Como a relação ruim entre pais afeta a saúde mental dos filhos

Bem-estar Equilíbrio
22 de Novembro, 2022
Como a relação ruim entre pais afeta a saúde mental dos filhos

Sem dúvidas, conflitos em relacionamentos amorosos não são nada fáceis e podem causar traumas irreparáveis para o casal. Mas para os filhos,  esses danos são ainda mais complexos – principalmente na infância. De acordo com Roselene Espírito Santo Wagner, psicóloga e Ph.D em Neurociências, um dos maiores fatores que abalam a vida emocional da criança é a relação ruim entre pais.

“Para as crianças, os pais são pessoas que as amam e protegem. Com eles, elas se consideram seguras. Quando o casal discute e a criança presencia, ela sente-se angustiada e com medo de perder as pessoas que deveriam trazer amparo e segurança”, disse.

Conforme Roselene, os pais são responsáveis por trazer aos filhos a sensação de segurança tanto física quanto emocional, o que não acontece em famílias onde as discussões e agressões verbais e/ou físicas sejam permanentes na dinâmica do casal.

Consequências de uma relação ruim entre pais

Uma relação ruim entre casais pode afetar seriamente os filhos. A psicóloga entrevistada afirma que podem surgir sintomas físicos e emocionais nada agradáveis. “Em crianças muito pequenas é comum o relato de recusa de alimento, vômito, terrores noturnos, isso se dá quando o ambiente é demasiado tendo. Já em crianças maiores, poderão surgir os mais diversos sintomas como instabilidade emocional, roer as unhas -onicofagia, tiques nervosos, teimosia exagerada, timidez, falta de concentração nos estudos, irritabilidade, agressividade, podendo gerar até mesmo pré delinquentes.”

Segundo Roselene, na família funcional, a mãe representa o amor e o pai o protótipo da autoridade, nesta composição, as crianças sentem-se mais protegidas e seguras e felizes, quando contam com o amor que protege e submetidas a uma autoridade baseada logicamente na justiça e não no autoritarismo.

“Nenhum extremo é bom, nem o amor demasiado e sem limite nem a autoridade que se impõe injustamente. Pois, a superproteção poderá gerar um comportamento fora das condutas e convenções sociais e a autoridade que sufoca e agride, geralmente trará como desfecho rancor, hostilidade e revolta”, contou.

Ainda conforme a especialista, quando a separação do casal é inevitável, é importante esclarecer os motivos de forma neutra e menos traumática possível.

Ambiente familiar

O ambiente no qual a criança vive é o que mais impacta o seu desenvolvimento. “O comportamento da criança é basicamente afetivo e irracional. Ou seja, ela sente as coisas e não pensa sobre elas. O ambiente deve ser modificado, propiciando à criança um clima familiar mais compreensivo; a rigidez única, pode prejudicar o desenvolvimento e a livre expansão da criança, que precisa de aceitação e ternura dos pais para desenvolver segurança interna”, explicou.

Por fim, a Dra. explicou que a criança precisa viver num círculo de amor, força e lar estável. Assim, com o tempo, a criança aprenderá a controlar seus impulsos e desenvolver a capacidade de se autogerir. A criança cujo o lar não consegue lhe dar sentimento de segurança, procura fora de casa as “paredes que lhe faltam” para acolher, amparar e estruturar seu psiquismo.

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“A estabilidade poderá consolidar-se na criança como “ossos no seu corpo”, de modo que gradativamente nos primeiros meses e anos de vida, passará da dependência e da necessidade de ser dirigida e cuidada para a independência e autonomia. Podemos concluir portanto, que é do lar que os pais podem dar aos seus filhos através da estabilidade emocional e afetividade a autorização para a futura formação de novo núcleo familiar saudável. O bom exemplo será metade do caminho para a felicidade da futura vida conjugal”, finalizou.

Fonte: Roselene Espírito Santo Wagner – Ph.D em Neurociências, Dra em Psicologia, Mestre em Psicanálise e Neuropsicóloga especialista no tratamento de diversos transtornos.

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