Queda de idosos: riscos, o que fazer e como prevenir
Todo mundo já caiu durante a infância – e na maioria das vezes, sofreu no máximo um arranhão ou teve o joelho ralado. Contudo, na terceira idade, o acidente que parece comum e simples deve receber mais atenção. Afinal, a queda de idosos pode representar riscos à saúde e prejudicar a qualidade de vida. Entenda melhor como prevenir e o que fazer:
Riscos da queda de idosos
De acordo com o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia, do Ministério da Saúde, aproximadamente um em cada três indivíduos com mais de 65 anos já sofreu (ou sofrerá até o fim da vida) algum tipo de queda. Destes, um em cada 20 terá uma fratura ou precisará de internação.
Ainda, quando analisados os idosos com mais de 80 anos, prevê-se que 40% deles caiam em algum momento. E entre os que moram em asilos e casas de repouso, a porcentagem sobe para 50%.
Os motivos de uma queda na terceira idade variam, e podem significar um conjunto de fatores: menos equilíbrio e mobilidade, fraqueza da musculatura, distúrbio neurológico, doenças crônicas, dificuldade de visão e audição, perda de sensibilidade e até mesmo efeitos colaterais de medicamentos. Por esses motivos, muitas vezes os idosos ficam mais suscetíveis a “armadilhas” dentro da própria casa, como pisos escorregadios e degraus curtos.
“É importante ficar atento, pois a queda de um idoso pode indicar que houve o declínio das funções fisiológicas ou, ainda, representar sintomas de alguma patologia específica”, explica a médica geriatra Marcia Pagano, da empresa especializada em home care Saúde no Lar.
Os acidentes podem trazer consequências sérias. “A queda de idosos pode gerar desdobramentos como fratura do fêmur (considerada bastante extensa e que muitas vezes precisa de cirurgia) e traumatismo craniano (no caso de bater a cabeça)”, alerta a geriatra e pós-graduada em medicina preventiva Márcia Umbelino.
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Como prevenir a queda de idosos?
O primeiro passo é adaptar a casa o máximo possível, eliminando todos os objetos que possam causar escorregões e tropeços – como tapetes, cortinas compridas demais, pequenos objetos no chão, móveis com quina… “Vale investir em cômodos bem iluminados, facilitando a visibilidade do idoso, e encorajá-lo a usar dispositivos auxiliares, como bengalas ou andadores, para fornecer suporte extra durante a locomoção”, diz Marcia Pagano.
Além disso, uma boa dica é instalar acessórios que facilitem a movimentação e complementem a segurança, por exemplo: corrimão, barras de apoio no banheiro e adesivos antiderrapantes nos degraus. “E tentar deixar todos os objetos que o idoso precisa da altura do seu braço”, complementa Márcia Umbelino.
Por fim, mas não menos importante, há também outras medidas que contribuem para a saúde do idoso, não somente diminuindo o risco de acidentes, como também trazendo mais autonomia para ele:
- Manter exames oftalmológicos e físicos em dia;
- Investir em uma dieta equilibrada, com cálcio e vitamina D adequados;
- Tomar banhos de sol diariamente;
- Participar de programas de atividade física que visem o desenvolvimento de agilidade, força, equilíbrio e coordenação, e que foquem no ganho de força do quadríceps e na mobilidade do tornozelo;
- Além disso, utilizar sapatos com sola antiderrapante;
- Amarrar o cadarço do seu calçado;
- Substituir os chinelos que estão deformados ou estão muito frouxos;
- Utilizar uma calçadeira ou sentar-se para colocar os sapatos;
- Evitar sapatos altos e com sola lisa;
- Por fim, evitar ingestão excessiva de bebidas alcoólicas.
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O que fazer em caso de acidente?
Por mais que o acontecimento pareça inofensivo e simples, a especialista recomenda levar o idoso ao hospital. “Para ver se teve alguma fratura ou fissura e realizar uma tomografia (em caso de ter batido a cabeça). Acho importante nunca menosprezar uma queda de idoso”, finaliza Márcia Umbelino.
A seguir, Marcia Pagano elenca um passo a passo:
- Perguntar, de forma cautelosa, como o idoso se sente e se está com dor ou ferimentos;
- Vale verificar se há cortes, contusões ou ferimentos aparentes;
- Não mover o idoso se houver suspeita de fratura nos ossos, pois a movimentação pode agravar a lesão;
- Chamar uma ambulância ou o serviço de emergência local para obter ajuda profissional imediata em casos de acidentes graves;
- Ajudar a levantá-lo com cuidado e apoio conforme necessário;
- Permanecer ao lado dele, caso esteja abalado emocionalmente após a queda;
- Informar a queda ao médico do idoso e/ou à família, para que possam tomar conhecimento do ocorrido e providenciar cuidados adicionais;
- Analisar o ambiente em busca de possíveis fatores que possam ter contribuído para a queda, tomando medidas para evitar incidentes semelhantes no futuro.
Fonte: Márcia Umbelino, médica geriatra e pós-graduada em medicina preventiva; e Marcia Pagano, médica geriatra da empresa especializada em home care Saúde no Lar.