Fumo passivo: entenda os riscos que o cigarro pode causar às crianças
O tabagismo é responsável pela grande maioria dos casos de câncer de pulmão diagnosticados anualmente e representa um fator de risco significativo para diversas outras formas de câncer. No entanto, os efeitos negativos não se limitam apenas aos fumantes ativos, pois os fumantes passivos também sofrem impactos. Infelizmente, esse grupo inclui bebês e crianças, que não têm a capacidade de escolher seu ambiente. A seguir, entenda os riscos do fumo passivo para crianças.
Consequências do cigarro na saúde das crianças
Os componentes tóxicos do cigarro podem prejudicar a chegada de oxigênio e nutrientes ao bebê e gerar danos durante toda a infância. Além disso, estudos mostram ainda uma relação entre a exposição ao cigarro e o desenvolvimento de transtornos cognitivos e comportamentais em crianças.
“É fundamental proteger as crianças do tabagismo passivo, evitando a exposição à fumaça do cigarro em ambientes fechados e em veículos. Os pais e cuidadores devem criar um ambiente livre de fumaça e incentivar familiares e amigos a fumar longe das crianças. A adoção de medidas para cessação do tabagismo por parte dos fumantes também é altamente recomendada para proteger a saúde das crianças”, afirma a pneumologista Milena Tenório Cerezoli, especialista em doenças intersticiais pulmonares e parte do corpo clínico do Hospital e Maternidade Sepaco, em São Paulo.
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Principais riscos do fumo passivo
Na gravidez e no parto
As consequências do fumo passivo começam na gravidez. Nessa etapa, existe o risco de complicações como descolamento prematuro da placenta, placenta prévia, aborto espontâneo, parto prematuro e ruptura prematura das membranas. Além disso, no pós-parto, há risco aumentado de hemorragia.
No desenvolvimento do feto
Quando expostos ao fumo, a criança sofre severos prejuízos no desenvolvimento ainda na barriga da mãe. Alguns deles são: baixo peso ao nascer e restrição do crescimento fetal, malformações congênitas, como lábio leporino, fenda palatina, problemas cardíacos e defeitos do tubo neural.
Por outro lado, é mais provável que o bebê desenvolva problemas respiratórios, como asma, bronquite e infecções respiratórias frequentes. Por fim, a Síndrome da Morte Súbita Infantil também é um efeito fatal do fumo passivo.
Riscos do fumo passivo na amamentação
Mães expostas ao cigarro podem produzir menos leite materno. Enquanto os bebês têm maior risco de infecções como resfriados, bronquiolite, pneumonia e otite média, além de irritação das vias aéreas com tosses e dificuldade respiratória.
No crescimento, em ambientes com exposição à fumaça de cigarro
Nos primeiros anos de vida, o contato prolongado e frequente com a fumaça do cigarro pode impactar atraso do desenvolvimento pulmonar e riscos cardiovasculares.
A exposição ao cigarro durante a infância aumenta a probabilidade de desenvolver problemas respiratórios, como asma, bronquite e infecções respiratórias frequentes. Além disso, os pequenos também correm risco de ter tosse persistente e chiado no peito.
Dessa forma, como o organismo da criança ainda está em andamento, o fumo passivo pode prejudicar o desenvolvimento dos pulmões, levando a problemas respiratórios crônicos e redução da capacidade pulmonar ao longo da vida.
Por fim, quando expostos ao fumo passivo, os pequenos têm maior risco de apresentar problemas de aprendizagem, dificuldades cognitivas, déficit de atenção e hiperatividade, além de risco de câncer infantil, como leucemia e tumores cerebrais.
Medidas para interromper o fumo passivo
Os cuidados começam já na gestação. Assim, quando se descobrem grávidas, as mães devem suspender o uso de cigarros imediatamente, para evitar riscos tanto para elas mesmas quanto para o feto.
Dessa forma, tanto para mães, quanto para cuidadores e familiares que precisam de ajuda para parar de fumar, há iniciativas como Programas de Cessação de Tabagismo oferecidos por diversas instituições públicas e privadas.
“Nessas iniciativas, é possível receber aconselhamento individual ou em grupo, terapia de reposição de nicotina, medicamentos e ser acompanhado por especialistas. Em consulta a médicos, como pneumologistas, também é oferecido suporte. Além disso, websites e aplicativo e grupos de apoio presenciais são acessíveis”, explica Milena.
Fonte: Milena Tenório Cerezoli, médica pneumologista especialista em doenças intersticiais pulmonares e parte do corpo clínico do Hospital e Maternidade Sepaco, em São Paulo.