Sequelas de preenchimentos faciais aumentam no Brasil; saiba mais
Os preenchimentos faciais e outros procedimentos estéticos se tornaram quase um requisito para quem trabalha com a imagem na internet. Tal popularidade furou a bolha das redes sociais — hoje, é comum ver diversos profissionais oferecendo soluções para melhorar a aparência. Contudo, um estudo brasileiro mostrou que o aumento dos procedimentos também trouxe consequências. Os autores apontaram o crescimento de sequelas de preenchimentos faciais no Brasil após um levantamento com 160 dermatologistas de 19 estados do país.
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O que descobriu a pesquisa sobre sequelas de preenchimentos faciais
O estudo contou com a análise de 47.360 procedimentos de preenchimento facial e ocorreu em 2021. Os questionários foram respondidos de forma remota. Do total de intervenções, os médicos participantes relataram 1.032 complicações. Mais da metade deles — 550 casos — foram decorrentes de procedimentos realizados por profissionais fora da área médica.
Embora a proporção das sequelas dos preenchimentos faciais feitos por médicos e não médicos seja semelhante, o que preocupa os autores é a quantidade de profissionais desautorizados realizando intervenções do tipo.
Principais sequelas dos preenchimentos faciais
De acordo com os pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp), excesso de produto e falta de técnica são os grandes responsáveis pelos casos malsucedidos. Sobretudo complicações como edemas, nódulos e infecções.
“As principais complicações relatadas ocorreram 1 mês ou mais após o procedimento. Principalmente nódulos (63%, 1,81 por ano), edema persistente ou intermitente (62%; 1,35 por ano) e infecção tardia (25%, 0,41 por ano). As complicações agudas, como oclusão arterial (15 por cento; 0,18 por ano) e ulceração (8 por cento; 0,11 por ano), foram menos frequentes”, aponta um trecho do estudo.
Procedimentos “suaves” podem apresentar menos riscos
Tal achado da pesquisa brasileira levantou algumas hipóteses. O primeiro questionamento é se as complicações estão maiores porque há mais pessoas recorrendo aos procedimentos ou se tal problema está relacionado a profissionais menos capacitados.
Investigando a questão, surgiu a possibilidade de que o tipo de preenchimento pode apresentar mais ou menos riscos. Ou seja, intervenções com objetivo de corrigir pequenas imperfeições e rugas podem ser menos perigosas. Afinal, envolvem menos produto e, portanto, menos chances de deformidades pelo excesso de substâncias.
Já a volumização, a qual justamente necessita de mais preenchimento, pode elevar o risco de complicações. Isso porque o produto fica mais tempo no tecido, o que provoca reações de hiperssensibilidade local.
Cuidados ao realizar um procedimento estético
Basta pouco esforço para encontrar centenas de profissionais nas redes sociais que prometem resultados incríveis de preenchimentos faciais. No entanto, as propostas tentadoras que oferecem um falso custo-benefício podem cobrar um valor alto.
São inúmeras as notícias de vítimas que sofreram danos irreparáveis em seus rostos, como necrose, paralisação facial, entre outros.
Então, antes de mais nada, qualquer procedimento, minimamente invasivo ou não, precisa ser feito por um médico. É fundamental buscar se o profissional é membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e possíveis reclamações na internet.
Além disso, um ponto fundamental é a procedência dos produtos. Muitos profissionais utilizam marcas de ácido hialurônico sem aprovação da Anvisa, assim como outros materiais (PMMA e hidrogel, por exemplo) para aplicar na técnica. Essas substâncias aumentam a incidência de efeitos colaterais graves, que vão de deformidades a infecções severas. Por isso, são proibidas para uso estético.
Sempre pergunte os produtos e marcas e desconfie de preços baixos e fora da prática do mercado — lembre-se de que o barato pode sair muito caro.