Própolis e imunidade: alimento beneficia pessoas que convivem com HIV

Saúde
18 de Maio, 2023
Própolis e imunidade: alimento beneficia pessoas que convivem com HIV

Produzido pelas abelhas, o própolis é um produto muito conhecido por suas inúmeras propriedades, sobretudo as anti-inflamatórias que ajudam a proteger a imunidade. Existem algumas polêmicas sobre sua real eficácia em determinados tipos de tratamento. No entanto, diversos estudos sempre revelam descobertas sobre o potencial do alimento. A mais recente vem de pesquisadores brasileiros, que testaram o uso do própolis em pacientes com HIV.

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Própolis pode ser um aliado da imunidade de quem possui o HIV

Os cientistas constataram algo que a medicina já sabia: que o própolis é, de fato, um antioxidante e anti-inflamatório poderoso. Contudo, para indivíduos que convivem com o HIV, a ação do “medicamento” das abelhas é ainda maior.

Como resultado, as moléculas do própolis podem fortalecer a imunidade, protegendo o organismo do ataque do HIV.

O artigo, publicado na revista Biomedicine & Pharmacotherapy demonstrou os efeitos benéficos do consumo de 500 mg diários da substância.

Ao contrário do grupo que recebeu placebo, aquele que ingeriu própolis teve uma redução significativa na concentração plasmática de malondialdeído, um marcador de estresse oxidativo. Houve, nesse mesmo grupo, ligeiro aumento na capacidade antioxidante total, o que reflete o combate direto aos radicais livres.

“Embora as pessoas com HIV apresentem excelente expectativa de vida com as atuais terapias, um dos problemas ainda é a questão do envelhecimento precoce. São aproximadamente 10 a 20 anos, em comparação à população não infectada. Há uma deterioração da imunidade acelerada nessa população. Além disso, há o desenvolvimento precoce de comorbidades como diabetes, hipertensão e neoplasias”, aponta a bióloga Karen Ingrid Tasca, que desenvolveu seu pós-doutorado no IBB-Unesp.

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O envelhecimento precoce é resultado da constante ativação do sistema imunológico e da inflamação crônica desses pacientes. De acordo com Tasca, o estresse oxidativo “anda de mãos dadas” com essas duas vias, por isso é importante que seja controlado.

“O estresse oxidativo causado pelo vírus e pelos próprios antirretrovirais possui grande impacto nesses pacientes. Na tentativa de reduzir esses processos e melhorar a qualidade de vida e a sobrevida, há necessidade de intervenções. Entre os diversos produtos naturais existentes, a própolis, que é uma resina, possui esse potencial. Afinal, apresenta propriedades antioxidante, antiviral e anti-inflamatória reconhecidas”, explica a pesquisadora.

Líder do grupo que publicou o artigo, o biólogo e professor José Maurício Sforcin estuda os efeitos do própolis há quase 30 anos no Instituto de Biociências de Botucatu. Apesar dos indícios de benefícios para a saúde, os estudos sobre própolis não abrangiam a população de infectados pelo HIV.

“Havia achados in vitro que mostravam o potencial de inibição da carga de replicação do vírus por alguns componentes contidos na própolis. E também estudos em pessoas com alguma condição crônica, como o diabetes. Então percebemos a urgência da nossa pesquisa, pois no momento em que delineamos nosso estudo, não havia na literatura dados sobre os efeitos da própolis para esse grupo específico”, pondera Tasca.

Além da atenuação no estresse oxidativo, os pesquisadores observaram a diminuição de parâmetros inflamatórios nesse mesmo grupo de pacientes. A publicação evidenciou o aumento na proliferação de linfócitos T CD4+, considerados alvo principal do vírus.

Houve, ainda, maior expressão do fator de transcrição Foxp3, um marcador de células “T regulatórias” (outro tipo de linfócito), responsáveis por modular a inflamação.

Como foi o experimento com própolis para testar a eficácia sobre a imunidade

O grupo acompanhou a dieta e os hábitos de saúde dos 40 participantes (20 que receberam própolis e 20 que receberam placebo) durante os 90 dias da intervenção, para que possíveis mudanças comportamentais não influenciassem os resultados.

Nessa pesquisa, os autores notaram a ausência de eventos adversos no grupo que recebeu a própolis e o aumento nos níveis séricos de magnésio, que contribui com a homeostase do organismo. Durante o período, não houve mudanças no perfil nutricional, metabólico ou bioquímico dos participantes, logo após análises sucessivas de registro alimentar e bioimpedância.

Priorizando a saúde e segurança dos participantes, o estudo incluiu apenas quem estava sob terapia antirretroviral, apresentavam carga viral indetectável e contagem ideal de células imunológicas do tipo T CD4+.

Agora, os pesquisadores destacam a necessidade de novas pesquisas para a adoção da própolis como intervenção efetiva para pacientes com comorbidades ou falha terapêutica.

Fonte: Agência FAPESP.

 

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