilidade” (a habilidade para responder diferente numa próxima vez). Mas se você chegar à conclusão de que faltou força de vontade, reflita se o que você almeja é algo que você genuinamente deseja, ou se está fazendo isso por expectativa dos outros ou convenções sociais.
Diminua a expectativa em relação ao outro
Todo ano a história se repete. O ‘tio do pavê’ vai contar suas piadinhas sem graça, os parentes vão surgir com perguntas inconvenientes do tipo “e aí, está namorando?” – e nem sempre essas pessoas fazem isso por mal. Às vezes, é apenas a forma de elas demonstrarem interesse ou quererem participar de sua vida, embora não saibam fazer isso com responsabilidade afetiva. Então, ao invés de querer mudar o outro e criar expectativas, que tal trabalhar com sua reação a estas adversidades? Sugiro que você pense em estratégias para te ajudar neste momento: deixe claro seus limites (a comunicação não-violenta é sua aliada nessas horas), diga não e evite discussões desnecessárias. Por fim, respire fundo e saiba que isso vai passar.
Presente não é moeda de troca de afeto
Trocar presentes no final do ano é algo comum, todavia, em nome desta tradição, muitos gastam mais do que deveriam. Logo, tenha em mente que o valor do seu presente não representa o valor do seu sentimento pela pessoa. Saiba que o valor do presente não é proporcional ao tanto de afeto que você sente por ela. Além disso, não é demérito você estar passando por dificuldades financeiras e, por conta disso, não conseguir presentear as pessoas (ou a si mesmo) como gostaria. Portanto, faça um planejamento financeiro e assuma compromissos apenas com aquilo que vai caber no seu orçamento. Afinal, é bem melhor começar o ano sem dívidas, não é?
Como recomendação final, Sabrina Amaral aconselha: “Ressalto que é perfeitamente normal sentir-se mais triste, ansioso ou estressado neste período. Contudo, tome cuidado para não aliviar o sofrimento através de comportamentos ‘escapistas’, como comprar compulsivamente, comer demais ou exagerar na bebida. Tenha um olhar generoso e compassivo com os sentimentos, acolhendo-os ao invés de negá-los. Este é o começo do caminho.”
Fonte: Sabrina Amaral, psicóloga, hipnoterapeuta clínica, Practitioner em PNL e Coach da Mente. Além disso, é Embaixadora da Rede Mulher Empreendedora em Campinas, voluntária na Humanitarian Coaching Network, que provê serviços de coaching para líderes da ONU e UNICEF; e fundadora da Epopéia Desenvolvimento Humano, que vem formando heróis e protagonistas de suas histórias rumo ao final feliz desde 2012.