Sarcoma uterino: quais são as causas, sintomas e tratamentos?
O útero é a parte do corpo da mulher que segura o bebê durante a gestação. Ele possui 3 camadas: uma fina, chamada de endométrio; uma espessa camada intermediária muscular, chamada de miométrio; e uma fina camada externa chamada de serosa. Existem diferentes tipos de câncer uterino e a maioria deles começa nas células do endométrio. O sarcoma uterino engloba cânceres que se desenvolvem a partir de tecidos como o músculo, gordura, osso e tecido fibroso e são responsáveis por menos de 10% dos cânceres originários do útero. É considerado um tipo muito raro, mas também mais agressivo que outros tumores originados no útero. Trata-se, então, de um tipo de câncer relativamente pouco frequente e com poucos dados disponíveis no Brasil.
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Classificação
A classificação dos sarcomas uterinos dependem do tipo de célula da qual se desenvolvem:
- Sarcomas Estromais do Endométrio: desenvolvem-se no tecido conjuntivo de suporte (estroma) do endométrio. Estes tumores são raros, representando menos de 1% de todos os cânceres uterinos. São de baixo grau, de crescimento lento e suas células cancerígenas não parecem muito anormais quando vistas sob o microscópio. Os pacientes com estes tumores têm um melhor prognóstico do que aqueles com outros sarcomas uterinos.
- Sarcomas Indiferenciados: costumam ser considerados um tipo de sarcoma do estroma endometrial, mas são mais agressivos e requerem um tratamento diferente dos tumores de baixo grau. Representa menos de 1% de todos os tumores uterinos e tendem a ter pior prognóstico.
- Leiomiossarcoma Uterino: começa no miométrio, parede muscular do útero e representa cerca de 2% dos tumores de útero.
Quais fatores de risco para o sarcoma uterino?
A maioria dos sarcomas uterinos ocorre naquelas mulheres que já passaram pela menopausa (período na vida da mulher em que ela para de menstruar), além de:
- Mulheres negras têm uma incidência aproximadamente duas vezes maior de leiomiossarcomas (mas não outros tipos de sarcoma uterino) do que mulheres brancas.
- Tamoxifeno: o uso de tamoxifeno (hormônio frequentemente utilizado para o tratamento do câncer de mama inicial) por cinco anos ou mais parece estar associado a um risco aumentado de desenvolver sarcoma uterino.
- Radioterapia na região pélvica: quem já fez radioterapia na região pélvica pode aumentar o risco de desenvolver sarcoma uterino, mas essa associação parece ser mais forte para carcinossarcoma, que não é mais classificado como sarcoma.
- Condições hereditárias: algumas condições hereditárias estão ligadas a um risco aumentado de sarcoma uterino.
Sinais e sintomas do sarcoma uterino
- Hemorragia ou Perda de Sangue Anormal. Para as mulheres que já passaram da menopausa, qualquer sangramento vaginal ou perda de sangue anormal deve ser comunicada imediatamente ao seu médico. Isso porque cerca de 85% das pacientes diagnosticadas com sarcomas uterinos têm hemorragia vaginal anormal entre as menstruações ou hemorragia após a menopausa. Geralmente, este sintoma ocorre por outras patologias, mas é importante fazer uma avaliação médica de qualquer hemorragia irregular imediatamente. Dos sarcomas uterinos, os leiomiossarcomas são os menos propensos a causar hemorragias comparados com os sarcomas do estroma endometrial e os sarcomas indiferenciados.
- Corrimento Vaginal. Cerca de 10% das mulheres com sarcomas uterinos tem um corrimento vaginal que não contém sangue aparente. É mais frequentemente que se trate de uma infecção ou de outra doença benigna, mas também pode ser um sinal de câncer. Qualquer corrimento anormal deve ser investigado imediatamente pelo seu médico.
- Dor pélvica ou massa tumoral. Quando os sarcomas uterinos são diagnosticados, cerca de 10% das mulheres apresentam dor pélvica e/ou uma massa tumoral que pode ser sentida.
Diagnóstico do sarcoma uterino
Atualmente, não existem testes ou exames para detectar sarcomas uterinos em mulheres assintomáticas. O exame de Papanicolaou, para detecção do câncer de colo do útero, pode ocasionalmente diagnosticar alguns sarcomas uterinos em estágio inicial, mas não é um bom teste para este tipo de câncer. Entretanto, o exame de Papanicolaou é eficaz para o diagnóstico de carcinomas iniciais do colo do útero.
Uma vez que o diagnóstico é feito, o médico a encaminhará a um oncologista ginecológico, especialista no tratamento do sarcoma uterino. Ele pode indicar uma nova cirurgia ou sugerir exames de imagem para ver se o câncer se espalhou para além do útero, isto é, se houve metástase. O tratamento será individualizado de acordo com o estágio da doença.
Tratamento
A cirurgia é o principal tratamento para o sarcoma. Dessa forma, realiza-se a remoção do útero, dos ovários e das trompas com as margens livres e sem a fragmentação do tumor. Esse procedimento é popularmente conhecido como histerectomia e salpingo-ooforectomia bilateral ou panhisterectomia. Durante o ato operatório, o médico também verificará a área e os órgãos ao redor do útero para ver se o câncer se espalhou. Assim, ele pode remover outros órgãos que pareçam anormais.
Em mulheres jovens portadoras de leiomiossarcoma de baixo grau que não se disseminou além do útero, o cirurgião pode, em alguns casos específicos, deixar o útero, trompas e ovários, removendo apenas o tumor com uma margem de segurança de tecido normal.
Por fim, algumas mulheres não precisarão de mais tratamento após a cirurgia se a cirurgia remover completamente o câncer. Mas outras mulheres podem precisar de tratamento adicional como radioterapia, quimioterapia e/ou hormonioterapia. Os tratamentos realizados após a cirurgia são denominados tratamentos adjuvantes, por terem o objetivo de evitarem a recidiva da doença.
Referências: