Psicose pós-parto: quadro clínico evolui rapidamente
A psicose pós-parto – também conhecida como psicose puerperal – consiste em um transtorno psiquiátrico. Dessa forma, é mais grave e menos frequente, podendo acometer a mãe após o nascimento do bebê. Assim, tem início súbito e costuma aparecer no segundo ou terceiro dia depois de ela dar à luz.
Em primeiro lugar, para compreender um pouco do espectro emocional ao qual as puérperas estão sujeitas, a chegada de um filho inicia um período de muitas mudanças, no qual se entrelaçam sentimentos como o amor, medo, insegurança, felicidade e tristeza. Estes, associados às alterações hormonais e do corpo da mulher neste período, podem ser fatores desencadeantes de transtornos do humor, além das dificuldades na vida pessoal, familiar, profissional ou econômica; gravidez não planejada e falta de suporte social.
Sintomas da psicose pós-parto
Geralmente, as mulheres com psicose pós-parto apresentam diversos sintomas. Portanto, veja abaixo os principais:
- Instabilidade emocional;
- Confusão mental;
- Desconfiança;
- Nervosismo;
- Delírios;
- Alucinações;
- Choro excessivo;
- Estado de humor maníaco (pensar e falar extremamente rápido) e desorganização do comportamento, configurando emergência médica.
Causas da psicose pós-parto
De acordo com a psiquiatra Elaine Henna, o transtorno é de causa multifatorial e complexa. “Os fatores de risco associados incluem histórico pessoal e familiar de transtorno bipolar, psicose puerperal em gestação anterior, descontinuação de tratamento na gestação. Além disso, privação de sono e alterações abruptas nos níveis hormonais” explica.
Desse modo, segundo a médica, a puérpera pode ter sentimentos distorcidos não somente em relação à realidade, mas também ao bebê, que variam entre amor, indiferença, confusão, raiva, desconfiança e medo. “Na maioria dos casos, a vida e a integridade física da criança podem estar em risco”, alerta Elaine Henna.
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Tratamento
O tratamento para psicose puerperal deve começar no aparecimento dos primeiros sintomas. Sendo assim, dada a gravidade, a internação é, habitualmente, necessária para salvaguardar a integridade da mãe e da criança. “O tratamento deve ser feito por um psiquiatra, com terapia medicamentosa”, orienta a docente da PUC-SP.
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Diferença entre psicose e depressão pós-parto
A depressão pós-parto tende a se manifestar no primeiro mês do nascimento da criança até o sexto mês após o parto, com piora gradual dos sintomas. Assim, ela consiste em sentimentos como tristeza, falta de interesse e de ânimo, melancolia, choro fácil, sentimento de culpa e de menos-valia, medo de machucar o bebê e alterações do sono e do apetite. Por outro lado, nos casos de depressão, é difícil para a mulher fazer as tarefas diárias e nutrir um laço com o seu filho.
Já a psicose tem aparecimento abrupto logo após o parto e a mulher passa a ter pensamentos muito incoerentes, sensação de perseguição, mudanças de humor e agitação, além de poder ter visões ou ouvir vozes. A psicose pós-parto aumenta o risco de a mãe cometer infanticídio, porque ela desenvolve pensamentos irracionais, acreditando que o bebê terá um destino pior que a morte.
Fonte: Elaine Henna, doutora em Ciências na área de Concentração em Psiquiatria pelo IPq-HC-FMUSP e assistente-doutora no Departamento de Saúde Coletiva e Saúde Mental da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde da PUC-SP (onde também atua como supervisora do Programa de Residência Médica em Psiquiatria).