O relato deste pai sobre o luto dos filhos é dolorido, mas necessário
O luto não é linear bem como a dor sentida por quem perdeu alguém amável e único também não é igual. Mas há sutis semelhanças em como damos um passo atrás do outro para se reerguer que levam a crer que o processo torna-se menos solitário a cada instante. O relato deste pai mostra isso quando ele percebe que os filhos, após perderem a mãe, agem da mesma forma que a figura paterna.
A história de Brandon Janous está disponível na comunidade “Today Parenting Team”, em que famílias dividem suas jornadas virtualmente. Inclusive, foi nesse local seguro que o viúvo, pai de três filhos e escritor – como Brandon se identifica – que ele resolveu trazer a reflexão sobre como as crianças agiram com ele da mesma forma que ele encontrou de estar lá para sua esposa antes dela falecer.
“Vivemos em uma casa de quatro quartos e isso somos nós. Todas as noites e todas as manhãs: esses somos nós”, começa o escritor ao mostrar a foto dos três filhos. Eles estão espalhados por colchões no chão, dormindo o mais próximo possível.
“Eu costumava lutar contra isso. Eu costumava dizer a eles que isso não era saudável. Dizia que descansariam melhor em suas próprias camas e para darem ao menos uma chance. Nunca funcionou, independente do que eu dissesse!”, lembra o escritor.
Até que, há dois anos, lá estava Brandon fazendo o mesmo pela esposa. Ele deitava-se no chão, ao lado da cama de Rachel no hospital. “As pessoas tentaram me dizer para ir para casa, descansar um pouco, para dar uma chance. Disseram que minha cama seria mais confortável que o chão. Nunca funcionou!”, recorda o pai.
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Então, no relato deste pai sobre seu próprio luto, a chave virou…
Dois anos se passaram para que, então, ele entendesse. Assim como ninguém ia convencê-lo a sair do lado da esposa, seus filhos não enxergavam um lugar mais seguro para estarem do que ao redor do pai.
“Não havia lugar onde eu me sentisse mais seguro, do que no chão, bem ao lado dela. Então, eu não luto mais contra isso. Já se passaram dois anos desde que eles perderam a mãe. Nesse meio tempo, ficou bem claro que é ao meu lado onde eles vão estar. Afinal, para eles, nenhum lugar parece mais seguro do que no chão, bem ao meu lado”, refletiu Brandon.
Afinal, como ajudar as crianças a lidarem com o luto?
Como mostra o relato deste pai, ajudar os menores a entenderem o que é estar enlutando não é uma missão fácil. Entre erros e acertos, o mais importante é que o caminho seja conduzido com honestidade.
“Quando a questão é mal resolvida entre os adultos, os filhos também podem acabar enfrentando dificuldades para lidar com as emoções e mostrar sentimentos diante do falecimento de um ente querido. Por isso, é importante não se esquivar desse tema com as crianças”, explicou Filipe Colombini, psicólogo especializado em orientação parental e fundador da Equipe AT, em entrevista anterior à Vitat.
Só que iniciar esse diálogo sobre a morte pode ser desafiador, principalmente dependendo da idade que a criança possui e o quanto ela irá fantasiar sobre o assunto. Portanto, uma dica preciosa é primeiro escutá-la, em vez de falar. Em outras palavras, orienta-se primeiro que os pais perguntem ao filho o que ele está sentindo e, então, conduza a conversa a partir disso. “Dessa forma, é possível transmitir o que ele realmente tem necessidade de saber, evitando sentimentos de ansiedade e medo”, completa Filipe.
Por fim, mas não menos importante, não há vergonha em procurar por ajuda especializada caso seja necessário. De acordo com o especialista, o psicólogo possui recursos importantes para ajudar a criança a lidar com sentimentos relacionados ao luto, no entanto, não é só ela que é beneficiada. A busca por terapia também tende a auxiliar o adulto para que, então, a família possa passar por esse momento juntos.
Fonte:
- Filipe Colombini, psicólogo parental e CEO da Equipe AT.